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domingo, 29 de outubro de 2017

Célula solar orgânica gera corrente alternada diretamente

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Célula solar orgânica gera corrente alternada diretamente
O segredo da célula solar de corrente alternada está na ordenação dos spins dos elétrons. [Imagem: Luis Hueso]
Eletrodos magnéticos
Uma equipe da Alemanha, China e Espanha desenvolveu uma célula solar que usa materiais magnéticos como eletrodos para produzir a corrente elétrica de saída.
É uma técnica inédita que ajudou a elevar a eficiência da célula solar orgânica em 14% e ainda trouxe uma melhoria inesperada: a geração direta de corrente alternada.
"O dispositivo é simplesmente uma célula fotovoltaica fabricada de um material orgânico - fulereno C60 - equipada com eletrodos magnéticos de cobalto e níquel," detalhou o professor Luis Hueso, da Fundação Basca de Ciências.
Os eletrodos magnéticos produzem corrente com uma propriedade adicional conhecida como "corrente de spin", na qual os elétrons têm todos o mesmo momento angular.
O fulereno C60, também conhecido como buckyball, é uma molécula oca em forma de bola com 60 átomos de carbono.
A combinação de ambos não é coincidência, uma vez que o fulereno é um material fotovoltaico que permite controlar a direção do spin, o que por sua vez aumenta a eficiência da célula solar porque a torna capaz de gerar uma corrente maior. Como Hueso explica, "os spins das células solares comuns são 'desordenados', mas graças ao magnetismo conseguimos ordená-los para que uma maior corrente possa ser coletada".
Célula solar orgânica gera corrente alternada diretamente
Estrutura da célula solar orgânica que gera corrente alternada. [Imagem: Xiangnan Sun et al. - 10.1126/science.aan5348]
Célula solar de corrente alternada
A outra vantagem verificada na nova célula solar foi mais inesperada: ela é capaz de gerar corrente alternada diretamente. Hoje, os painéis solares geram corrente contínua, que deve ser transformada em corrente alternada para sua inserção na rede elétrica. Além de equipamentos adicionais, o processo consome uma parte da energia gerada.
"A reversão da corrente ocorre na própria célula solar quando os elétrons criados pela luz interagem com os contatos magnéticos, cujos spins foram ordenados," explicou Hueso.
Ainda há trabalho a fazer, sobretudo porque outros materiais orgânicos já demonstraram uma eficiência maior do que os fulerenos para fazer a ordenação de spins. É nisso que a equipe pretende trabalhar a seguir, de forma a conseguir células solares de corrente alternada com a maior eficiência possível.

Bibliografia:

A molecular spin-photovoltaic device
Xiangnan Sun, Saül Vélez, Ainhoa Atxabal, Amilcar Bedoya-Pinto, Subir Parui, Xiangwei Zhu, Roger Llopis, Fèlix Casanova, Luis E. Hueso
Science
Vol.: 357 (6352), 677-680
DOI: 10.1126/science.aan5348

