Powered By Blogger

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Equação que estima vida alienígena é aplicada à pandemia de covid-19

Redação do Site Inovação Tecnológica


Equação de Drake é aplicada à pandemia de covid-19
Os parâmetros para estimar a existência de civilizações extraterrestres foram ajustados para prever o risco de transmissão da covid-19.
[Imagem: Marissa Lanterman/Johns Hopkins University]

Equação de Drake aplicada à pandemia

A Universidade Johns Hopkins, nos EUA, tornou-se referência mundial durante a pandemia ao compilar dados globais da covid-19, que são usados pela imprensa e pelas autoridades de saúde.

Mas uma equipe da Escola de Engenharia daquela mesma universidade acredita que é possível ir bem mais longe do que compilar dados do que já aconteceu.

Como tem-se mostrado extremamente difícil prever as ondas da pandemia e os efeitos das diversas medidas adotadas para tentar conter a disseminação da doença, Rajat Mittal e seus colegas foram buscar uma ferramenta que poucos pensariam em utilizar para questões de saúde pública.

A ferramenta é a famosa Equação de Drake, uma fórmula matemática de apenas sete variáveis que o astrônomo Frank Drake desenvolveu em 1961 para estimar a probabilidade de encontrar vida alienígena inteligente na Via Láctea.

Quanto aos ETs, diversas interpretações da equação já deram resultados indicando que existem 36 civilizações inteligentes na Via Láctea ou que, se você não acredita em ETs, está contra as probabilidades.

Mas Mital e seus colegas decidiram aplicar a metodologia para calcular as chances de uma pessoa ser contaminada pela covid-19 pelo ar.

"Ainda há muita confusão sobre as vias de transmissão da covid-19. Isso ocorre em parte porque não há uma 'linguagem' comum que facilite o entendimento dos fatores de risco envolvidos," disse Mittal. "O que realmente precisa acontecer para alguém se infectar? Se pudermos visualizar esse processo de forma mais clara e quantitativa, poderemos tomar melhores decisões sobre quais atividades retomar e quais evitar."

Equação de Drake é aplicada à pandemia de covid-19
Embora haja muitas incertezas, os resultados relativos permitem comparar medidas de proteção.
[Imagem: Rajat Mittal et al. - 10.1063/5.0025476]

Cálculo do risco de transmissão da covid-19

O que está claro é que a covid-19 é mais comumente transmitida de pessoa para pessoa pelo ar, através de pequenas gotículas respiratórias geradas por tosse, espirro, fala ou respiração.

Mas o risco de se infectar depende muito das circunstâncias. Por isso, o modelo da equipe ampliou a Equação de Drake de sete para 10 variáveis de transmissão, incluindo as taxas de respiração das pessoas infectadas e não infectadas, o número de gotas transportadoras do vírus expelidas, o ambiente circundante e o tempo de exposição.

Multiplicadas juntas, essas variáveis geram um cálculo da possibilidade de um indivíduo ser infectado com covid-19 que a equipe batizou de "desigualdade do Contágio por Transmissão Aérea" (CTA).

A equação não dá respostas diretas e fáceis: Dependendo do cenário, a previsão de risco da desigualdade CTA pode variar muito. Mas, dados os mesmos parâmetros, a comparação entre situações pode ser útil.

Considere o caso de uma academia, por exemplo. A imprensa tem falado exaustivamente que fazer exercícios em uma academia pode aumentar suas chances de pegar covid-19, mas quão arriscado é realmente? "Imagine duas pessoas em uma esteira na academia; ambas respiram com mais dificuldade do que o normal. A pessoa infectada está expelindo mais gotas e a pessoa não infectada está inalando mais gotas. Nesse espaço confinado, o risco de transmissão aumenta em 200 vezes," citou o pesquisador.

