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domingo, 29 de abril de 2018

INPE será o centro de dados da missão europeia Copernicus na América Latina

Pelo INPE


Imagem INPE será o centro de dados da missão europeia Copernicus na América Latina
Uma parceria com a União Europeia no Programa Copernicus permitirá ao Brasil ter acesso aos satélites Sentinel. Na América Latina, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) será responsável pelo recebimento e distribuição dos dados da missão europeia. As novas imagens devem contribuir no monitoramento de biomas sensíveis, como a floresta tropical e o cerrado, da zona costeira e massas de águas interiores, além do desenvolvimento urbano.

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, representou o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, na cerimônia de assinatura do acordo de cooperação com a União Europeia, realizada nesta quinta-feira (08/03) na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, em São Paulo. Pelo INPE, também participaram Adriana Thomé, chefe da Seção de Relações Internacionais, e Leila Fonseca, coordenadora da área de Observação da Terra.

A assinatura do acordo conclui a primeira etapa do processo para que o INPE se torne o hub regional da América Latina para os dados do Programa Copernicus. Na segunda etapa serão assinados arranjos técnicos com a Agência Espacial Europeia (ESA) e com a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat).

Ao receber as instalações necessárias para o downlink de dados da nova constelação de satélites Sentinel, o INPE estará ampliando largamente a capacidade do seu centro de dados, além de assegurar o acesso à próxima geração de tecnologias de observação da Terra. Isso proporcionará a oferta de novos produtos de sensoriamento remoto de última geração para a comunidade da América Latina.

Aplicações

A missão radar de abertura sintética do Sentinel-1, o primeiro satélite da série, poderá ser utilizada nos estudos sobre a tecnologia de detecção de navios e monitoramento de derramamento de óleo na costa brasileira, em parceria com a Marinha e com o Ibama, no contexto do Plano de Contingência Nacional. É prevista uma crescente demanda pelas imagens de radar como resultado de novas rodadas de licitações para a exploração do petróleo do pré-sal em águas brasileiras. Outra aplicação em crescimento no Brasil é o uso da técnica de interferometria diferencial para detecção de deformação do solo.

Com relação ao próximo satélite da série, o Sentinel 2, suas imagens ópticas de alta resolução terão importância estratégica para apoiar os esforços do INPE em seus programas que monitorar o desmatamento.

Já os dados do Sentinel 3 terão impacto importante para o monitoramento de sistemas aquáticos, entre outras aplicações oceanográficas e atmosféricas.

Mais informações:
http://www.copernicus.eu/main/sentinels





sexta-feira, 27 de abril de 2018

Nova tecnologia vai vigiar o planeta inteiro em tempo real a partir do Espaço! Bill Gates é um dos investidores

Pelo site Engenharia é




Uma nova empresa chamada EarthNow quer avançar com o mega projeto para fornecer imagem de satélite, em tempo real, de qualquer canto do mundo… com uma latência de um segundo. E podemos ver que este projeto tem muitas chances de sair do papel, afinal são muitos investidores gigantes.
A primeira lista de investidores inclui: AirBus, SoftBank Group, Bill Gates e Greg Wyler. O dinheiro do investimento inicial não foi divulgado, mas um comunicado oficial indica que o mesmo foi utilizado “focando primariamente na maturação do design do sistema para oferecer serviços únicos de observação da Terra em tempo real”.
A empresa OneWeb, de Greg Wyler, já tem satélites altamente avançados que fornecem imagens com apenas 130ms de latências. A EarthNow usará uma versão expandida desta tecnologia. “Cada satélite estará equipado com uma quantidade sem precedentes de poder de processamento, incluindo mais CPU que todos os outros satélites comerciais combinados,” também se pode ler no comunicado oficial. Também é referido que existirá inteligência artificial no tratamento das imagens dentro do próprio satélite, mas poucos dados foram avançados sobre esta funcionalidade.
O CEO da empresa, Russel Gannigan, afirmou ao The Wall Street Journal que o projeto custará por volta de $1 bilhão de dólares.
Onde essa tecnologia poderá ser aplicada?
A EarthNow avançou com uma série de possíveis usos para a sua tecnologia: identificar pescas ilegais em tempo real, acompanhar o desenvolvimento de furações e tufões, detectar fogos florestais no momento em que começam, ver desde o primeiro momento a erupção de vulcões, acompanhar as migrações de animais, ajudar “cidades inteligentes” tornarem-se mais eficientes, fornecer informação sobre a saúde de plantações e observar zonas de conflito em todo o mundo.
Esta é a lista completa de utilizações que a EarthNow decidiu enumerar, mas não é dificil imaginar muitas outras, algumas delas com potencial de ajudar a humanidade em lidar com os seus desafios, enquanto que outras… nem tanto.
Quem é que pode ter essas informações?
O plano é que qualquer pessoa com um smartphone ou tablet e acesso à internet possa ter acesso instantâneo às imagens a ser captadas pelo sistema. Se uma aplicação com essas características for lançada, estaremos perante um Google Maps muito mais sofisticado.