IBM faz inteligência artificial com computação sem processador

Redação do Site Inovação Tecnológica 



IBM faz inteligência artificial com computação sem processador
Protótipo do chip que faz computação usando apenas a memória. [Imagem: IBM]
Computação em memória
A "computação em memória" - ou "memória computacional" - é um conceito emergente que usa as propriedades físicas das memórias de computador para processar informações, além de armazená-las.
Isso é bem diferente da computação atual, baseada na arquitetura von Neumann, o que inclui todos os computadores, celulares e demais aparelhos de informática, que precisam fazer os dados transitarem entre a memória e o processador, o que os torna mais lentos e menos eficientes em termos de energia.
A IBM está anunciando agora que seus engenheiros conseguiram rodar um algoritmo de aprendizado de máquina sem supervisão em um milhão de células de memória de mudança de fase (PCM), uma tecnologia na qual a empresa vem trabalhando há vários anos - assim como a Intel e outras fabricantes de semicondutores.
O programa de inteligência artificial rodou e encontrou correlações temporais em fluxos de dados desconhecidos, comprovando a efetividade da memória computacional. Os resultados foram aferidos em um computador comum.
Em comparação com os computadores clássicos de ponta, os engenheiros calculam que esta tecnologia - ainda em fase de protótipo - produza ganhos de 200 vezes em velocidade de processamento e em eficiência energética, tornando a computação em memória altamente interessante tanto para sistemas de computação ultradensa, como nos centros de dados, e aplicações paralelas, como na inteligência artificial, como também para aparelhos de baixa potência, onde a duração das baterias é importante.
Memórias que fazem cálculos
A equipe usou células de memória PCM feitas de uma liga de telureto de antimônio e germânio, semicondutores que são empilhados de forma intercalada entre dois eletrodos.
Quando uma corrente elétrica é aplicada ao material, ele se aquece, o que altera seu estado de amorfo (com um arranjo atômico desordenado) para cristalino (com uma configuração atômica ordenada) - esta é a mudança de fase que dá nome à tecnologia.
Para fazer os cálculos, a corrente elétrica aplicada é dosada de acordo com o dado a ser processado. A memória responde com uma dinâmica de cristalização correspondente à corrente, de forma que o resultado da operação é expresso em seu estado de condutância final, determinado pelo processo de cristalização.
IBM faz inteligência artificial com computação sem processador
Esquema do algoritmo de computação em memória. [Imagem: IBM]
"Este é um passo importante em nossa pesquisa da física da inteligência artificial, que explora novos materiais de hardware, dispositivos e arquiteturas," disse Evangelos Eleftheriou, que recentemente ajudou a criar memórias com três bits por célula.
"À medida que as leis de escalonamento da tecnologia CMOS se desintegram devido aos limites tecnológicos, é necessário um abandono radical da dicotomia processador-memória para contornar as limitações dos computadores atuais. Dada a simplicidade, alta velocidade e baixa energia de nossa abordagem de computação em memória, é notável que nossos resultados sejam tão parecidos com nossa abordagem clássica de referência executada em um computador von Neumann," finalizou Eleftheriou.

Bibliografia:

Temporal correlation detection using computational phase-change memory
Abu Sebastian, Tomas Tuma, Nikolaos Papandreou, Manuel Le Gallo, Lukas Kull, Thomas Parnell, Evangelos Eleftheriou
Nature Communications
Vol.: 8, Article number: 1115
DOI: 10.1038/s41467-017-01481-9

Células solares transparentes prontas para envelopar o mundo

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Células solares transparentes prontas para envelopar o mundo
Este módulo captura a energia solar fora do espectro visível, o que o torna altamente transparente, não interferindo com a iluminação dos edifícios. [Imagem: Michigan State University]









Painéis solares transparentes
As células solares transparentes já estão prontas para fazer a diferença na geração de energia renovável.
É o que defende uma equipe da Universidade do Estado de Michigan, nos EUA, que afirma que painéis solares instalados em janelas e vidraças, juntamente com os painéis solares tradicionais, instalados nos telhados, podem virtualmente atender a toda a demanda de energia de um país.
"As células solares altamente transparentes representam a onda do futuro para novas aplicações solares. Nós analisamos o potencial delas e mostramos que, ao colher somente a luz invisível, esses dispositivos podem fornecer um potencial de geração de eletricidade semelhante ao dos painéis solares dos telhados, oferecendo funcionalidades adicionais para aumentar a eficiência de edifícios, automóveis e dispositivos móveis," confirma o professor Richard Lunt.
O pesquisador se refere às células solares de película fina feitas de materiais plásticos - orgânicos - e que são capazes de capturar fótons em comprimentos de onda acima ou abaixo da luz visível.
Esses materiais podem ser ajustados para capturar os comprimentos de onda ultravioleta e infravermelho próximo, por exemplo, convertendo em eletricidade essa energia que é tipicamente desperdiçada pelas células solares cristalinas de silício.
Mais lugares onde o Sol brilha
Em termos de potencial gerador de eletricidade, a equipe calculou que há de 5 a 7 bilhões de metros quadrados de superfícies envidraçadas apenas nos Estados Unidos. E, com tanto vidro para cobrir, as tecnologias solares transparentes têm o potencial de fornecer cerca de 40% da demanda de energia do país - mais ou menos o mesmo potencial que os painéis solares de telhado.
"A implantação complementar de ambas as tecnologias poderia nos aproximar de 100% da nossa demanda se também melhorarmos o armazenamento de energia," disse Lunt.
As células solares altamente transparentes estão registrando eficiências de apenas cerca de 5%, enquanto os painéis solares de silício normalmente têm de 15% a 18% de eficiência. Embora as tecnologias solares transparentes provavelmente nunca se tornem mais eficientes do que suas equivalentes opacas, elas contam com a vantagem de poderem ser aplicadas em muito mais área - não apenas nos telhados, mas também nas laterais inteiras de edifícios e casas, além dos veículos e outros equipamentos.
"As aplicações solares tradicionais têm sido pesquisadas ativamente por mais de cinco décadas, mas começamos a trabalhar nessas células solares altamente transparentes há apenas cerca de cinco anos. Em última análise, esta tecnologia oferece uma rota promissora para a adoção solar econômica e barata em larga escala em superfícies pequenas e grandes que anteriormente eram inacessíveis," finalizou Lunt.