A equipe destaca que o modelo pode ser útil para quantificar o valor do uso de máscaras e do distanciamento social. Se ambas as pessoas - contaminada e não contaminada - estiverem usando máscaras N95, o risco de transmissão é reduzido por um fator de 400, ou seja, menos de 1% de chance de pegar o vírus. Mas mesmo uma máscara simples de tecido reduz significativamente a probabilidade de transmissão, de acordo com o modelo.

A equipe também descobriu que o distanciamento social tem uma correlação linear com o risco: Se você dobrar a distância, você dobra o fator de proteção, ou reduz o risco pela metade.

Equação de Drake é aplicada à pandemia de covid-19
A equipe concluiu que há mais variáveis envolvendo a transmissão de covid-19 pelo ar do que aquelas envolvendo ETs.
[Imagem: Rajat Mittal et al. - 10.1063/5.0025476]

Ajuste dos parâmetros

Como acontece com a previsão da existência de civilizações alienígenas e com a maioria dos modelos de covid-19, algumas variáveis são conhecidas e outras ainda são um mistério. Por exemplo, ainda não sabemos quantas partículas do vírus SARS-CoV-2 inaladas são necessárias para desencadear uma infecção. Variáveis ambientais, como vento ou sistemas de ar-condicionado também são difíceis de especificar com precisão.

"Com mais informações, é possível calcular um risco bem específico. De maneira mais geral, nosso objetivo é apresentar como todas essas variáveis interagem no processo de transmissão," disse Mittal. "Acreditamos que nosso modelo pode servir como base para estudos futuros que irão preencher essas lacunas em nosso entendimento sobre a covid-19 e fornecer uma melhor quantificação de todas as variáveis envolvidas em nosso modelo."

Bibliografia:

Artigo: A mathematical framework for estimating risk of airborne transmission of COVID-19 with application to face mask use and social distancing
Autores: Rajat Mittal, Charles Meneveau, Wen Wu
Revista: Physics of Fluids
Vol.: 32, 101903
DOI: 10.1063/5.0025476

Estudantes de Pernambuco criam repelente com canela e hortelã para combater Aedes aegypti

Pelo site CicloVivo


Solução é mais eficiente do que repelentes industrializados e não usa produtos químicos perigosos para saúde e meio ambiente 

repelente aedes canela hortelã
Foto: Divulgação

Cinco estudantes do 1º ano do Ensino Médio de uma escola em Ipojuca, em Pernambuco, desenvolveram aromatizante e larvicida à base de canela e hortelã com capacidade de combate ao mosquito Aedes aegypti com mais eficácia do que repelentes industrializados.

O projeto é finalista do Prêmio Respostas para o Amanhã, iniciativa global da Samsung que desafia alunos e professores da rede pública de ensino de todo o país a desenvolverem soluções para problemas locais com experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

A ideia teve como motivação um grande aumento em Pernambuco, em 2019, do número de casos de dengue, zika e chikungunya, doenças que, assim como a febre amarela, são transmitidas pelo Aedes aegypti.

O grupo de iniciação cientifica da Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca, cidade com cerca de 85 mil habitantes que compõe a Região Metropolitana do Recife, buscou uma maneira de barrar o desenvolvimento do mosquito em todos os seus estágios utilizando apenas substâncias orgânicas.

Plantas medicinais

“ESTUDAMOS PLANTAS MEDICINAIS DA REGIÃO QUE DEMONSTRASSEM EFICIÊNCIA SUFICIENTE PARA NÃO SER NECESSÁRIO O ACRÉSCIMO DE PRODUTOS QUÍMICOS E TÓXICOS QUE PODERIAM COMPROMETER O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE HUMANA”.

“Conseguimos resultados muito promissores com a combinação dos óleos essenciais das plantas hortelã-pimenta e canela, eliminando larvas e mosquitos em 30 minutos, enquanto inseticidas industriais levam horas. Não encontramos registro científico desse resultado, é algo inovador a ser estudado pela comunidade científica”, contou Carlos José de Souza Júnior, professor de Matemática do 1º ano do Ensino Médio da Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca.

