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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Cientistas apostam em células-tronco em pesquisa para curar cegueira

Extraído da BBC - Brasil 


Cirurgiões em Londres realizaram uma operação pioneira para testar um novo tratamento de um tipo de cegueira usando células-tronco.



ThinkstockImage copyrightThinkstock
Image captionCirurgia será realizada em 10 pacientes idosos portadores da doença

A "cobaia" foi uma mulher de 60 anos, portadora de degeneração macular, uma doença ocular degenerativa, em procedimento realizado no Moorfields Eye Hospital. A doença é a principal causa de perda de visão em países desenvolvidos.
No Brasil, cerca de 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos têm a doença, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
A técnica envolve o uso de uma espécie de "remendo", feito com células oculares provenientes de doações, implantado na parte posterior da retina.
A cirurgia faz parte de um projeto criado há uma década para tentar reverter a perda de visão em pacientes com degeneração macular. Dez pacientes com o tipo "úmido" da doença, considerado o mais grave, participarão dos testes.
Todos eles têm expectativa de sofrer perda súbita de visão por conta de defeitos nos vasos sanguíneos localizados nos olhos.
Após a cirurgia, os pacientes serão monitorados por um ano para que se cheque se o tratamento é seguro e se houve melhora de visão.



BBCImage copyrightThinkstock
Image captionA degeneração macular é marcada pela morte de células responsáveis pela visão

A mulher que se submeteu à cirurgia não quis ser identificada. Segundo o coordenador do projeto, o médico Peter Coffey, do Instituto de Oftalmologia da University College London, o remendo de células parece estável.
"Não poderemos saber antes do Natal se a visão está boa e por quanto tempo pode ser mantida", explicou Coffey.
As células usadas na terapia são do epitélio pigmentar da retina (EPR), uma camada celular responsável pela "manutenção" dos fotorreceptores na mácula, o ponto do olho em que enxergamos com maior clareza e definição. Em casos de degeneração macular, as células EPR morrem e pacientes perdem sua visão central, que fica distorcida e borrada.
"Este é um projeto verdadeiramente regenerativo. No passado, era impossível substituir células perdidas. Se conseguirmos fazer com que as células implantadas funcionem, isso seria de imenso benefício para pessoas ameaçadas de cegueira", explica Lyndon Da Cruz, do Moorfields Eye Hospital, e que conduziu a cirurgia inicial.

'Viável'

A equipe trabalhando em Moorfields recebe apoio financeiro da empresa farmacêutica Pfizer.
Não é a primeira vez que cientistas usaram células-tronco em tratamentos de cegueira. Em 2012, pacientes com a doença de Stargardt, que também é marcada pela degeneração da visão, foram injetadas com embriões em experimentos nos EUA e na Grã-Bretanha, que também envolveram uma equipe de Moorfields.



BBC
Image captionPacientes com a degeneração sofrem danos à visão central

O hospital londrino também tem um programa em que 40 pacientes com degeneração macular receberam tratamento com células tiradas dos próprios olhos.
"Vimos alguns casos impressionantes de recuperação, com algumas pessoas conseguindo voltar a ler e a dirigir. E essa recuperação tem sido sustentada por anos", explica Da Cruz.
O médico, no entanto, ressalta que o uso de células dos próprios pacientes é complexo e traz riscos, o que explica o fato de o novo estudo usar as células-tronco, que podem produzir um suprimento ilimitado de células.
Estudos em animais mostraram, segundo Da Cruz, que o uso dos "remendos" é viável. Mas até que conheçam os primeiros resultados dos testes em humanos, seu funcionamento em humanos permanece uma incógnita.