Bibliografia:

Emergence of highly transparent photovoltaics for distributed applications
Christopher J. Traverse, Richa Pandey, Miles C. Barr, Richard R. Lunt
Nature Energy
DOI: 10.1038/s41560-017-0016-9

17 bilhões de Terras derrotam conservadorismo científico

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Via Láctea pode ter 17 bilhões de Terras
A Via Láctea pode abrigar pelo menos 17 bilhões de planetas do tamanho da Terra, com condições para manter água em estado líquido em sua superfície.[Imagem: PHL/UPR Arecibo]
Conservadorismo científico
Há alguns meses, a renomada revista Nature Geoscience causou desconforto na comunidade científica ao defender uma posição ultraconservadora.
Em um editorial intitulado One and only Earth - Uma, e uma única Terra, em tradução livre - a revista usou dados do telescópio espacial Kepler, que pesquisa planetas fora do Sistema Solar, para defender uma posição tipicamente geocêntrica, vencida séculos atrás pela própria ciência.
"Relatórios da missão Kepler aumentaram as esperanças de encontrar um planeta como a Terra. No entanto, a nossa Terra é provavelmente única - não apenas por causa de sua distância do Sol, mas também porque tem coevoluído com as formas de vida que tem hospedado," diz a revista.
Muitos afirmaram que a posição da revista era a defesa do conservadorismo científico contra a chamada Hipótese de Gaia, proposta por James Lovelock.
De qualquer forma, menos de um ano depois do controverso editorial, a própria equipe do telescópio espacial Kepler anunciou resultados que, se fosse necessário, varreriam de vez para debaixo do tapete quaisquer saudosistas geocêntricos.
Segundo os dados mais recentes, até uma em cada seis estrelas pode ter em sua órbita um planeta do tamanho da Terra.
Com base nesse dado, os astrônomos fizeram uma extrapolação e chegaram a uma estimativa de que podem existir nada menos do que 17 bilhões de planetas parecidos com a Terra apenas na nossa própria galáxia, a Via Láctea.
A chance de que a Terra seja um planeta absolutamente único dentre 17 bilhões, como defende a Nature Geoscience, é de 0,0000001%.
Para comparação, os físicos aceitaram o bóson tipo Higgs como uma descoberta científica genuína com uma chance de 0,0001% de estarem errados, o que é uma chance de erro três ordens de grandeza maior.
É fato que o número 17 bilhões está repleto de incertezas, e deverá ser recalculado muitas vezes antes que possamos ter qualquer coisa mais próxima do que se poderia chamar de um censo planetário galáctico. Mas o que importa aqui é a tendência apresentada pelos dados, uma tendência que foge do "um", ou do "único", e caminha tranquilamente, sem medo, entre o "muitos", para a diversidade e para a multiplicidade.
Ou seja, os próprios dados mostram uma vez mais, e sempre mostrarão, que o conservadorismo - a tentativa de "conservar" tudo como está, sobretudo o conhecimento - é incompatível com a ciência, e que, mais dia, menos dia, cai por terra, ou se dilui pelo espaço.
Via Láctea pode ter 17 bilhões de Terras
Os dados mostraram mais uma vez que o conservadorismo - a tentativa de "conservar" tudo como está, sobretudo o conhecimento - é incompatível com a ciência, e cai por terra mais dia, menos dia. [Imagem: C. Pulliam/D. Aguilar (CfA)]
Planetas em trânsito
A estimativa do número de planetas parecidos com a Terra foi anunciada durante o mesmo evento que apresentou a descoberta de vários novos planetas na zona habitável.
O astrônomo François Fressin, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, queria descobrir não somente quais candidatos detectados pelo Kepler podem não ser planetas, mas também quantos planetas podem não ser visíveis pelo Kepler.
"Temos que corrigir duas coisas. Primeiro, a lista de candidatos do Kepler é incompleta", disse ele em uma entrevista à BBC.
"Nós somente vemos os planetas que estão em trânsito pelas suas estrelas hospedeiras, estrelas que por acaso têm um planeta que está bem alinhado para que nós o vejamos. Para cada um deles, há dezenas que não estão nessas condições", explica.
"A segunda grande correção é na lista de candidatos - há alguns que não são planetas verdadeiros transitando sua estrela hospedeira, são outras configurações astrofísicas", diz.
Isso pode incluir, por exemplo, estrelas binárias, nas quais uma estrela orbita outra, bloqueando parte da luz conforme as estrelas "transitam" umas à frente das outras.
"Nós simulamos todas as possíveis configurações em que podíamos pensar - e descobrimos que elas poderiam representar apenas 9,5% dos planetas Kepler, e que todo o resto são planetas genuínos", explicou Fressin.
Um mundo de Terras
Os resultados sugerem que 17% das estrelas hospedam um planeta com tamanho até 25% superior ao da Terra, com órbitas fechadas que duram apenas 85 dias ou menos - semelhante ao do planeta Mercúrio.
Isso significa que a galáxia abrigaria pelo menos 17 bilhões de planetas do tamanho da Terra.
William Borucki, um dos líderes da missão do Kepler, se disse "encantado" com os novos resultados - apenas os resultados concretos anunciados no mesmo evento, e não as estimativas.

