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quarta-feira, 31 de março de 2021

Arca Lunar pode salvar a vida de desastres globais na Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica


Arca de Noé na Lua pode salvar a vida de desastres globais na Terra
Visão lateral da "Arca de Noé Lunar", com painéis solares e comunicações na superfície e todo o restante em túneis naturais que se acredita existirem na Lua.
[Imagem: Jekan Thanga]

Arca de Noé Lunar

Pesquisadores estão propondo construir uma "Arca de Noé espacial" para resguardar a vida da Terra contra eventuais catástrofes.

Em lugar de uma nave espacial, contudo, Alvaro Flores e seus colegas da Universidade do Arizona propõem construir enormes prédios dentro dos tubos de lava subterrâneos que se acredita existirem na Lua.

Se essas estruturas geológicas realmente existirem, elas representariam ambientes praticamente intocados há bilhões de anos.

Nesses prédios, seriam armazenadas amostras congeladas de sementes, esporos, espermatozoides e óvulos de 6,7 milhões de espécies terrestres.

Seria uma versão espacial e ampliada do Depósito Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, e da proposta Arca de Noé de bactérias benéficas.

Arca de Noé na Lua pode salvar a vida de desastres globais na Terra
Os cientistas acreditam que este seja um exemplo de tubo de lava subterrâneo na Lua - neste caso, o tubo já desabou.
[Imagem: NASA/GSFC/Arizona State University]

Tubos de lava na Lua

As mudanças climáticas estão entre as justificativas para criar a Arca de Noé Lunar. Se o nível do mar continuar a subir, muitos lugares secos ficarão submersos - eventualmente até o Banco de Sementes de Svalbard se a coisa for muito séria.

Assim, a equipe acredita que o armazenamento de amostras em outro corpo celeste reduziria o risco de perda da biodiversidade se um evento causar a aniquilação total da Terra.

"A Terra é naturalmente um ambiente volátil. Como humanos, escapamos por um triz cerca de 75.000 anos atrás com a erupção supervulcânica de Toba, que causou um período de resfriamento de 1.000 anos e, de acordo com alguns, se alinha com uma queda estimada na diversidade humana. Como a civilização humana tem uma pegada tão grande, se ela entrar em colapso, isso poderia ter um efeito negativo em cascata sobre o resto do planeta," comenta o professor Jekan Thangavelautham para justificar a ideia.

Em 2008, a sonda espacial japonesa Kaguya fotografou uma estrutura geológica que parece ser um longo tubo de lava colapsado. Posteriormente, a sonda MRO da NASA fotografou a área em mais detalhes, mostrando poços de 65 metros de diâmetro e 36 metros de profundidade, compatíveis com a ideia de tubos de lava.

Se existe um, devem existir mais, com túneis intactos, que ainda não desabaram. A ideia da equipe é enviar pequenos robôs voadores e saltadores para recolher informações sobre as dimensões, a temperatura e a composição geológica dos tubos de lava, o que será necessário para elaborar o projeto definitivo da base lunar subterrânea.

Arca de Noé na Lua pode salvar a vida de desastres globais na Terra
A equipe propõe usar a levitação quântica para construir as prateleiras robotizadas onde as amostras serão guardadas.
[Imagem: Alvaro Diaz-Flores et al. (2021)]

Prateleiras com levitação quântica

A grande vantagem da Lua é que lá já é naturalmente frio, o que reduzirá a demanda de energia para o congelamento dos espécimes. Para serem criopreservadas, as sementes devem ser resfriadas a -180 ºC e as células-tronco mantidas a -196 ºC. Como referência, as vacinas de RNA contra covid-19 devem ser armazenadas a -70 ºC.

Mas isso também representa um desafio para o material de construção da própria arca, uma vez que há o risco de que partes metálicas congelem, emperrarem ou mesmo soldem-se a frio - na Terra, as companhias aéreas interrompem as operações quando as temperaturas do solo chegam a -50 ºC, por exemplo.