Pneus que se autoconsertam estão a caminho

Redação do Site Inovação Tecnológica 




Adeus borracheiros: pneus que se autoconsertam estão a caminho
A borracha para pneus se une sozinha mesmo quando é totalmente seccionada. [Imagem: Amit Das et al. - 10.1021/acsami.5b05041]
Sem vulcanização
Pela primeira vez, químicos conseguiram fabricar uma borracha própria para uso em pneus sem o processo de vulcanização, que tem sido essencial para a fabricação dos pneus infláveis desde a sua invenção, nos anos 1920.
A vulcanização envolve a adição de enxofre ou outros compostos para tornar a borracha mais durável mantendo sua elasticidade - durante o processo, as cadeias poliméricas se unem por ligações covalentes.
O problema é que qualquer objeto cortante ou perfurante vai estragar o pneu e exigir um reparo que, ainda que permita que o pneu volte a rodar, nunca lhe dará de volta sua resistência original.
Materiais autocicatrizantes
A solução foi encontrada por Amit Das e seus colegas das universidades de Dresden (Alemanha) e Tampere (Finlândia) em uma nova geração de materiais conhecidos como "autocicatrizantes", uma categoria de materiais inteligentes que se rearranja de forma autônoma para corrigir uma falha estrutural.
Já existem diversas versões autocicatrizantes de borrachas e polímeros em geral, mas nenhum deles havia alcançado a estabilidade necessária para a fabricação de pneus.
Utilizando um novo processo simples, que evita completamente a vulcanização, os pesquisadores modificaram quimicamente uma borracha comercial para produzir um material durável e elástico que se autoconserta.
Agentes de ligação
Embora o processo possa ser acelerado aquecendo o pneu a 100ºC por 10 minutos, a resistência máxima foi recuperada em estado de repouso depois de 8 dias, quando a borracha resistiu a uma tensão de 754 libras por polegada quadrada.
Os pesquisadores afirmam que o material poderia ser ainda mais reforçado pela adição de agentes de ligação, como a sílica ou o negro de fumo.

Bibliografia:

Ionic Modification Turns Commercial Rubber into a Self-Healing Material
Amit Das, Aladdin Sallat, Frank Böhme, Marcus Suckow, Debdipta Basu, Sven Wiebner, Klaus Werner Stöckelhuber, Brigitte Voit, Gert Heinrich
ACS Applied Materials & Interfaces
Vol.: 7 (37), pp 20623-20630
DOI: 10.1021/acsami.5b05041

Micromotores capturam CO2 da água a 36 cm/h

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Micromotores capturam CO2 da água a 36 cm/h
A ideia é que esses micromotores possam ser utilizados no futuro como parte dos sistemas de tratamento de água. [Imagem: Laboratory for Nanobioelectronics/UCSD]
Acidificação dos oceanos
Engenheiros da Universidade da Califórnia estão propondo usar micromáquinas para capturar o dióxido de carbono excessivo nas águas de lagos, rios e até dos oceanos.
"Estamos entusiasmados com a possibilidade de usar esses micromotores para combater a acidificação dos oceanos e o aquecimento global," disse Virendra Singh, que faz parte da equipe da qual também participa a brasileira Severina de Oliveira, formada pela UFRN.
Eles são membros da equipe do professor Joseph Wang, que vem desenvolvendo micromotores há algum tempo, já tendo construído várias versões, incluindo um microfoguete alimentado pela própria água do mar, outro capaz de navegar pelo estômago humano e uma versão que navega pelo sangue para capturar células doentes.
Descarbonatação
Nestes novos experimentos, os micromotores descarbonataram rapidamente soluções aquosas saturadas com dióxido de carbono.
Em cinco minutos, os micromotores removeram 90% do CO2 de uma solução de água ionizada. Eles foram igualmente eficazes em uma solução de água do mar, removendo 88% do dióxido de carbono no mesmo período de tempo.
Os micromotores são essencialmente tubos - cada um com seis micrômetros de comprimento - que convertem dióxido de carbono em carbonato de cálcio, o mesmo mineral presente nas cascas dos ovos, nas conchas de organismos marinhos, nos suplementos de cálcio, no cimento etc.
Os microtubos têm uma superfície externa de polímero que contém a enzima anidrase carbônica, que acelera a reação entre o dióxido de carbono e a água para formar bicarbonato. A adição de cloreto de cálcio à água ajuda a converter o bicarbonato em carbonato de cálcio.
Micromotores capturam CO2 da água a 36 cm/h
Os micromotores têm seis micrômetros de comprimento e navegam a 36 cm/hora. [Imagem: Laboratory for Nanobioelectronics/UCSD]
A ideia é que esses micromotores possam ser utilizados no futuro como parte dos sistemas de tratamento de água.
Combustível poluente
Mas ainda resta bastante trabalho a fazer para que todas as ideias da equipe sejam postas em prática. O principal desafio é o combustível que movimenta os micromotores para que eles saiam pela água fazendo o seu trabalho.
Esse combustível é o peróxido de hidrogênio, que precisa estar presente em concentrações de até 4%, o que faz os micromotores atingirem velocidades de 0,1 milímetro por segundo - 36 cm/hora.
A equipe afirma estar trabalhando em uma versão alimentada apenas pela água.