"A coisa mais importante é a estatística - não encontramos somente uma Terra, mas cem Terras, que é o que veremos com o passar dos anos com a missão Kepler - porque ele foi desenvolvido para encontrar várias Terras", disse.

NASA testa usina nuclear para bases lunares e marcianas

Com informações do CORDIS 



NASA testa usina nuclear para bases lunares e marcianas
Cada gerador tem capacidade de 10 quilowatts e pode funcionar por vários anos. [Imagem: NASA]
Reator nuclear espacial
Seja para instalar bases na Lua ou em Marte, será necessário levar geradores de energia.
Para enfrentar o desafio, a NASA começou uma rodada de testes com reatores de dois metros de altura, alimentados por um tipo especial de energia nuclear.
Embora os engenheiros chamem o equipamento de "reator nuclear espacial", os geradores de energia alimentados por radioisótopos são diferente dos reatores nucleares convencionais, já que estes aceleram artificialmente as reações nucleares para produzir mais calor. Os geradores de radioisótopos são uma espécie de usina nuclear mais calma, que deixa as coisas acontecerem normalmente. Isso produz menos energia, mas requer um equipamento mais simples e mais confiável.
"Esta é realmente a primeira vez [desde a década de 1960] que a NASA desenvolveu seriamente um reator para aplicações espaciais," disse Lee Mason, coordenador do projeto Kilopower, do Centro de Pesquisas Glenn.
O último reator de fissão testado pela NASA foi o SNAP (Systems for Nuclear Auxiliary Power), durante a década de 1960. Seu sistema de geradores termoelétricos de radioisótopos alimentou dezenas de sondas espaciais, incluindo o robô Curiosity.
NASA testa usina nuclear para bases lunares e marcianas
Visualização artística de uma usina híbrida solar-nuclear. [Imagem: NASA]
Energia para exploração espacial
Se as miniusinas forem aprovadas nos testes de desempenho e durabilidade, a NASA afirma que pretende testá-las em Marte - mas provavelmente as testará na Lua primeiro.
A exploração humana desses e de quaisquer outros mundos pressupõe a existência de energia para gerar combustível, ar e água para os exploradores espaciais, bem como recarregar as baterias dos veículos, robôs e outros equipamentos.
Um relatório da agência estabelece que são necessários 40 quilowatts de eletricidade para uma expedição humana a Marte, onde a temperatura cai fácil a -125º C. Os reatores em desenvolvimento podem gerar 10 quilowatts, de modo que serão necessários quatro deles para uma vila espacial marciana - ou lunar.
NASA testa usina nuclear para bases lunares e marcianas
Sendo compacto, o gerador também poderá ser usado em robôs, veículos de exploração e mesmo em naves. [Imagem: NASA]
Nuclear versus solar
Lee Mason conta que as usinas nucleares espaciais seriam lançadas "frias", ou seja, desligadas. "Os reatores também têm um inventário radiológico muito baixo no lançamento - menos de 5 curies - de forma que são benignos. Não há produtos de fissão até o reator estar ligado, e é aí que haverá alguma radiação," explica ele.
Isso é importante porque uma eventual falha no lançamento, com um foguete explodindo, poderia ser catastrófica se espalhasse elementos radioativos pela atmosfera.
A energia solar é outra opção para as futuras vilas espaciais, mas isso restringiria a geração de energia a regiões expostas à luz solar.