Laboratório com materiais reciclados

Para a descoberta, foram necessárias adaptações para que fossem respeitadas as orientações de distanciamento social. Cada um dos cinco estudantes do projeto recebeu em casa um kit de laboratório reciclado, confeccionado com material de papelão, isopor e madeira MDF.

Para captar os óleos essenciais das plantas, também foi desenvolvido um destilador de araste a vapor sustentável para cada um dos participantes do projeto, utilizando tubos PVC 40, madeira e chapas de alumínio reaproveitada, garrafas PET, mangueiras de nível, motor DC 9V de impressora ou aparelhos de DVD, conectores e pilhas.

“O nosso maior desafio foi levar o ensino para a casa do aluno, mantendo nosso foco em sustentabilidade. Assim, também desenvolvemos uma utilização mais segura do biorrepelente, que não pode ser colocado na pele humana, devido ao risco de reações alérgicas. Nossa solução foi utilizá-lo em um aromatizador de ambiente capaz de repelir os mosquitos”, contou o professor Carlos José de Souza Júnior.

“Criamos um difusor elétrico sustentável, utilizando carregadores de celulares em desuso com uma tensão a partir de 5V e de 1,5A, latinhas de alumínio de refrigerantes ou desodorante aerossol, fio de níquel cromado para a resistência e estanho para soldagem e algodão”.

Desenvolvimento Sustentável

consumo consciente instituto akatu
Foto: iStock

“Com a proposta de combate ao Aedes aegypti utilizando produtos de fácil acesso em todas as etapas, o projeto vindo de Ipojuca atende importantes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) indicados pela Organização das Nações Unidas e que são incentivados pelo Prêmio Respostas para o Amanhã, promovendo educação de qualidade, oportunidade de aprendizagem, soluções sustentáveis e incentivo a uma vida saudável”, afirmou Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil.

“Em um ano marcado pela adoção do ensino remoto, professores e estudantes se reinventaram e apresentaram uma série de projetos relevantes que conversam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para atender às demandas locais”, disse Anna Helena Altenfelder, Diretora Executiva e Presidente do Conselho de Administração do CENPEC Educação, instituição que faz a coordenação técnica do Prêmio Respostas para o Amanhã.

Prêmio Respostas para o Amanhã

O projeto desenvolvido em Ipojuca é um dos finalistas da edição atual do Prêmio Respostas para o Amanhã. Todos os 10 contemplados já recebem mentoria online desde setembro, quando foram definidos os 20 semifinalistas, e continuarão com esse apoio contínuo no desenvolvimento da proposta até o anúncio dos vencedores, em 19 de novembro.

Mesmo em um cenário atípico de distanciamento social, o programa atraiu 1749 estudantes, 997 professores e 303 escolas públicas diferentes somente nesta sétima edição brasileira. Ao todo, foram avaliados 521 projetos, sendo 202 (38,8%) da região Sudeste, 174 (33,4%) do Nordeste, 81 (15,5%) do Norte, 37 (7,1%) do Centro-Oeste e 27 (5,2%) do Sul.

Conservathon: conheça as melhores soluções para proteger a Mata Atlântica

Pelo site CicloVivo

mata atlântica

Foto: Pixabay

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a Fundação Araucária anunciaram os vencedores do Conservathon, maratona de ideação que reuniu mais de mil pessoas com o objetivo de propor soluções inovadoras para o desenvolvimento e a conservação da Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente contínuo do bioma no Brasil, abrangendo três estados e 48 municípios.

As três ideias mais criativas foram:

Mistura

Modelo socioeconômico para auxiliar pescadores artesanais a reduzirem as perdas com a pesca acidental (quando a espécie pescada é diferente daquela pretendida pelo pescador e, por isso, acaba sendo descartada).