Bibliografia:

Micromotor-Based Biomimetic Carbon Dioxide Sequestration: Towards Mobile Microscrubbers
Murat Uygun, Virendra V. Singh, Kevin Kaufmann, Deniz A. Uygun, Severina D. S. de Oliveira, Joseph Wang
Angewandte Chemie
Vol.: Article first published online
DOI: 10.1002/ange.201505155

Diodo para fluidos: um cano onde a água só corre para um lado

Redação do Site Inovação Tecnológica



Diodo para fluidos: um cano onde a água só corre para um lado
Esquema (esquerda) e protótipo (direita) do diodo para líquidos. [Imagem: Long Li et al. - 10.1103/PhysRevLett.115.134503]
Diodo para líquidos
O diodo é um componente eletrônico fundamental, que permite que a corrente elétrica flua apenas num sentido - acople dois diodos e você terá um transístor.
A novidade agora é a criação de um diodo para fluidos: um componente passivo - que não depende de energia externa para funcionar - que permite que o fluxo líquido caminhe apenas num sentido.
Isto permitirá a manipulação precisa dos fluidos, evitando contaminações no interior dos biochips, impedindo misturas indesejadas entre reagentes dentro de biorreatores e viabilizando a realização de exames de alta especificidade no interior de qualquer dispositivo microfluídico.
A microfluídica é a tecnologia que deu origem aos chamados microlaboratórios, que miniaturizaram a química fina a ponto de colocar laboratórios completos dentro de chips.
Retificação líquida
Para controlar a mistura dos líquidos no interior desses microlaboratórios, hoje se utilizam microválvulas, que são peças mecânicas, que precisam de acionamento elétrico e têm partes móveis que se desgastam.
Long Li, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, criou um diodo fluídico totalmente passivo, formado por uma sequência alternada de nanocanais revestidos com materiais hidrofílicos - que atraem os líquidos - e hidrofóbicos - que repelem os líquidos.
O processo de "retificação líquida" resiste a pressões de até 30 atmosferas, o que permitirá a imediata utilização da tecnologia em dispositivos micro e nano-fluídicos - acima dessa pressão, a força do líquido vence a hidrofibicidade dos canais.
O dispositivo também é mais versátil do que o diodo nanofluídico criado para controlar a passagem de íons em solução.

Bibliografia:

Nanofluidic Diode for Simple Fluids without Moving Parts
Long Li, Jingwen Mo, Zhigang Li
Physical Review Letters
Vol.: 115, 134503
DOI: 10.1103/PhysRevLett.115.134503

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Wi-Fi sem baterias é nova esperança da Internet das Coisas

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Wi-Fi sem baterias é nova esperança da Internet das Coisas
[Imagem: Univ. Washington]
Wi-Fi sem baterias
A Internet das Coisas promete muitas funcionalidades, mas o fato é que ninguém quer que cada uma de suas "coisas" tenha uma bateria ou precise ser ligada na tomada.
A saída pode estar em uma nova tecnologia Wi-Fi sem baterias, que acaba de ser desenvolvida por engenheiros da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Já existem redes sem fios e sem baterias que usam os sinais de TV do ambiente e também versão ópticas, que transferem dados usando a iluminação do ambiente.
Mas a tecnologia Wi-Fi está largamente disseminada, dispensando qualquer outro equipamento - é só pegar a "coisa" com capacidade Wi-Fi e ela estará prontamente plugada na internet.
"Se é para que os aparelhos da Internet das Coisas decolem, é preciso fornecer conectividade aos potencialmente bilhões de dispositivos sem bateria que serão incorporados nos objetos do dia-a-dia," afirmou Shyam Gollakota, um dos inventores da nova técnica. "Agora temos a capacidade de conectividade Wi-Fi consumindo ordens de magnitude menos energia do que o Wi-Fi requer normalmente."
Retroespalhamento Wi-Fi
A tecnologia, que se chama retroespalhamento Wi-Fi, usa como fonte de energia os sinais de rádio emitido pelos roteadores sem fio, pelas TVs ou rádios, de forma similar com o que ocorre com as etiquetas RFID.
Uma antena plana tem a função de retirar energia das ondas de radiofrequência do ambiente e rastrear os sinais Wi-Fi.
Para transmitir seus dados, o circuito associado à antena reflete ou não reflete os sinais do roteador, injetando suas informações como pequenas alterações no sinal que está circulando entre o roteador e um computador, tablet ou telefone inteligente.
O software rodando nesses equipamentos detecta as alterações no sinal e filtra os dados da "coisa" conectada - esses equipamentos já precisam fazer essa filtragem já que os sinais Wi-Fi sofrem pequenas alterações o tempo todo, quando batem nas paredes ou nos móveis, por exemplo.
O protótipo comunica-se a uma velocidade de 1 kbps (kilobit por segundo) a uma distância de até 2,1 metros do computador ou roteador.
A equipe afirma que pretende chegar a um alcance de 20 metros e então colocar a tecnologia no mercado.