A Cratera Shackleton, da Lua, por exemplo, um dos principais candidatos para a instalação de uma base lunar devido aos potenciais recursos hídricos, é completamente escura. E os pontos mais ensolarados de Marte recebem apenas cerca de um terço da quantidade de luz solar que a Terra recebe.

Material fica mais macio quando virado de cabeça pra baixo

Redação do Site Inovação Tecnológica



Estranho mas verdade: Material fica mais macio quando virado de cabeça pra baixo
Os efeitos combinados da piezoeletricidade e da flexoeletricidade tornam mais fácil furar ou fazer entalhes no material apenas virando-o de cabeça para baixo. [Imagem: ICN2]
Piezoeletricidade mais flexoeletricidade
Combinando os efeitos da flexoeletricidade e da piezoeletricidade, pesquisadores descobriram que materiais polares podem ser mais ou menos resistentes quando são virados de cabeça para baixo... ou quando uma tensão elétrica é aplicada para inverter sua polarização.
Isto abre o caminho para o desenvolvimento de "materiais mecânicos inteligentes" para uso em revestimentos ajustáveis e memórias ferroelétricas.
O efeito piezoelétrico é a característica de alguns sólidos de gerar um campo elétrico quando são comprimidos ou esticados ou, ao contrário, dão um tranco quando recebem uma tensão elétrica. O efeito flexoelétrico é similar, mas opera quando o material sofre uma flexão ou deformação. Materiais polares são aqueles que podem desenvolver uma polarização mesmo na ausência de um campo elétrico, o que implica que todos eles são piezoelétricos.
Virar para ficar mais macio
Kumara Cordero, da Universidade Autônoma de Barcelona, descobriu como a resistência à indentação dos cristais polares pode ser manipulada de forma a tornar mais fácil ou mais difícil arrancar pedaços desses cristais a partir de uma determinada direção - a indentação refere-se a fazer um recorte dentado, um pequeno entalhe no material.
Esse fenômeno, muito estranho, mas real, resulta da interação entre a polarização flexoelétrica causada pelo esforço mecânico do entalhe, por um lado, e da polarização piezoelétrica inerente aos cristais polares, por outro.
Se as duas polarizações forem paralelas, a polarização geral será muito forte, resultando em um maior custo de energia, o que por sua vez torna o ato de indentação mais difícil.
Mas basta virar o material de ponta cabeça para que o efeito flexoelétrico do impacto que tenta fazer o entalhe passe a atuar na direção oposta ao efeito piezoelétrico espontâneo, tornando a polarização total mais fraca, facilitando fazer um furo ou tirar uma fatia do material.
E há mais. No caso de um subconjunto específico de materiais piezoelétricos, os chamados ferroelétricos, nem sequer é necessário virar fisicamente o material de cabeça para baixo - podemos simplesmente aplicar uma tensão externa para inverter seu eixo polar. E ele fica mais macio.
Basta tocar
Estes efeitos incomuns foram observados não apenas para indentações e perfurações, mas também para pressões mais suaves e não-destrutivas aplicadas pela ponta de um microscópio de força atômica.
Além de aplicações potenciais em revestimentos inteligentes com tenacidade configurável, esses efeitos poderão ser usados para ler os dados de memórias ferroelétricas por meio de um mero contato.