Smart Harpia

Sistema customizado de monitoramento ambiental remoto para facilitar a gestão de áreas naturais;

Avanti

Sistema de reconhecimento facial para o controle do fluxo de pessoas em unidades de conservação. Elas receberão, respectivamente, os prêmios de R$ 10 mil, R$ 5 mil e R$ 2 mil.

Maratona de ideias

Ao longo de três dias de evento, os participantes tiveram de criar ideias que contribuíssem para a implementação de unidades de conservação, gerassem alternativas para alavancar cadeias produtivas da sociobiodiversidade ou representassem soluções sustentáveis e eficientes para o transporte terrestre e marítimo na Grande Reserva.

“O Conservathon mostrou o interesse de centenas de pessoas de todo o Brasil em cocriar e contribuir com soluções inovadoras e criativas que aliem a conservação da natureza com o desenvolvimento socioeconômico da Mata Atlântica. A construção de uma economia sustentável, centrada no respeito ao meio ambiente, é o caminho do futuro”, diz a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes. O evento reuniu participantes de diferentes nacionalidades, de 276 cidades e 25 estados brasileiros.

Representante da Smart Harpia, o biólogo Leandro Angelo Pereira reconhece que iniciativas como o Consevrathon são importantes para mudar o modelo vigente de desenvolvimento socioeconômico. “Estou muito emocionado de colocar o litoral do Paraná no pódio. Ter essa oportunidade de apresentar nossas ideias para outras pessoas conhecerem um pouco mais do litoral é fundamental”, comenta.

Segunda etapa 

Além das três ideias melhores colocadas, foram selecionadas as 15 propostas que apresentaram maior potencial de execução. Essas ideias passarão por um processo de mentoria on-line e aceleração ao longo de 15 dias.

Entre os projetos classificados para a próxima etapa, estão:

  • Tiêtour, projeto de turismo virtual no qual os espectadores podem acompanhar lives e fazer trilhas virtuais enquanto guias passam informações sobre a fauna e flora;
  • Caiçara, e-commerce para divulgar produtos e serviços de comunidades caiçaras e que utiliza uma moeda digital para que as transações possam ser feitas com ou sem internet;
  • Smart-GRMA, aplicativo para ajudar gestores de unidades de conservação a armazenar e sistematizar dados de fiscalização e monitoramento de faunas, focando na melhoria das ações de proteção e manejo.

Confira as 15 propostas selecionadas:

https://youtu.be/fWVaP4n-LYg

Cientistas descobrem floresta no meio do deserto do Saara

 Com informações de Climate News Network


Pesquisadores descobriram uma floresta com quase 2 bilhões de árvores em uma região árida do continente africano

floresta deserto do saara

Foto: Adam Jones, Ph.D. | Wikimedia Commons

Com a ajuda de imagens de satélites de alta precisão e tecnologia de inteligência artificial, cientistas europeus localizaram uma área verde no deserto africano e estão contando quantas árvores cresceram neste lugar árido, onde não acreditavam encontrar áreas verdes.

Eles vasculharam mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados no deserto do Saara e as terras secas da região de Sahel e descobriram uma Floresta desconhecida até o momento.

A região é um mar de dunas e terras secas maior do que os territórios de Angola ou do Peri, por exemplo. Mas, bem ali, foram descobertas 1,8 bilhão de árvores e arbustos com coroas que medem maiores que 3 metros quadrados.

“Foi uma grande surpresa descobrir que algumas árvores são capazes de crescer no deserto do Saara, uma região onde a maioria das pessoas acreditava que isso não seria possível – até agora.”, conta Martin Brandt, geógrafo da Universidade de Copenhagen que liderou o estudo.