Austrália vem usando toner de impressora para pavimentar as ruas e já reduziu as emissões em 40%

Pelo site Engenharia é



Uma empresa australiana Downer está consertando estradas com toner de impressora usado. A criação do produto chamado TonerPave a se deu a partir de uma mistura de pó de toner de asfalto, cera, minerais, pigmentos, óxido de ferro, sílica e resíduos de tinta acrílica.
A cidade de Sydney testou inicialmente o produto em 2010 e, desde então, reciclou mais de 20.000 toneladas de cartuchos. Ao usar o TonerPave, a cidade estima que reduziu as emissões em 40% em comparação com o uso de asfalto convencional.
Downer está em parceria com a Close the Loop, que se dedica a tornar a Economia Circular uma realidade, oferecendo as melhores soluções de sustentabilidade para empresas que desejam melhorar sua Responsabilidade Social Corporativa por meio da recuperação eficaz e eficiente e da reutilização de recursos valiosos de seus produtos ”.
A organização tem um compromisso dedicado a zero resíduos em aterros sanitários. Close the Loop desenvolveu o ingrediente-chave em TonerPave chamado MTP (Modified Toner Polymer).

Brasileiros ajudam a melhorar enzima que come PET

Com informações da Agência Fapesp 



Brasileiros ajudam a melhorar enzima que come PET
A PETase é mostrada em azul com uma cadeia de PET (amarelo) ligada a seu sítio ativo, onde o polímero é degradado.[Imagem: Rodrigo Leandro Silveira]









Bactéria que come PET
Em 2016, a equipe do professor Shosuke Yoshida, da Universidade de Quioto, identificou uma nova espécie de bactéria, a Ideonella sakaiensis, que é capaz de usar o polietileno tereftalato - o conhecido PET das garrafas de refrigerante - como fonte de carbono e energia. Em outras palavras, a bactéria se alimenta de PET.
Trata-se, até hoje, do único organismo conhecido com essa capacidade e a única exceção ao fato de que todos os seres vivos conhecidos utilizam biomoléculas para sobreviver - a Ideonella sakaiensis utiliza uma molécula sintética, fabricada pelo ser humano.
Isso significa que essa bactéria é resultado de um processo evolutivo muito recente, ocorrido ao longo das últimas décadas. Ela conseguiu se adaptar a um polímero que foi desenvolvido no início dos anos 1940 e só começou a ser utilizado em escala industrial nos anos 1970. E ela faz isso usando uma enzima, que foi batizada de PETase.
PETase
Agora, pesquisadores brasileiros ajudaram a melhorar essa enzima, aumentando sua capacidade de "quebrar" as moléculas do PET, abrindo caminho para seu uso contra um dos principais problemas ambientais da atualidade: a poluição por plásticos, que demoram muito a se degradar no meio ambiente.
"Além de identificar a Ideonella sakaiensis, os japoneses descobriram que ela produzia duas enzimas que são secretadas para o meio ambiente. Uma das enzimas secretadas era justamente a PETase. Por ter certo grau de cristalinidade, o PET é um polímero muito difícil de ser degradado. Usamos tecnicamente o termo 'recalcitrância' para nomear a propriedade que certos polímeros muito empacotados possuem de resistir à degradação. O PET é um deles. Mas a PETase o ataca e o decompõe em pequenas unidades - o ácido mono(2-hidroxietil)tereftálico (MHET). As unidades de MHET são então convertidas em ácido tereftálico e absorvidas e metabolizadas pela bactéria," detalhou o pesquisador Rodrigo Leandro Silveira, do Instituto de Química da Unicamp.
Rodrigo e seu colega Munir Salomão Skaf participaram da pesquisa para o melhoramento da PETase ao lado de pesquisadores da Universidade de Portsmouth (Reino Unido) e do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA.
Brasileiros ajudam a melhorar enzima que come PET
A PETase ataca o PET e o decompõe em pequenas unidades MHET. As unidades de MHET são então convertidas em ácido tereftálico e absorvidas e metabolizadas pela bactéria. [Imagem: Harry P. Austin et al. - 10.1073/pnas.1718804115]
Acelerando a evolução
De posse da estrutura tridimensional da PETase, os pesquisadores começaram a compará-la com proteínas aparentadas. A mais parecida é uma cutinase da bactéria Thermobifida fusca, que degrada a cutina, uma espécie de verniz natural que recobre as folhas das plantas. Certos microrganismos patogênicos utilizam cutinases para romper a barreira de cutina e se apropriar dos nutrientes presentes nas folhas.
A comparação tinha como objetivo identificar exatamente o que na PETase a torna capaz de degradar o PET. Para isso, a tática era ir eliminando partes da PETase até que ela "se reduzisse" a uma cutinase. Mas não foi isso o que a equipe obteve: eles atiraram no que viram, e acertaram no que não viram.
"Descobrimos que a PETase e a cutinase têm dois aminoácidos diferentes no sítio ativo. Por meio de procedimentos de biologia molecular, produzimos então mutações na PETase, com o objetivo de transformá-la em cutinase," contou Rodrigo. "Mas, para nossa surpresa, ao tentar suprimir a atividade peculiar da PETase, isto é, ao tentar transformar a PETase em cutinase, produzimos uma PETase ainda mais ativa. Buscávamos reduzir a atividade e, em vez disso, a aumentamos."
Com a modelagem e as simulações por computador, foi possível perceber que as alterações produzidas na PETase favorecem o acoplamento da enzima com o substrato - a enzima modificada se liga melhor ao polímero.
Em termos de uma futura aplicação prática, de obter um ingrediente capaz de degradar toneladas de lixo plástico, o estudo mostrou-se muito promissor. Agora deverão começar os esforços para passar da escala de laboratório para a industrial. Para isso, será necessário desenvolver a engenharia de reatores, otimização dos processos e avaliação de custos.
"O fato de termos conseguido uma enzima melhor fazendo uma pequena alteração sugere fortemente que essa evolução [da PETase] ainda não foi completada. Ainda há novas possibilidades evolutivas a serem compreendidas e exploradas, com vistas à obtenção de enzimas ainda mais eficientes. A PETase melhorada não é o fim do caminho. É apenas o começo," disse Rodrigo.