Por outro lado, é possível tirar proveito das temperaturas extremas usando fenômenos como a supercondutividade e a levitação quântica, em que um material supercondutor fica flutuando acima de um ímã. As duas peças são travadas a uma distância fixa, então, aonde quer que o ímã vá, o supercondutor o segue. O projeto da arca propõe usar este fenômeno para fazer as prateleiras de amostras flutuarem sobre superfícies de metal e fazer com que robôs naveguem pelas instalações acima dos trilhos magnéticos.

Finalmente, transportar cerca de 50 amostras de cada uma das 6,7 milhões de espécies também não será tarefa fácil. A equipe calcula que isso exigiria cerca de 250 lançamentos de foguetes - foram necessários 40 lançamentos para construir a Estação Espacial Internacional.

Bibliografia:

Artigo: BR Lunar Pits and Lava Tubes for a Modern Ark
Autores: Alvaro Diaz-Flores, Claire Pedersen, Yinan Xu, Lindsey Williams, Cho Lik Chan, Jekan Thangavelautham
Revista: Proceedings of the IEEE Aerospace Conference

Barreiras de proteção para avenidas e estradas ganham função antipoluição

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Barreiras de proteção para avenidas e estradas ganham função antipoluição
O projeto envolve deixar a poluição longe das calçadas e das casas próximas a vias de grande movimento.
[Imagem: Collins et al. - 10.1080/23748834.2021.1883888]

Barreiras antipoluição para ruas e estradas

Engenheiros do Imperial College de Londres estão usando técnicas de modelagem de fluxo de ar para criar barreiras de segurança viária que protejam as pessoas não apenas contra colisões, mas também contra a poluição.

As preocupações com a saúde decorrentes da baixa qualidade do ar são mais significativas entre as pessoas que gostam de se exercitar em vias públicas e nas comunidades de baixa renda, que são mais propensas a estar situadas perto de vias com muito tráfego.

Da mesma forma, as crianças são mais vulneráveis e mais prontamente expostas à poluição do ar simplesmente devido à sua proximidade com o solo, onde os poluentes mais pesados se depositam com o tempo.

"Eu pensei comigo mesma, o que poderia ser feito? E feito agora? Então, comecei a pesquisar o efeito das barreiras ao longo das estradas," contou a professora Catherine Collins. "Tornou-se evidente que, ao longo do lado dos pedestres dessas barreiras de beira de estrada, existem vórtices onde a qualidade do ar pode realmente ser ainda pior, à medida que os poluentes ficam presos neles."

Barreiras de proteção para avenidas e estradas ganham função antipoluição
As barreiras de proteção atuais criam vórtices que pioram a situação para quem está do outro lado das barreiras.
[Imagem: Collins et al. - 10.1080/23748834.2021.1883888]

Barreiras antipoluição

Collins e seus colegas usaram simuladores computadorizados para projetar barreiras que lidem com esses vórtices ricos em poluentes e aerossóis, desviando-os dos pedestres que estão do outro lado.

Inspirando-se nos defletores dos aeroportos e nas paredes acústicas curvas ao longo das rodovias na Alemanha e na Holanda, os pesquisadores calcularam as curvaturas que melhor dispersam e refletem os poluentes, melhorando muito rapidamente a qualidade do ar para os pedestres.

Apesar dos obstáculos à adoção destas práticas - a substituição das barreiras existentes teria um custo elevado -, a professora Collins está otimista quanto ao futuro do seu projeto.

Com maior atenção sendo dada aos desafios associados à poluição do ar, há uma necessidade de projetos urbanos mais eficazes, e essas barreiras curvas enfrentam esses desafios de frente, proporcionando benefícios para o público em geral.

A ideia é que as novas barreiras antipoluição sejam adotadas inicialmente em novas vias, podendo alcançar as antigas quando estas precisarem ser substituídas por acidentes ou deterioração natural.