“Contamos milhões de árvores no meio de um deserto”

Foto: Dr. Martin Brandt

Martin e uma equipe de pesquisadores da Alemanha, França, Senegal, Bélgica e da Nasa contaram ao periódico científico Nature que eles usaram inteligência artificial e imagens de satélites tão precisas que, do espaço, as câmeras conseguiam identificar objetos com menos de meio metro de diâmetro para tentar entender a existência desta nova floresta no mundo.

“Árvores for a das áreas ocupadas por florestas não são comuns dentro dos modelos climáticos que usamos e sabemos muito pouco sobre a sua capacidade de estocar carbono. Elas são um elemento desconhecido no ciclo do carbono”, explica Martin.

Árvores fazem a diferença

As árvores são sempre importantes, independente da sua localização. Nas cidades, elas melhoram a qualidade de vida e valorizam propriedades. Nas florestas elas conservam e reciclam a água e são Abrigo para milhões de animais e outras espécies vegetais, além de absorverem carbono da atmosfera. Em pastagens elas ajudam a preservar o solo, são o habitat de outras espécies e essenciais para a alimentação e subsistência de pessoas e animais.

Mas as árvores que crescem fora de florestas ainda não são totalmente conhecidas quando pensamos nelas como uma peça no ciclo de carbono mundial e em possíveis soluções para a crise climática.

“ESTAS ÁRVORES SÃO UM PONTO A SER ENTENDIDO E UM ELEMENTO DESCONHECIDO NO CICLO GLOBAL DE CARBONO”, DIZ O DR. BRANDT.

O total de árvores contabilizadas nas regiões do Saara e Sahel é provavelmente subestimado já que o satélite não conseguiu separar e identificar árvores com uma copa menor do que 3 metros quadrados.

Novas possibilidades

Esta descoberta é mais uma surpresa que a natureza e as árvores oferecem à ciência. Nos últimos anos, cientistas fizeram um censo de quantas árvores existem no mundo e chegaram ao número aproximado de 3 trilhões. Também foram contabilizados os diferentes tipos de árvores e o número ultrapassou 60 mil. Na tentativa de descobrir a área de desertos e savanas cobertas por árvores, os cientistas chegaram a esta floresta escondida.

Pesquisadores calcularam ainda que uma campanha de plantio de árvores seria capaz de fazer uma grande diferença no cenário de mudanças climáticas. Mas, também descobriram que conservar as áreas verdes já existentes seria uma maneira mais simples e muito mais barata de manter o equilíbrio ambiental do planeta – o valor dos serviços ambientais que elas garantem aos seres humanos é praticamente incalculável.

Foto: iStock by GettyImages

A nova perspectiva – que combina inteligência artificial e satélites de ultima geração – pode ajudar a identificar não apenas a quantidade de árvores, mas as diferentes espécies. Apesar de ser dificil precisar o número de troncos, e consequentemente o número exato de árvores, por conta das copas que se sobrepõe à esta imagem, os cientistas garantem que esta tecnologia estabelece um novo ponto de partida para muitas pesquisas.

“Sem esta tecnologia, não poderíamos ter descoberto e mensurado o tamanho desta floresta”, afirma o Dr Brandt. “Acredito que este pode ser o início de uma nova era nas pesquisas científicas”.


Infraestrutura natural reduz efeitos de mudanças climáticas nas cidades

Pelo Site CicloVivo


Parques urbanos, jardins de chuva e telhados verdes, reduzem impactos de chuvas, altas temperaturas e eventos climáticos

infraestrutura natural cidades

Foto: Cesar Brustolin | SMCS | Fotos Públicas

O crescimento e adensamento populacional tem se mostrado um fenômeno irreversível no mundo todo. O último relatório das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre a população global projetou que, em 2100, a quantidade de pessoas no planeta pode chegar a 10,9 bilhões, levantando preocupações quanto à pressão sobre as cidades, em especial em áreas sensíveis como o acesso à água.

Uma das alternativas que têm avançado nos últimos anos para ajudar a enfrentar o problema é a chamada infraestrutura natural, que consiste na incorporação de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) para resolver questões relacionadas à segurança hídrica e à resiliência. 