Bibliografia:

Wi-Fi Backscatter: Internet Connectivity for RF-Powered Devices
Bryce Kellogg, Aaron Parks, Shyamnath Gollakota, Joshua R. Smith, David Wetherall
http://iotwifi.cs.washington.edu/files/wifiBackscatter.pdf

Investir em energia solar custa 8 vezes menos que em termoelétricas, diz WWF

Agência Brasil



Estudo divulgado hoje (28) pela organização não governamental WWF Brasil mostra que a substituição do uso de energia fornecida por usinas termoelétricas pela de geração fotovoltaica (energia solar) poderia gerar uma economia de R$ 150 bilhões em um período de cinco anos. De acordo com o WWF, subsidiar a energia fotovoltaica em vez da termoelétrica emergencial – usada atualmente diante da diminuição da geração hidroelétrica – é oito vezes menos custoso.
“A substituição das termoelétricas incrementais por uma geração fotovoltaica distribuída mostra-se bastante viável. De acordo com o modelo apresentado no estudo, subsidiar essa forma de geração é oito vezes menos custoso. Mesmo em um cenário em que, após cinco anos, os reservatórios voltassem ao patamar de segurança e não houvesse crise hídrica pelos 20 anos seguintes, o país teria uma economia da ordem de R$ 150 bilhões”, diz o estudo.
O WWF Brasil propõe uma transição gradual do modelo termoelétrico para o fotovoltaico, em que o valor que atualmente é gasto para a contratação de energia das termoelétricas seria reduzido, ao mesmo tempo em que seria aumentado o investimento na instalação de energia fotovoltaica por um período de cinco anos. O objetivo é que, após esse período, a produção de energia fotovoltaica atinja 40 TWh por ano, a mesma quantidade contratada hoje das termoelétricas emergenciais.
“Atualmente o governo tem gerado muitos incentivos econômicos para fazer a sustentação da segurança energética do país por meio de termoelétricas. O que a gente propõe aqui é fazer uma transição gradual para energia solar, tendo a energia solar como uma energia apoiando a energia hidroelétrica no Brasil, e manter as termoelétricas de backup, que é o papel delas, caso precise, e não operando todo ano igual a gente está tendo agora”, disse o coordenador de Mudanças Climáticas e Energia do WWF, André Nahur.
A substituição da energia termoelétrica pela fotovoltaica, no entanto, ainda enfrenta o entrave da falta de financiamento no país. Segundo Nahur, países que estão fazendo a transição, como Alemanha, Japão, e Itália, têm linhas de financiamento diferenciadas para a energia de base solar a cerca de 6% ao ano. Já no Brasil, o crédito para essa finalidade é pequeno e destinado a grandes projetos.
“Hoje em dia, as linhas de financiamentos que a gente tem que são por meio do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e de alguns bancos privados. O que a gente precisaria hoje seria de linhas diferenciadas de financiamento com juros de mais ou menos 6% ao ano”, disse Nahur.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Inteligência artificial: máquinas que pensam devem surgir 'até 2050'


Foto: ThinkstockImage copyrightThinkstock
Image captionPesquisas sobre inteligência artificial avançaram a partir dos anos 1990 com nova abordagem

Especialistas acreditam que a inteligência das máquinas se equiparará à de humanos até 2050, graças a uma nova era na sua capacidade de aprendizado.
Computadores já estão começando a assimilar informações a partir de dados coletados, da mesma forma que crianças aprendem com o mundo ao seu redor.
Isso significa que estamos criando máquinas que podem ensinar a si mesmas a participar de jogos de computador – e ser muito boas neles – e também a se comunicar simulando a fala humana, como acontece com os smartphones e seus sistemas de assistentes virtuais.
Fei-Fei Li, professora da Universidade de Stanford e diretora do laboratório de visão computacional da instituição, passou os últimos 15 anos ensinando computadores a enxergar.
Seu objetivo é criar olhos eletrônicos para robôs e máquinas e torná-los capazes de entender o ambiente em que estão.