Bibliografia:

Artigo: Shape matters: reducing people’s exposure to poor air quality using sculpted infrastructure elements
Autores: Catherine Matilda Collins, Agamemnon Otero, Huw Woodward
Revista: Cities and Health

DOI: 10.1080/23748834.2021.1883888 

terça-feira, 9 de março de 2021

Motor de dobra pode ser construído sem quebrar leis da Física

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Motor de dobra pode ser construído sem quebrar leis da Física
Os motores de dobra acabam de entrar no reino do "permitido pela Física".
[Imagem: NASA]

Motor de dobra realístico

A ideia de construir um "motor de dobra" saiu do reino da ficção para o reino das teorias científicas por meio do físico mexicano Miguel Alcubierre, em 1944.

Alcubierre propôs um esquema para construir um motor de dobra que não é especificamente um motor, mas uma bolha que faria com que o espaço-tempo à frente da bolha se contraísse, expandindo-se logo atrás dela - a espaçonave poderia literalmente surfar dobrando o espaço-tempo, sem nenhuma aceleração e sem entrar em conflito com a Teoria da Relatividade.

O problema é que, para construir essa nave em forma de gota, seria necessário um tipo de matéria exótica, com energia negativa, o que fez grande parte dos físicos torcerem o nariz para a teoria porque não existe comprovação de que tal material seja factível.

Agora, contudo, dois físicos publicaram o primeiro modelo de motor de dobra que não fere nenhum conceito da física e não exige nenhuma matéria exótica e nenhum ingrediente que já não esteja incluído nas teorias físicas aceitas pela comunidade científica.

Motor de dobra genérico

"Muitas pessoas no campo da ciência estão cientes do motor de Alcubierre e acreditam que os motores de dobra não são físicos [não são possíveis pela Física] por causa da necessidade de energia negativa," disse Alexey Bobrick, da Universidade Lund, na Suécia.

"Isso, no entanto, não é mais correto; seguimos em uma direção diferente da NASA e outros [pesquisadores], e nossa pesquisa mostrou que existem, na verdade, várias outras classes de motores de dobra na Relatividade Geral. Em particular, formulamos novas classes de soluções de motores de dobra que não requerem energia negativa e, assim, tornam-se físicos," completou.

Na verdade, o modelo criado pela dupla é genérico, unificando todas as propostas de motores de dobra feitas anteriormente, sendo o motor de Alcubierre apenas um desses casos.

Motor de dobra pode ser construído sem quebrar leis da Física
Curiosamente, o motor de dobra precisa ter um formato plano ou muito achatado - quase como um disco voador.
[Imagem: Applied Physics]

Física e matematicamente possível

A Teoria da Relatividade proíbe que qualquer coisa viaje acima da velocidade da luz, mas isso não vale para o próprio tecido do espaço-tempo, que pode se curvar em qualquer velocidade. Assim, a proposta é construir uma nave com uma densidade suficiente para fazer o espaço-tempo se curvar. Quanto mais fina for a parte frontal da nave, menos massa será necessário para conseguir isso.

Além de que tudo agora cabe direitinho dentro das teorias, o resultado final não é tão diferente das propostas anteriores.

Uma das novidades é que, enquanto nas propostas anteriores o motor de dobra não é realmente um motor, mas uma esfera que surfa por ondas do espaço-tempo, pelo novo modelo o motor de dobra exigirá propulsão, consistindo de um casco externo, com o formato o mais próximo possível de um disco, feito de matéria comum ou exótica, que surfará inercialmente depois de ter atingido uma velocidade determinada.

"Apresentamos o primeiro modelo geral para motores de dobra subluminais de energia positiva, esfericamente simétricos; a construção de soluções para motores de dobra superluminais que satisfazem as desigualdades quânticas; fornecemos otimizações para a métrica de Alcubierre, que diminui as necessidades de energia negativa em duas ordens de magnitude; e introduzimos um motor de dobra espaçotemporal no qual a capacidade de espaço e a taxa de tempo podem ser escolhidas de maneira controlada," escreveram eles.