Por meio da implantação de áreas verdes em pontos estratégicos das cidades, cria-se um sistema natural capaz de absorver a água da chuva, filtrar sedimentos do solo e reduzir custos com saneamento e saúde pública.

O projeto de telhado verde mais conhecido de Blumenau está situado na sede da Cia. Hering e foi idealizado por Burle Marx, um dos principais paisagistas que já atuaram no país. | Foto: Divulgação | Prefeitura de Blumenau

“Muitas cidades estão pensando em seus sistemas de drenagem porque as tubulações que existem hoje, feitas décadas atrás, não dão conta de escoar o volume atual de água durante grandes tempestades, que acaba provocando enchentes e invadindo edificações. Isso é especialmente importante num cenário de crise climática, em que as chuvas estão cada vez mais intensas e concentradas em curtos períodos, criando uma sobrecarga sobre esses sistemas”, explica o gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André Ferretti.

“ADOTAR ESTRATÉGIAS QUE USAM A PROTEÇÃO DA NATUREZA COMO SOLUÇÃO ELEVA OS MUNICÍPIOS AO QUE CHAMAMOS DE CIDADES BASEADAS NA NATUREZA.”

A aplicação prática da infraestrutura natural acontece por meio de soluções como jardins de infiltração, parques e telhados verdes, que juntos podem reduzir a quantidade de água que chega aos sistemas de drenagem, gerando ao mesmo tempo benefícios socioeconômicos.

Saúde e economia

cidades mais sustentáveis
Foto: iStock

“Ao absorverem a água da chuva e diminuírem sua velocidade de escoamento até chegarem às tubulações, essas áreas verdes, com solo altamente permeável, ajudam a prevenir a ocorrência de enchentes e alagamentos, o que evita muitos prejuízos. Esses espaços também servem como áreas de lazer e bem-estar para a população.”

Um estudo do World Resources Institute (WRI Brasil), publicado em 2018 em parceria com diversas entidades, mostrou que o aumento da cobertura florestal em 8% no Sistema Cantareira, na capital paulista, poderia reduzir em 36% a sedimentação.

"Ao impedir que mais sedimentos cheguem aos rios e, consequentemente, às estações de tratamento, a infraestrutura verde também alivia os cofres públicos, reduzindo o custo de tratamento da água que abastece as cidades”, completa André.

Para se ter uma ideia do impacto que isso pode gerar, a Estação de Tratamento de Água do Guandu, a maior do mundo, que fica no Rio de Janeiro, gasta 140 toneladas de sulfato de alumínio, 30 toneladas de cloreto férrico e mais 25 toneladas de cal diariamente para retirar impurezas da água que abastece a Região Metropolitana do Rio.

Ferretti cita ainda o exemplo do movimento Viva Água, que reúne diversos atores para proteger e recuperar ecossistemas naturais e incentivar o empreendedorismo com impacto socioambiental positivo na Bacia do Rio Miringuava, em São José dos Pinhais (PR), minimizando a sedimentação do rio e contribuindo com a segurança hídrica da região.

Foto: @novasarvoresporai

Design urbano sustentável

Entre as principais ações de urbanismo que as grandes cidades estão colocando em prática estão os jardins de infiltração. Também conhecidos como jardins de chuva, são espaços ao longo do território urbano que servem como esponjas, ajudando na absorção da água.

Além do aspecto funcional, contribuem para a valorização do espaço público e das propriedades em seu entorno. O ideal é que sejam instalados em partes mais baixas do terreno, que tendem a ser mais impactados por fortes chuvas.

Opção já bastante conhecida, mas com aplicação ainda pouco disseminada, é o telhado verde. Esse tipo de recurso auxilia na regulação microclimática das edificações e ajuda a acumular a água da chuva, sobretudo quando usado em conjunto com cisternas.