Metade da capacidade cerebral de um humano é usada no processamento visual, algo que fazemos sem um grande esforço aparente.
"Ninguém diz para uma criança como enxergar. Ela aprende isso por meio de experiências e exemplos do mundo real", disse Li em sua palestra na conferência TED neste ano.
"Se você pensar, os olhos de uma criança são como um par de câmeras biológicas que tiram fotografias a cada 200 milissegundos, o tempo médio dos movimentos oculares. Então, aos 3 anos de idade, uma criança teria centenas de milhões de fotos. Isso é um grande treinamento."
Ela decidiu ensinar computadores da mesma forma. "Em vez de só me concentrar em criar em algoritmos cada vez melhores, minha ideia é dar aos algoritmos o treinamento que crianças recebem por meio de experiências, quantitativamente e qualitativamente."

Treinamento


Foto: TEDImage copyrightTED
Image captionCientista de Stanford, Fei-Fei Li busca ensinar máquinas como enxergar

Em 2007, Li e um colega de profissão deram início a uma tarefa desafiadora: filtrar e identificar 1 bilhão de imagens obtidas na internet para que sirvam de exemplos do que é o mundo real para um computador.
Eles pensavam que, se uma máquina visse imagens suficientes de uma determinada coisa, como um gato, por exemplo, seria capaz de reconhecer isso na vida real.
Eles pediram ajuda em plataformas de colaboração online e contaram com o apoio de 50 mil pessoas de 167 países. No fim, tinham a ImageNet, uma base dados de 15 milhões de imagens relativas a 22 mil tipos de objetos, organizada de acordo com seus nomes em inglês.
Isso se tornou um recurso valioso usado por cientistas ao redor do mundo que buscam conferir aos computadores uma forma de visão.
Todos os anos, a Universidade de Stanford realiza uma competição, convidando empresas como Google, Microsoft e a chinesa Baidu, para testar a performance de seus sistemas com base na ImageNet.
Nos últimos anos, estes sistemas tornaram-se especialmente bons em reconhecer imagens, com uma margem de erro média de 5%.
Para ensinar computadores a reconhecer imagens, Li e sua equipe usaram redes neurais, nome dado a programas de computadores feitos a partir de células artificiais que funcionam de forma muito semelhante à de um cérebro humano.
Uma rede neural dedicada a interpretar imagens pode ter desde algumas centenas a até milhões destes neurônios artificiais, dispostos em camadas.
Cada camada reconhece diferentes elementos de uma imagem. Uma aprende que uma imagem é feita de pixels. Outra reconhece cores. Uma terceira determina seu formato e assim por diante.
Ao chegar à camada superior – e as redes neurais hoje têm até 30 camadas –, esta rede é capaz de ter uma boa noção do que se trata a imagem.

Foto: StanfordImage copyrightUniversidade de Stanford
Image captionPesquisa em Stanford criou programa capaz de identificar imagens com grande precisão

Em Stanford, uma máquina assim agora escreve legendas precisas para vários tipos de imagens, apesar de ainda cometer erros, como, por exemplo, dizer que uma foto de um bebê segurando uma escova de dente foi identificada como "um menino segurando um taco de beisebol".
Apesar de uma década de trabalho duro, disse Li, esta máquina ainda tem a inteligência de uma criança de 3 anos. E, ao contrário desta criança, ela não é capaz de compreender contextos.
"Até agora, ensinamos um computador a ver objetivamente ou a nos contar uma história simples quando vê uma imagem", afirmou Li.
Mas, quando pede para que a máquina avalie uma imagem de seu filho em uma festa de família, o computador simplesmente diz se tratar de um "menino de pé ao lado de um bolo".
"O computador não vê que é um bolo especial que é servido apenas na época da Páscoa", explicou Li.
Este é o próximo passo de sua pesquisa no laboratório: fazer com que máquinas entendam uma cena por completo, além de comportamentos humanos e as relações entre diferentes objetos.
A meta final é criar robôs que "enxergam" para que auxiliem em cirurgias, buscas e resgates e que, no fim das contas, promovam melhorias em nossas vidas, segundo Li.