Motor de dobra pode ser construído sem quebrar leis da Física
Há também propostas para criar motores de antimatéria.
[Imagem: ALPHA/Nature Physics/Chukman So/Wurtele Research Group]

Espécie interestelar

O fato de ser matemática e fisicamente possível, não significa que agora ficou fácil construir um motor de dobra.

A nova teoria torna isso possível, mas ainda exigirá o uso de materiais com uma densidade inalcançável pelos meios tecnológicos disponíveis, devido à massa necessária para construir essa nave-motor.

Isso, contudo, não tira o entusiasmo da dupla.

"Embora ainda não possamos quebrar a velocidade da luz, não precisamos fazer isso para nos tornarmos uma espécie interestelar. Nossa pesquisa de propulsão de dobra tem o potencial de nos unir a todos," disse Gianni Martire, coautor da proposta.

Bibliografia:

Artigo: Introducing physical warp drives
Autores: Alexey Bobrick, Gianni Martire
Revista: Classical and Quantum Gravity
Vol.: Accepted Manuscript
DOI: 10.1088/1361-6382/abdf6e

Experimento para testar gravidade quântica dirá se Universo é um computador

Redação do Site Inovação Tecnológica

Experimento para testar se gravidade é quântica dirá se Universo é um computador
Ilustração do experimento proposto, com um condensado de Bose-Einstein de 109 átomos e raio de 200 micrômetros (a). Se a gravidade for clássica, o átomo artificial permanecerá em seu estado não gaussiano (a), mas mudará para um estado gaussiano (c), em cerca de dois segundos, se a gravidade for quântica.
[Imagem: Richard Howl et al. - 10.1103/PRXQuantum.2.010325]

Gravidade é clássica ou quântica?

Físicos acreditam ter encontrado uma forma de resolver experimentalmente um dos maiores debates da física moderna: Se a gravidade é uma força que obedece às leis da mecânica quântica ou se ela é simplesmente de natureza clássica, como descrita por Einstein, Newton e outros.

"Por mais de cem anos, os físicos tem-se debatido para determinar como as duas teorias fundamentais da ciência - a teoria quântica e a relatividade geral - que respectivamente descrevem fenômenos microscópicos e macroscópicos, são unificadas em uma única teoria abrangente da natureza," contextualiza o professor Richard Howl, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

Nessa luta, foram desenvolvidas duas abordagens fundamentalmente contrastantes, chamadas de "gravidade quântica" e "gravidade clássica".

No entanto, uma absoluta falta de evidências experimentais significa que os físicos não sabem qual abordagem essa hipotética teoria mais abrangente teria que adotar.

É aí que entra a novidade, proposta por uma equipe que reuniu especialistas nos campos da computação quântica, teorias da gravidade quântica e experimentos quânticos.

Experimento para testar a gravidade quântica

O experimento proposto envolve o resfriamento de bilhões de átomos em uma armadilha esférica, de poucos milímetros de diâmetro, a uma temperatura próxima do zero absoluto, de modo que eles entrem em uma nova fase da matéria, conhecida como condensado de Bose-Einstein.

Experimento para testar se gravidade é quântica dirá se Universo é um computador
Outra proposta recente envolve testar a gravidade quântica usando um diamante.
[Imagem: Mazumdar Lab/Groningen]

Nesse condensado, já largamente conhecido e utilizado em laboratórios de todo o mundo, os bilhões de átomos começam a se comportar como um único grande átomo.

Nesse momento, Howl e seus colegas propõem aplicar um campo magnético a esse "átomo artificial", de forma que ele sinta apenas sua própria atração gravitacional.

Aí é só interpretar o resultado: Se o átomo artificial sob a ação da gravidade demonstrar o ingrediente-chave necessário para a computação quântica - curiosamente associado à "probabilidade negativa" - então a natureza segue a abordagem da gravidade quântica porque, isolado de tudo o mais, o átomo continuaria obedecendo à mecânica quântica.