Bibliografia:

Ferroelectrics as Smart Mechanical Materials
Kumara Cordero-Edwards, Neus Domingo, Amir Abdollahi, Jordi Sort, Gustau Catalan
Advanced Materials
Vol.: 29 (37): 1702210
DOI: 10.1002/adma.201702210

terça-feira, 24 de outubro de 2017

6 maneiras de treinar seu cérebro para lidar com a ansiedade, mal que afeta 13 milhões de brasileiros

BBC Brasil



AnsiedadeDireito de imageES
Image capti'Há pessoas que se preocupam com cada ponto de suas vidas e não conseguem se livrar disso', explica especialista

Sofrer com a ansiedade é mais comum do que muitos imaginam: somente no Brasil, cerca de 13,3 milhões de pessoas têm distúrbios de ansiedade, doença que atrapalha relacionamentos, desempenho profissional e o bem-estar físico e emocional do indivíduo.
No ano passado, 6,4% da população brasileira sofria com transtornos do tipo, bem mais que a média global, de 3,9%, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mas o que é um transtorno de ansiedade e como diferenciá-lo da ansiedade natural? De acordo com Olivia Remes, doutoranda e pesquisadora do Departamento de Saúde Pública e Cuidados Primários da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, transtornos de ansiedade generalizada são caracterizados por sensações frequentes de medo, inquietação, e de "sentir-se no limite".
"Quando uma pessoa tem um prazo apertado ou uma emergência no trabalho, ela se sente ansiosa e isso é normal. Mas há pessoas que se preocupam com cada ponto de suas vidas e não conseguem se livrar disso", explica. "Pessoas com esse transtorno se preocupam muito mais frequentemente e com mais intensidade que aquelas com uma boa saúde mental."
Apesar dos distúrbios de ansiedade serem um problema sério, que muitas vezes demanda acompanhamento com especialistas, é possível desenvolver habilidades para lidar com o transtorno.
Abaixo, Remes compartilha diferentes estratégias para enfrentar o problema, com base em um estudo recente que liderou.

1. Monitore os seus pensamentos

Quem sofre com transtornos de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem a mente sem aviso. "Pessoas com transtornos de ansiedade são pessimistas. Elas acreditam que algo ruim está prestes a acontecer, mesmo que não haja nenhuma evidência que aponte para isso. Elas temem o futuro e acham muito difícil evitar esse tipo de preocupação", descreve a pesquisadora.


Homem em espiralDireito de imagem
Quem sofre com transtornos de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem a mente

Para contornar tal situação corriqueira aos ansiosos, Remes sugere não lutar contra os pensamentos negativos, mas escolher uma hora do dia como o "momento da preocupação" e se permitir um período limitado de tempo para ruminar. Como exemplo, Remes recomenda designar o horário das 16h para as preocupações e dar a si mesmo 20 minutos para preocupar-se.
"A literatura psicológica mostra que nossos pensamentos murcham se não os alimentamos com energia. Ao empurrar esses pensamentos para um outro momento do dia, quando você chegar no momento designado para a preocupação, eles talvez não pareçam tão confusos ou preocupantes como pareciam quando brotaram em sua mente pela primeira vez", explica Remes.

2. Faça atividades físicas e pratique meditação

A famosa citação latina "uma mente sã num corpo são" não é gratuita. Saúde mental e física são codependentes, afirma Remes, e a prática de exercícios físicos é um aliado essencial para o bem-estar psíquico. Em conjunto com exercícios regulares, a meditação consciente também pode ajudar mentes ansiosas.
Um estudo da Universidade de Nova Jersey, publicado recentemente na revista Nature, mostrou que apenas duas sessões semanais de meditação e atividades físicas, de 30 minutos cada, reduziram drasticamente sintomas depressivos nos 52 participantes da pesquisa. Os pesquisadores concluíram que, ao cabo de oito semanas, além de auxiliar aqueles com depressão, a prática também poderia ser útil para aqueles que tendem a ruminar pensamentos, algo comum entre os ansiosos.
"Eu realmente fiquei muito surpresa com esse estudo, com o quanto essas mudanças de hábito podem ter um impacto tão grande", afirma Remes. "Quando você se exercita, você diminui seus níveis de ansiedade e você tem mais energia. Você simplesmente se sente melhor como um todo", aponta.