Progresso


Foto: APImage copyrightAP
Image captionNos anos 1950, Alan Turing já especulava sobre máquinas pensantes

O complexo trabalho realizado em Stanford tem como base o lento progresso obtido nesta área nos últimos 60 anos.
Em 1950, o cientista da computação britânico Alan Turing já especulava sobre o surgimento de uma máquina pensante, e o termo "inteligência artificial" foi cunhado em 1956 pelo cientista John McCarthy.
Após alguns avanços significativos nos anos 1950 e 1960, quando foram criados laboratórios de inteligência artificial em Stanford e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês), ficou claro que a tarefa de criar uma máquina assim seria mais difícil do que se pensava.
Veio então o chamado "inverno da inteligência artificial", um período sem grandes descobertas nesta área e com uma forte redução no financiamento de suas pesquisas.
Mas, nos anos 1990, a comunidade dedicada à inteligência artificial deixou de lado uma abordagem baseada na lógica, que envolvia criar regras para orientar um computador como agir, para uma abordagem estatística, usando bases de dados e pedindo para a máquina analisá-los e resolver problemas por conta própria.

Foto: SPLImage copyrightScience Photo Library
Image captionCientistas estão ensinando máquinas a como agir como humanos

Nos anos 2000, um processamento de dados mais veloz e a grande oferta de dados criaram um ponto de inflexão para a inteligência artificial, fazendo com que esta tecnologia esteja presenta em muitos dos serviços que usamos hoje.
Ela permite que a Amazon recomende livros, o Netflix indique filmes e o Google ofereça resultados de buscas mais relevantes. Algoritmos passaram a estarem presentes nas negociações feitas em Wall Street, indo às vezes longe demais, como em 2010, quando um algoritmo foi apontado como culpado por uma perda de bilhões de dólares na Bolsa Nova York.
Também serviu de base para os assistentes virtuais de smartphones, como a Siri, da Apple, o Now, do Google, e a Cortana, da Microsoft.
Neste momento, máquinas assim estão aprendendo em vez de pensar. É alvo de controvérsia se é possível programar uma máquina para pensar, já que a complexa natureza do pensamento humano tem intrigado cientistas e filósofos há séculos.
E ainda assim restarão elementos da mente humana, como sonhar acordado, por exemplo, que máquinas nunca serão capazes de replicar.
Ainda assim, a habilidade destes computadores vem melhorando, e a maioria das pessoas concorda que a inteligência artificial está entrando em sua era de ouro e só se tornará mais eficiente aqui daqui em diante.

Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico

Com informações da BBC 



Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Dirk Wiersma/BBC]
Fluorita
Esqueça os rubis, as granadas e as safiras. A fluorita é provavelmente o mineral mais colorido do mundo por causa da enorme variedade de cores brilhantes e até iridescentes que exibe.
E o mais incrível é que o cristal puro de fluorita é transparente.
A cor de um cristal é determinada pela maneira como a luz interage com suas moléculas e como elas são organizadas. Qualquer impureza que consegue penetrar na fluorita pode alterar sua aparência. Íons de manganês, por exemplo, a tornam cor de laranja.
Defeitos estruturais também têm o mesmo efeito. A cor roxa-escura que é típica da fluorita é resultado de um pequeno número de íons de fluoreto sendo permanentemente forçados para fora de suas posições pela irradiação ou pelo calor. Quando eles se movem, um elétron é deixado para trás em cada buraco. Ao incidir no cristal, a luz é absorvida e reemitida por esses elétrons, produzindo a cor que enxergamos.
A fluorita foi essencial no progresso do processo de fabricação de chips no início dos anos 2000, e hoje estão presentes em várias tecnologias de lentes ópticas.
Selenita
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Javier Trueba/BBC]
Enterrada sob as montanhas da Serra de Naica, no Estado de Chihuahua, no norte do México, a Caverna dos Cristais abriga os maiores cristais do planeta.
Gigantescas vigas brancas de selenita - algumas medindo mais de 11 metros de comprimento e 1 metro de largura - cruzam-se na câmara subterrânea.
"Não existe outro lugar na Terra onde o reino mineral se revele com tanta beleza," afirma o geólogo Juan Manuel García-Ruiz, da Universidade de Granada, na Espanha, especialista em cristais.
O lugar foi descoberto em 2000 por dois irmãos que escavavam túneis na mina de Naica, em busca de novas jazidas de zinco, prata e chumbo. A cavidade, que mede cerca de 10 metros por 30 metros, estava inundada com água quente. Apenas quando os mineradores começaram a bombear a água, as monumentais estruturas surgiram.
Em 2007, García-Ruiz e sua equipe descobriram como os cristais conseguiram crescer tanto. Há cerca de 26 milhões de anos, a atividade vulcânica sob a mina encheu a caverna com água quente e rica em anidrita. Esse mineral é estável em temperaturas superiores a 58°C, mas, à medida que o magma presente se resfriou, a anidrita se dissolveu na água.
Lentamente, ao longo de centenas de milhares de anos, seus componentes químicos se rearranjaram como gipsita, que pode assumir a forma de cristais. E grandes cristais alongados de gipsita são conhecidos como selenita - apesar do nome, ela nada tem a ver com o selênio, sendo um sulfato de cálcio hidratado - seu nome deriva "selene" a palavra grega para lua.
Outra caverna descoberta mais perto da superfície em Naica também contêm espetaculares colunas de selenita, ainda que menores.
Espato da Islândia
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Natural History Museun London/BBC]
As sagas da Islândia no século 10 relatam os detalhes das aventuras dos vikings e descrevem uma misteriosa "pedra do sol", que os navegadores escandinavos usavam para localizar o Sol no céu e se orientarem em dias nublados.
A identidade dessa pedra intrigou geólogos durante séculos. Em 2011, estudiosos franceses e canadenses levantaram a hipótese de se tratar do mineral conhecido como espato da Islândia.
Essa variedade transparente da calcita é comum nos países nórdicos, e é capaz de refratar a luz de duas formas diferentes, produzindo uma imagem dupla. Isto se deve a discrepâncias entre as forças que mantêm os átomos dos cristais unidos - elas são mais fortes em algumas direções do que em outras.
Quando a luz passa através de um cristal de calcita, ela se divide em dois feixes. A assimetria da estrutura do cristal faz com que os caminhos desses feixes adotem diferentes ângulos, resultado na imagem dupla.
Quartzo
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Sindair Stammers/BBC]
O quartzo - óxido de silício - está na base de toda a tecnologia eletrônica atual, mas o mineral também possui "superpoderes" por causa de suas assimetrias estruturais.
Se comprimido, um cristal de quartzo gera uma leve corrente elétrica, pois a pressão na superfície força os íons internos a saírem de sua posição original. Isso desequilibra a carga total no cristal, fazendo dele uma minúscula pilha com faces de cargas opostas.
Esse fenômeno é conhecido como "efeito piezoelétrico", e também funciona ao revés: o cristal se comprime se for submetido a uma corrente elétrica. Esse efeito está por trás do promissor campo dos nanogeradores e da colheita de energia.
Relógios de quartzo e rádios usam minúsculas lascas do cristal como osciladores para manter a hora certa ou ditar seu ritmo interno. Sempre que você ouvir falar do "clock" (relógio) de um computador ou outro circuito, saiba que há um cristal de quartzo fazendo os tiquetaques que dão a batida esse circuito.
O quartzo também foi fundamental para uma maior compreensão geral dos cristais, principalmente como seus átomos são arranjados. As fibras ópticas também nasceram a partir do quartzo.
Galena
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Martin Land/BBC]
A galena é o mineral de chumbo mais comum no planeta, e um importante minério de chumbo e prata.