Universo é um computador quântico?

"Esta pesquisa é particularmente interessante porque o experimento proposto também se conectaria com a ideia mais filosófica de que o Universo está se comportando como um imenso computador quântico, que está calculando a si mesmo, demonstrando que as flutuações quânticas do espaço-tempo são um vasto recurso natural para computação quântica," disse o professor Marios Christodoulou, membro da equipe.

O experimento parece não exigir nada que a atual tecnologia não disponibilize, além de não se basear em suposições relativas à localidade da interação, o que o torna mais simples do que propostas anteriores, potencialmente colocando a física a um passo de resolver o mistério da gravidade, se ela é quântica ou não.

"Os condensados de Bose-Einstein já foram manipulados em estados não-clássicos massivos, ajudando na perspectiva de testar a gravidade quântica em breve," escreveu a equipe.

Bibliografia:

Artigo: Non-Gaussianity as a Signature of a Quantum Theory of Gravity
Autores: Richard Howl, Vlatko Vedral, Devang Naik, Marios Christodoulou, Carlo Rovelli, Aditya Iyer
Revista: PRX Quantum
Vol.: 2, 010325

DOI: 10.1103/PRXQuantum.2.010325 

terça-feira, 2 de março de 2021

Bioplásticos não cumprem promessa de sustentabilidade

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Bioplásticos não cumprem promessa de sustentabilidade
Nenhuma das regiões tidas como mais promissoras possui vantagens para se tornar um centro produtor de bioplásticos.
[Imagem: Escobar/Britz - 10.1016/j.resconrec.2020.105345]

Dilema da sustentabilidade

Plásticos feitos de safras como milho ou cana-de-açúcar - em vez de derivados dos combustíveis fósseis - são geralmente considerados sustentáveis. Um dos motivos é que as plantas retêm CO2, que compensaria o carbono liberado na atmosfera quando os plásticos são descartados.

No entanto, há um problema: Com o aumento da demanda por matérias-primas vegetais para a produção de bioplásticos, as áreas de cultivo podem não ser suficientes. Como resultado, a vegetação natural é frequentemente convertida em terras agrícolas, o que inclui a derrubada de florestas. Isso, por sua vez, libera grandes quantidades de CO2.

A suposição de que mais bioplásticos não leva necessariamente a mais proteção climática foi agora confirmada por pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Neus Escobar e Wolfgang Britz descobriram que a sustentabilidade dos bioplásticos à base de plantas depende muito do país de origem da plantação, de suas relações comerciais e da matéria-prima cultivada.

Para chegar a essa conclusão, a dupla desagregou a produção dos plásticos e bioplásticos no Brasil, China, EUA, União Europeia e Tailândia, outro país com florestas ricas em carbono. E eles levaram em conta culturas mais recentemente usadas para a fabricação de plásticos, como milho e mandioca.

Custos ambientais dos bioplásticos

Os pesquisadores simularam um total de 180 cenários (36 cenários por região) que variaram de acordo com o grau de penetração do mercado de bioplásticos e outros parâmetros determinando as respostas em toda a economia.

"Descobrimos que as pegadas de carbono dos bioplásticos disponíveis comercialmente são muito maiores do que os valores previamente estimados na literatura científica e relatórios de políticas," disse Escobar.

O motivo disso é que as emissões de CO2 resultantes de mudanças no uso da terra superam a economia na emissão de gases de efeito estufa resultante da substituição das matérias-primas fósseis no longo prazo. A única exceção foram os bioplásticos produzidos na Tailândia, que economizam em média dois quilogramas de CO2 por tonelada, mas neste caso devido principalmente ao aumento relativamente pequeno na produção de bioplásticos naquele país.

Transbordamento

Os cálculos gerais mostram que nenhuma das regiões analisadas está claramente melhor posicionada do que outra para se tornar um centro de produção sustentável de bioplásticos.