“Essa água pode ser usada para a limpeza das áreas comuns, reduzindo o consumo de água potável. Isso é ainda mais importante nos períodos de seca”, diz Ferretti.

teto verde universidade asia
Foto: Panoramic Studio | LANDPROCESS

Outra aplicação da infraestrutura natural acontece por meio dos parques e áreas verdes em geral, que além dos benefícios similares de filtragem de sedimentos e retenção de água, geram impacto positivo sobre a saúde e o bem-estar das pessoas, à medida que se tornam espaços de lazer e relaxamento para a população e atuam na redução da poluição sonora e atmosférica.

Além disso, as árvores também reduzem a velocidade de escoamento da água, impedindo que o sistema de drenagem se sobrecarregue rapidamente.

Políticas públicas

“Evitar alagamentos é igual reduzir grandes despesas, desde o tratamento da água até o sistema de saúde. Em um cenário de mudanças climáticas, com chuvas intensas seguidas por longos períodos de estiagem, ter controle sobre a disponibilidade da água é uma questão de sobrevivência”, afirma o gerente da Fundação Grupo Boticário.

cidade verde desenvolvimento sustentável
Foto: Pixabay

De acordo com o DataSUS, em 2018, foram registradas mais de 230 mil internações por doença de veiculação hídrica, provocadas principalmente por falta de saneamento básico ou pelo contato com água suja em enchentes. Entre as doenças estão diarreia, leptospirose e hepatite A. Os gastos com internações com estas enfermidades no Sistema Único de Saúde (SUS) chegou a R$ 90 milhões no mesmo ano, segundo o Painel Saneamento Brasil, do Instituto Trata Brasil.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Célula a combustível sem membrana é nova promessa de energia limpa

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Célula a combustível sem membrana é nova promessa de energia limpa
O projeto é mais simples do que as células convencionais - e não entope a membrana, porque não tem membrana.
[Imagem: Alonso Moreno Zuria et al. - 10.1016/j.rser.2020.110045]

Membranas

Embora esteja em andamento um esforço concentrado para inaugurar a "Economia do Hidrogênio", as células a combustível têm sido a grande decepção dessa migração para uma matriz energética limpa.

As células a combustível podem transformar o hidrogênio ou outros combustíveis diretamente em eletricidade, liberando apenas água como resíduo. Mas a tecnologia não avançou o quanto se esperava, com equipamentos grandes e pesados e que funcionam em temperaturas altíssimas.

Mas uma nova esperança acaba de ser anunciada por uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Científicas do Canadá.

Alonso Zuria e seus colegas criaram uma célula a combustível sem membrana, que captura o oxigênio diretamente do ar. A membrana de separação é um dos maiores gargalos da tecnologia, com uma predisposição crônica para entupir, fazendo a célula a combustível parar de funcionar.

"As células de combustível convencionais são como sanduíches, com a membrana no meio. Em vez disso, optamos por trabalhar em um projeto de camada única. Tivemos que determinar como organizar e espaçar os eletrodos para maximizar o uso do combustível, mantendo em mente a concentração de oxigênio no ar ambiente," explicou o professor Mohamed Mohamedi, coordenador da equipe.

Célula a combustível sem membrana

A equipe está trabalhando especificamente com células a combustível que transformam etanol ou metanol em eletricidade.

Essas células perdem tensão ao longo do tempo - e, eventualmente, param de funcionar - porque as moléculas de álcool (metanol ou etanol) no compartimento anódico da célula a combustível cruzam a membrana que as separa do compartimento catódico. E, quando isso acontece, as moléculas de oxigênio no compartimento catódico reagem com o álcool, causando uma queda na voltagem.

"Quando se tira a membrana, o metanol ou etanol reage com o oxigênio, assim como nas células a combustível convencionais. Para evitar quedas de tensão, tivemos que desenvolver eletrodos seletivos no compartimento catódico. Esses eletrodos permanecem inativos na presença de moléculas de álcool, mas são sensíveis ao oxigênio que gera eletricidade," explicou Mohamedi.