3. Encontre um propósito - nem que seja cuidar de seu animal de estimação

Em 1946, o médico austríaco Viktor Frankl publicou o livro Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, no qual narrou suas experiências como prisioneiro em Auschwitz. Frankl também analisa a resposta psicológica de diferentes prisioneiros expostos ao campo de concentração nazista e argumenta que encontrar sentido no cotidiano é uma forma de lidar com a adversidade.


Olivia Remes
Image captionEstudo de Remes notou que pessoas com senso de coesão, de propósito e que enxergavam sentido em suas vidas, tinham menos distúrbios de ansiedade

De acordo com Remes, pessoas com distúrbios de ansiedade muitas vezes não conseguem identificar um propósito claro em suas vidas e nem sempre acreditam que vale a pena investir esforços para endereçar os desafios que encontram. Em seu estudo recente sobre níveis de ansiedade em mulheres que vivem em situações de privação econômica, Remes encontrou que aquelas que tinham senso de coesão, de propósito e que enxergavam sentido em suas vidas, tinham menos distúrbios de ansiedade, mesmo vivendo situações difíceis.
Para a pesquisadora, as lições de Frankl, mesmo extraídas de uma experiência dramática, são um mecanismo útil para aqueles que sofrem com ansiedade. "Nos relatos de Frankl, um traço de personalidade que diferenciava os prisioneiros eram aqueles que conseguiam manter um propósito mesmo naquela situação. Para um era saber que sua filha o aguardava, então ele precisava sobreviver para ela e isso lhe deu esperança. Para outra, era saber que ela tinha um trabalho importante para finalizar", afirma.
No cotidiano, ter a sensação de que você é necessário para a vida de outra pessoa ou para uma atividade específica auxilia na construção de propósito. Tal senso de conexão pode ser traduzido em atividades de voluntariado, em cuidados com um familiar enfermo, na educação de uma criança ou mesmo nos cuidados com um animal de estimação, aponta Remes.
"Quando você coloca seu foco em algo além de você, esse ato te ajuda a dar um tempo de si mesmo", explica. "Ter outras pessoas em mente é muito importante, porque torna um pouco menos penoso passar pelos momentos mais difíceis."

4. Veja o lado bom da vida (por mais que isso seja desafiador)

Por mais clichê que possa soar, adotar uma atitude positiva perante à vida, com foco nos aspectos bons ao invés dos ruins, é essencial para lidar com a ansiedade. Para domar a mente e espantar os pensamentos negativos, Remes recomenda olhar para elementos que te dão prazer, ao invés daqueles que te irritam ou que te deprimem.
Embora controlar quais pensamentos te veem à mente seja impossível, é possível dialogar com eles uma vez que se fazem presente. Se, ao chegar em um ambiente, algo negativo te chamar a atenção, busque encontrar algo que seja positivo. Se no caminho para o trabalho o trânsito estiver estressante, busque ouvir uma música que te conforte - ou mesmo mude a maneira de se deslocar ao trabalho. Essa atitude positiva perante os pequenos momentos da vida tendem a reverberar também no bem estar emocional do indivíduo, aponta Remes.


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Image captionSe, ao chegar em um ambiente, algo negativo te chamar a atenção, busque encontrar algo que seja positivo

Nas situações em que pensamentos negativos intensos invadem a mente, focar em outras atividades do corpo, como a respiração, também é uma forma de amenizar seus efeitos. "Reconheça que esses pensamentos catastróficos que vêm à mente, que te fazem se sentir péssimo, são apenas eventos mentais que irão passar", diz Remes.

5. Viva no presente

A prática de ruminar pensamentos e ser constantemente tragado por memórias do passado tende a alimentar a ansiedade. Preocupar-se com o que pode ocorrer no futuro também pode deixar o indivíduo mais ansioso. Embora muitas vezes esses pensamentos sejam difíceis de controlar, Remes aponta que é importante manter um foco constante no que você está fazendo agora.
"Estudos mostram que, quando nós vivemos no passado, revivendo memórias antigas, essa atitude nos deixa depressivos e menos felizes. Na verdade, ficamos mais felizes quando vivemos no momento presente. Se você está trabalhando, simplesmente foque naquilo que você está fazendo. Simplesmente viva no presente", diz.