As maiores pegadas são estimadas para os bioplásticos chineses, enquanto a União Europeia tem a maior pegada de carbono média: Os bioplásticos produzidos na UE levam uma média de 232,5 anos para compensar as emissões globais de CO2. A produção de bioplásticos nos EUA causa os maiores efeitos de transbordamento de terra e carbono, o que significa que a produção gera maior expansão de terras agrícolas, desmatamento e emissões de carbono no resto do mundo do que dentro do próprio país.

A produção de bioplásticos na Tailândia e no Brasil custa em grande medida a perda da cobertura florestal, o que pode levar a impactos adicionais sobre a biodiversidade.

Bibliografia:

Artigo: Metrics on the sustainability of region-specific bioplastics production, considering global land use change effects
Autores: Neus Escobar, Wolfgang Britz
Revista: Resources, Conservation and Recycling
DOI: 10.1016/j.resconrec.2020.105345

Este robô não precisa de qualquer eletrônico para andar

Redação do Site Inovação Tecnológica 


Este robô não precisa de qualquer eletrônico para andar
O robô tem movimentos e "computação" feitos por ar-comprimido.
[Imagem: University of California San Diego]

Robô a ar-comprimido

Este robô macio de quatro patas não precisa de nenhum circuito eletrônico para funcionar ou guiar seu movimento.

O robô precisa apenas de uma fonte constante de ar-comprimido para todas as suas funções, incluindo seus controles e sistemas de locomoção.

"Este trabalho representa um passo fundamental, mas significativo, em direção a robôs móveis totalmente autônomos e sem eletrônicos," disse Dylan Drotman, da Universidade da Califórnia em San Diego.

As aplicações em vista incluem robótica de baixo custo para entretenimento e brinquedos e robôs que podem operar em ambientes onde a eletrônica não pode funcionar, do interior de máquinas de ressonância magnética a minas subterrâneas.

Os robôs moles são de particular interesse porque se adaptam facilmente ao ambiente e operam com segurança perto de humanos.

Robótica macia

A maioria desses robôs macios é de fato movida por ar pressurizado, mas controlado por microprocessadores eletrônicos. Funciona, mas exige componentes complexos, como válvulas e bombas acionadas por atuadores, que nem sempre cabem dentro do corpo do robô.

Em contraste, este novo protótipo é controlado por um sistema leve e de baixo custo de circuitos pneumáticos, composto de tubos e válvulas flexíveis, tudo interno. O robô pode andar sob comando ou em resposta a sinais que detecta do ambiente.

"Com nossa abordagem, você poderia fazer um cérebro robótico muito complexo. Nosso foco aqui era fazer o sistema nervoso movido a ar mais simples necessário para controlar o andar," disse o professor Michael Tolley, cuja equipe vem trabalhando há alguns anos em sistemas de percepção robótica.

Este robô não precisa de qualquer eletrônico para andar
Esquema dos acionamentos dos membros robóticos.
[Imagem: Dylan Drotman et al. - 10.1126/scirobotics.aay2627]

Computação com ar

O "poder computacional" do robô foi inspirado no modo como os reflexos dos mamíferos são guiados por uma resposta neural da espinha, em vez do cérebro.

Os circuitos neurais dos animais, chamados geradores de padrões centrais, são formados por elementos muito simples que podem gerar padrões rítmicos para controlar movimentos como caminhar e correr - o andar do robô foi inspirado no andar das tartarugas.

Em seu biomimetismo, a equipe construiu um sistema de válvulas que operam como osciladores, controlando a ordem na qual o ar-comprimido entra nos "músculos" nos quatro membros do robô. Uma das inovações é um componente que coordena a marcha do robô, retardando a injeção de ar nas pernas.

O robô também é equipado com sensores mecânicos simples, pequenas bolhas macias cheias de fluido, colocadas na extremidade das barras que se projetam do corpo. Quando as bolhas são pressionadas, o fluido aciona uma válvula que faz com que o robô mude de direção.