Bibliografia:

Characterization and engineering of a plastic-degrading aromatic polyesterase
Harry P. Austin, Mark D. Allen, Bryon S. Donohoe, Nicholas A. Rorrer, Fiona L. Kearns, Rodrigo L. Silveira, Benjamin C. Pollard, Graham Dominick, Ramona Duman, Kamel El Omari, Vitaliy Mykhaylyk, Armin Wagner, William E. Michener, Antonella Amore, Munir S. Skaf, Michael F. Crowley, Alan W. Thorne, Christopher W. Johnson, H. Lee Woodcock, John E. McGeehan, Gregg T. Beckham
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 201718804
DOI: 10.1073/pnas.1718804115

Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
Densidade de energia dos diversos produtos da conversão do CO2. [Imagem: Oleksandr S. Bushuyev et al. - 10.1016/j.joule.2017.09.003]
Captura e conversão do CO2
O dióxido de carbono (CO2) emitido por usinas de energia e fábricas não precisa ir para a atmosfera.
Tem havido um grande otimismo de que, em um horizonte de uma década, seremos capazes de capturar de forma economicamente viável o CO2 das chaminés e convertê-lo em substâncias úteis para matérias-primas, biocombustíveis, produtos farmacêuticos ou combustíveis renováveis.
"Da mesma forma que uma planta absorve dióxido de carbono, luz solar e água para produzir açúcar, estamos interessados em usar tecnologias para extrair energia do Sol ou de outras fontes renováveis para converter CO2 em pequenas moléculas básicas que possam ser desenvolvidas [em substâncias úteis] usando meios tradicionais da química para uso comercial. Nós estamos tirando inspiração da natureza e fazendo-o de forma mais rápida e eficiente," ilustra o professor Phil De Luna, da Universidade de Toronto, no Canadá.
Base para biocombustíveis
Mas o que exatamente será melhor fazer com o dióxido de carbono capturado, se quisermos realmente transformá-lo em solução, e não em novos problemas?
Luna e seus colegas fizeram uma análise exaustiva, tanto das possibilidades teóricas, quanto dos avanços já realizados em pesquisas experimentais, buscando responder essa questão. Eles identificaram uma série de pequenas moléculas básicas que fazem sentido econômico e poderiam ser fabricadas pela conversão do CO2 capturado.
Para o campo do armazenamento de energia, o mais interessante seria usar o dióxido de carbono para produzir hidrogênio, metano e etano, todos eles podendo ser usados como biocombustíveis para queima ou para uso em células a combustível para geração direta de eletricidade.
Adicionalmente, etileno e etanol poderiam servir como blocos básicos para fabricação de uma série de bens de consumo.
Finalmente, o ácido fórmico derivado do CO2 poderia ser usado pela indústria farmacêutica ou como combustível em células a combustível.
Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
O exercício de futurologia da equipe coloca a eletrocatálise como a opção mais promissora a curto prazo. [Imagem: Oleksandr S. Bushuyev et al. - 10.1016/j.joule.2017.09.003]
Tecnologias engatinhando
O lado realista da análise é que as tecnologias que podem capturar o CO2 residual e transformá-lo no que quer que seja ainda estão engatinhando.
Com base na análise das start-ups atualmente desenvolvendo estratégias para uso comercial dos trabalhos em laboratório de seus fundadores, o grupo canadense prevê que as próximas décadas trarão grandes melhorias para viabilizar técnica e economicamente o sequestro e a conversão de CO2. A curto prazo - dentro de 5 a 10 anos - estimam eles, a eletrocatálise, que estimula reações químicas por meio da eletricidade, pode ser o caminho para esse processo. E, a longo prazo, daqui a 50 anos ou mais, as máquinas moleculares, moléculas que fabricam moléculas, e outras nanotecnologias podem impulsionar a conversão.
"Isso ainda é tecnologia para o futuro," reconhece o professor Oleksandr Bushuyev. "Mas é teoricamente possível e viável, e estamos empolgados com sua expansão e implementação. Se continuarmos trabalhando nisso, é uma questão de tempo até termos usinas onde o CO2 é emitido, capturado e convertido."
  • Nobel de Química premia nanotecnologia das máquinas moleculares
Entraves para o aproveitamento do CO2
Na realidade, há alguns entraves fundamentais para tornar a captura e conversão de carbono uma realidade. A principal delas é que a eletricidade necessária para fazer com que essas reações químicas ocorram tem um custo e pode até mesmo produzir mais CO2 - a resposta para isso está na conversão do CO2 usando energia solar ou outra fonte renovável.
Em segundo lugar, existem poucas fábricas com uma pegada de carbono elevada que emitem CO2 puro, que é necessário para as conversões realizadas em laboratório até agora - a resposta para isso está em tecnologias mais versáteis, que consigam lidar com matérias-primas mais "sujas".