6. Busque terapia

Nem sempre é possível lidar sozinho com distúrbios de ansiedade, e a terapia é uma grande aliada para melhorar a saúde mental. Em casos assim, uma possibilidade é a terapia cognitivo-comportamental, cujo princípio básico é buscar uma postura construtiva do paciente.
Nesse sistema de psicoterapia, a hipótese central aponta que a forma como entendemos eventos internos e externos - e não o evento em si - é que determina nossas respostas emocionais e comportamentais.
De acordo com Remes, a solução é preferencial ao consumo de medicamentos, quando for possível optar. "Em muitos casos, medicamentos não funcionam, ou funcionam apenas no curto prazo e os problemas retornam depois de um tempo", aponta. Para a pesquisadora, trabalhar para desenvolver habilidades de enfrentamento à ansiedade e buscar terapia são as melhores formas de lidar com o transtorno.

5 consequências ambientais da urbanização brasileira acelerada

Pelo site Pensamentoverde


A urbanização acelerada trouxe diversas consequências negativas ao meio ambiente, assim como 
a destruição dos rios, aumento das inundações, desmatamento e diminuição dos recursos naturais.
O rápido crescimento das cidades e o amplo deslocamento das pessoas da área rural para a zona urbana são ações que causam sérios problemas para o meio ambiente. Isso porque a concentração de milhares de pessoas em grandes centros urbanos prejudica a fauna e flora do local, esgotando recursos naturais e gerando malefícios para a saúde das pessoas que habitam estas cidades.
Conheça a seguir algumas das principais consequências ambientais da urbanização acelerada e entenda como elas afetam a natureza e as pessoas próximas aos grandes centros urbanos:

5 consequências ambientais da urbanização acelerada

Destruição de rios e afluentes

O ritmo do crescimento do território urbano interfere diretamente no fluxo normal de rios e seus afluentes. Muitas das grandes cidades brasileiras foram construídas próximas a leitos de rios e lagos, de modo que a população e as empresas pudessem obter água para consumo e para utilização em seus processos produtivos.
Esse é um fator que, somado à falta de planejamento, acaba causando a morte de peixes e a proliferação de algas, problemas que estão associados à alta concentração de dejetos e de produtos químicos.

Aumento das inundações

Outra consequência da urbanização são as inundações recorrentes, fruto da grande quantidade de água que não pode ser escoada em temporadas de chuva. Uma das principais causas desses problemas de escoamento, além do acúmulo de lixo nas entradas de esgoto, é a baixa absorção da chuva pelo terreno.
Regiões muito urbanizadas tendem a ser pavimentadas, principalmente nas regiões centrais. Sem estudos para o escoamento adequado e sem absorção por parte do terreno, a água da chuva entra em contato com o pavimento e escorre para áreas mais baixas, inundando-as e até criando correntezas.

Desmatamento e redução da fauna e flora local

Sempre que existe a concentração de pessoas em uma zona urbana, é necessário abrir espaço para a construção de terrenos e moradias. Uma das consequências da urbanização acelerada é o desmatamento e a redução da fauna local. Para que as casas e prédios possam ocupar os espaços, árvores, campos e outros habitats são invadidos e destruídos.
A destruição destes habitats pode levar a extinção de espécies de bichos e plantas na região, além de fazer com que animais invadam o espaço urbano em busca de refúgio e alimento.

Maior ocorrência de desabamentos

Uma vez que nem todas as pessoas têm condições de se instalar nas áreas mais centrais das cidades, elas acabam se deslocando para regiões mais distantes ou locais com menor controle do Estado sobre sua permanência.
Como exemplos podemos ver construções em morros ou próximas a margens de rios, locais que geralmente registram a ocorrência de deslizamentos e desabamentos de terra. Isso acontece porque, para que a construção das edificações seja possível, as áreas são desmatadas sem que seja feito um estudo de impacto no solo. Com isso, basta uma grande quantidade de chuva para que o terreno ceda.

Poluição atmosférica

A grande quantidade de veículos e indústrias emitindo gases poluentes altera a qualidade do ar em grandes centros urbanos. Esta mudança traz diversos malefícios para a população, que passa a registrar maior ocorrência de doenças respiratórias. Além disso, gases poluentes como o Monóxido de Carbono podem causar o aumento da temperatura, formando ilhas de calor.