Bibliografia:

Artigo: Electronics-free pneumatic circuits for controlling soft-legged robots
Autores: Dylan Drotman, Saurabh Jadhav, David Sharp, Christian Chan, Michael T. Tolley
Revista: Science Robotics
Vol.: 6, Issue 51, eaay2627
DOI: 10.1126/scirobotics.aay2627

Torres eólicas de madeira são mais baratas e ambientalmente neutras

Redação do Site Inovação Tecnológica


Torres eólicas de madeira são mais baratas e ambientalmente neutras
A torre eólica está sendo construída de painéis de madeira laminada colada (MLC).
[Imagem: Modvion]

Madeira engenheirada

Embora a exploração e o uso da madeira não sejam vistos com bons olhos no Brasil, sempre às voltas com a devastação ilegal das florestas, o setor madeireiro é uma indústria próspera e sustentável em países do hemisfério norte, onde as árvores são plantadas e colhidas, como aqui se planta e colhe soja, milho, arroz ou qualquer outra cultura.

E, nesses países, a tecnologia da madeira também tem-se beneficiado de progressos em várias áreas, gerando o setor das chamadas "madeiras engenheiradas", que hoje movimenta bilhões de dólares no mundo todo.

As madeiras engenheiradas são produtos industriais derivados da madeira, pertencentes à classe dos compósitos, geralmente feitas mesclando madeira triturada com outros produtos, como resinas e colas de diversos tipos.

As principais vantagens são a utilização de madeiras não consideradas nobres como matéria-prima, sobretudo aquelas cultivadas por terem crescimento rápido, como as famílias dos pinheiros, e a geração de produtos industriais padronizados, como as placas de compensado, MDF, MDP, MLC etc.

Torre eólica de madeira

A mais recente das inovações na tecnologia da madeira vem da Suécia, onde pesquisadores do Centro Sueco de Tecnologia em Energia Eólica preparam-se para construir a primeira torre de turbina eólica inteiramente de madeira engenheirada.

A torre da madeira de teste, que está sendo construída na localidade de Bjorko, terá 30 metros de altura, será tão forte quanto as torres de aço e, segundo seus criadores, tornará a turbina eólica totalmente neutra em carbono.

A expectativa é que o protótipo esteja pronto ainda este ano. A construção conta com a parceria das empresas Modvion e Moelven Toreboda e está sendo feita com painéis de madeira laminada colada (MLC).

"Este é um grande avanço, que abre o caminho para a próxima geração de turbinas eólicas. A madeira laminada é mais forte do que o aço para o mesmo peso e, sendo construídas em módulos, as turbinas eólicas podem ser mais altas. Ao construir em madeira, também reduzimos as emissões de dióxido de carbono na fabricação e, em vez disso, armazenamos dióxido de carbono no projeto," disse Otto Lundman, da Modvion.

As torres eólicas em madeira também ficam significativamente mais baratas de construir do que as torres de aço, o que diminui o custo de produção da eletricidade gerada pela energia eólica. A expectativa é que elas tenham uma vida útil de 25 a 30 anos.

Torres eólicas de madeira são mais baratas e ambientalmente neutras
Vista interna de um dos módulos da torre eólica de madeira.
[Imagem: Modvion]

Próximas torres já agendadas

A torre de energia eólica que está sendo erguida será usada para fins de pesquisa. Mas, de acordo com as empresas, as primeiras torres de madeira serão construídas em escala comercial já em 2022. Os contratos já estão assinados para a construção de uma torre de 110 metros de altura e, com outro parceiro, outras 10 torres, com pelo menos 150 metros de altura.

"A madeira tem propriedades fantásticas, e precisamos construir muito mais em madeira se quisermos cumprir as metas climáticas. Para nós, é extremamente inspirador participar deste projeto-piloto, onde pudemos usar madeira renovável em um projeto para a produção de energia renovável," disse Johan Ahlén, da Toreboda.