Mas essa é apenas um de seus papéis. Sua capacidade de extrair música e vozes de ondas de rádio é o que a torna verdadeiramente sedutora - talvez você já tenha ouvido falar dos rádios de galena.
Ocorre que a galena é um semicondutor, o que significa que ela conduz eletricidade sob certas circunstâncias.
Em um rádio de galena, um fino fio metálico conhecido como "bigode de gato" pousa delicadamente na superfície de um cristal de galena. Isso permite que uma corrente passe tranquilamente em uma direção, mas não na oposta, convertendo as ondas de rádio capturadas por uma antena em um sinal elétrico que é transformado em som por autofalantes.
Cristais de carbono extraterrestres
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Tony & Daphne Hallas/BBC]
O diamante é o material mais duro encontrado naturalmente na Terra - do qual temos conhecimento, pelo menos - servindo para atividades industriais como corte, trituração, perfuração e polimento.
Mas dois novos tipos de cristais de carbono ultraduros, encontrados em 2010 em um meteorito caído na Finlândia anos antes, podem abalar a reputação do diamante.
O meteorito de Haverö se chocou com a Terra em 1971. Quando pesquisadores usaram uma pasta de diamante para polir uma de suas fatias, eles notaram algo extraordinário: pequenos bolsões de material emergiam na superfície. Ao analisá-los, descobriram se tratar de duas formas completamente novas de carbono.
Os pesquisadores também observaram que uma das substâncias era um tipo de carbono cristalino, algo "intermediário entre o grafite e o diamante". Eles acreditam que os choques de pressão e o calor intenso provocados pela entrada do meteorito na atmosfera fundiram várias camadas de grafite, formando a nova substância.
Hoje já se estudam vários planetas de carbono e estrelas de diamante, onde condições extremas podem dar origem a minerais ainda desconhecidos por aqui.
Autunita
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Joem Arem/BBC]
A autunita é um mineral que se poderia chamar de encantador - seus cristais em forma de tablete parecem escamas amarelo-esverdeadas.
O mais impressionante, ele é fluorescente, embora sua composição de urânio o torne radioativo.
Quando uma luz ultravioleta incide em um cristal de autunita, ela transmite energia para elétrons dentro dos átomos de urânio. Cada partícula excitada momentaneamente salta para fora do núcleo do átomo e depois volta para ele.
É nesse momento que os elétrons liberam flashes de luz visível. E o efeito coletivo faz a autunita ter um aspecto geral de emitir um verde brilhante.
Açúcar
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Ted Kinsman/BBC]
Quer ver um cristal brilhar, mas não tem um museu de mineralogia na vizinhança? Isso não é um problema. Basta recolher alguns cubos de açúcar, ir para um quarto totalmente escuro e usar o fundo de um copo para esmagá-lo. É muito provável que você observe um pálido brilho azul emanando dos cristais.
Isso se chama triboluminescência e foi notado pela primeira vez pelo sábio Francis Bacon, no século 17. Mas até hoje ainda é um mistério para os cientistas entender como o açúcar é capaz de tal fenômeno.
Algumas teorias defendem que, quando seus cristais são fraturados ou esmagados, sua estrutura assimétrica incentiva a formação de minúsculos campos piezoelétricos. Isso separa as cargas positivas e negativas dentro do cristal e, quando elas se recombinam, geram uma faísca. As moléculas de nitrogênio retidas dentro dos cristais então absorvem essa energia e brilham, como acontece durante uma tempestade.
Cristais fotônicos
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: James King-Holmes/BBC]
Cristais fotônicos são minúsculas estruturas repetidas, cada uma com cerca de um bilionésimo de metro de comprimento, que controlam e manipulam o fluxo da luz.
Dependendo dos ângulos de suas faces, esses cristais só deixam passar certos comprimentos de onda de luz - certas cores -, enquanto bloqueiam todos os outros.
Mas os comprimentos de onda próximos daqueles rejeitados se espalham e interferem uns com os outros. Isso cria cores vívidas e uma iridescência impressionante - até mesmo em insetos como borboletas e besouros - esses são os cristais biofotônicos.
É possível fabricar cristais fotônicos simples a partir de polímeros sintéticos, que já são usados para criar materiais como a cobertura refletiva de óculos de sol, por exemplo.
Ao replicar estruturas fotônicas mais complexas, como as dos insetos, pode ser possível melhorar tecnologias como as das fibras ópticas e células solares. Muitas pesquisas nessa área já estão trazendo novidades, entre as quais memórias RAM de luz e processadores de computador fotônicos.
Cristais de gelo vulcânico
Dez cristais com magia, beleza... e potencial tecnológico
[Imagem: Chadden Hunter/BBC]
O Morte Eerebus, na Antártida, é o vulcão ativo localizado no ponto mais ao sul do planeta. Seu cume é pontilhado por uma rede de cavernas de gelo que abrigam frágeis formações de gelo que não existem em nenhum outro lugar da Terra.
O labirinto foi esculpido na camada de neve por gases quentes vindos do vulcão, que se infiltram através das rachaduras e fissuras da rocha subjacente.

Dentro das cavernas, o ar quente e úmido do vulcão atinge as paredes geladas, congelando-se e adquirindo formas complexas e com aspecto de penas, guiadas pelas correntes de ar.