O protótipo de célula de combustível sem membrana alimentou um LED por quatro horas usando 234 microlitros de metanol.

Os pesquisadores agora pretendem otimizar a célula de combustível para que ela possa usar etanol, um combustível mais verde, que pode ser produzido a partir de biomassa e de resíduos agrícolas. O etanol também fornece mais energia por unidade equivalente de volume.

Bibliografia:

Artigo: Prospects of membraneless mixed-reactant microfluidic fuel cells: Evolution through numerical simulation
Autores: Alonso Moreno Zuria, Juan Carlos Abrego-Martinez, Shuhui Sun, Mohamed Mohamedi
Revista: Renewable and Sustainable Energy Reviews
Vol.: 134, 110045
DOI: 10.1016/j.rser.2020.110045

Maior salto tecnológico na indústria do aço em 1.000 anos

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Hidrogênio na indústria do aço: Siderurgia e metalurgia limpas
A queima do hidrogênio produz apenas água como resíduo.
[Imagem: Vattenfall/Divulgação]

Hidrogênio na indústria do aço

Começaram na Suécia os primeiros testes para usar hidrogênio como combustível para a fabricação de aço em larga escala.

O piloto de demonstração do Projeto Hybrit, financiado pela Agência Sueca de Energia, é um marco na tentativa de "limpar" as indústrias metalúrgica e siderúrgica de seu passado poluidor, tipicamente ligado à queima do carvão e outros combustíveis fósseis.

O hidrogênio será produzido na planta-piloto eletrolizando água com eletricidade derivada de fontes renováveis, como solar e eólica, substituindo o óleo e o bio-óleo utilizados para aquecer os fornos e fundir o minério de ferro.

Se implantada em toda a indústria, a tecnologia Hybrit tem potencial para reduzir as emissões de dióxido de carbono em 10% na Suécia - hoje, a indústria do aço gera 7% do total das emissões globais de dióxido de carbono.

Para isso, o projeto está trabalhando para criar uma cadeia de valor completamente livre dos combustíveis fósseis, da mina de ferro ao aço acabado. Recentemente, uma siderúrgica sueca já havia começado a testar o uso do hidrogênio na laminação do aço.

Ao introduzir uma tecnologia usando hidrogênio livre de combustíveis fósseis - a maior parte do hidrogênio comercializado hoje ainda é produzido a partir do metano - em vez de carvão e coque para reduzir o oxigênio no minério de ferro, o processo industrial emitirá água, em vez de dióxido de carbono.

Hidrogênio na indústria do aço: Siderurgia e metalurgia limpas
A intenção é usar hidrogênio da mina de ferro ao aço acabado.
[Imagem: Vattenfall/Divulgação]

Transição climática

Os testes serão realizados entre 2020 e 2024, primeiro usando gás natural e depois hidrogênio, para poder comparar os resultados da produção e da poluição.

O projeto Hybrit é uma associação formada pela fabricante de aço SSAB, pela empresa de mineração LKAB e pela empresa de energia Vattenfall, tudo com suporte de financiamento estatal.

"Neste momento, temos uma oportunidade histórica de fazer coisas que geram empregos aqui e agora - mas também apressam a transição climática que todos percebem ser necessária. Hoje, estamos lançando as bases que permitirão que a indústria siderúrgica sueca seja inteiramente livre de combustíveis fósseis e de dióxido de carbono em 20 anos. Juntos, podemos reconstruir a Suécia como a primeira nação de bem-estar do mundo livre de fósseis," disse o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven durante inauguração da planta-piloto.

Foi o próprio Löfven que finalizou seu discurso dizendo que a transição dos combustíveis fósseis para o hidrogênio é o "maior salto tecnológico na indústria do aço em 1.000 anos".