Bibliografia:

What Should We Make with CO2 and How Can We Make It?
Oleksandr S. Bushuyev, Phil De Luna, Cao Thang Dinh, Ling Tao, Genevieve Saur, Jao van de Lagemaat, Shana O. Kelley, Edward H. Sargent
Joule
DOI: 10.1016/j.joule.2017.09.003

O que são e como funcionam os Stingrays, aparelhos 'espiões' que rastreiam celulares

Pela BBC - Brasil

torre de telefoniaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionStingrays simulam o funcionamento das torres de telefonia para coletar dados em celulares próximos

O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) informou ter identificado "atividades atípicas" em Washington originadas a partir do uso de dispositivos de espionagem conhecidos como "Stingrays", capazes de interceptar ligações e mensagens.
O uso desse tipo de aparelho por parte de países estrangeiros preocupa as autoridades dos Estados Unidos há algum tempo, mas esta seria a primeira vez que o governo confirma publicamente o uso não autorizado deles em Washington.
Os usuários desses dispositivos poderiam ser espiões estrangeiros e ou mesmo criminosos. O governo americano não deu maiores detalhes sobre as suspeitas.
Os Stingrays são usados de forma legal no país pelas autoridades, especialmente pelo FBI.

Como funciona

Stingray é, na realidade, o nome da marca de um tipo de interceptor IMSI (sigla em inglês para "identidade internacional do assinante de um celular") e é usado hoje de forma genérica para se referir a dispositivos de vigilância que simulam o funcionamento das torres de telefonia - e que são capazes de detectar sinais de telefones móveis.
Eles geralmente têm o tamanho de uma pasta e enviam sinais que "enganam" os celulares para que os aparelhos transmitam sua localização e identifiquem informações.
Assim, fazem com que os celulares daquela região se conectem e compartilhem seu número de IMSI e o número de série eletrônico (ESN). E também podem revelar a localização exata do usuário.

celularDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO dispositivo é capaz de rastrear os sinais móveis de qualquer telefone nas proximidades

Além de o dispositivo conseguir reconhecer onde está aquele aparelho, ele também pode receber informações de celulares que estão próximos. As versões mais sofisticadas são capazes até de escutar ligações. Para isso, forçam os equipamentos a se conectar à internet usando uma conexão 2G, uma forma muito menos segura do que as demais.
Normalmente, os Stingrays são colocados na parte de baixo de um veículo e, em alguns casos, podem ser instalados até mesmo em alguns tipos de avião.
Uma forma de se proteger deles seria criptografar o máximo possível as formas de comunicação do celular usando sistemas avançados de autenticação e serviços de mensagem ultrasseguros.

Uso policial

Uma carta com data de 26 de março enviada pelo senador de Oregon Ron Wyden foi o fato que deu visibilidade ao tema. Ele pedia informações às autoridades sobre esse tipo de dispositivo.
A resposta que recebeu sugere que não havia muitas medidas sendo tomadas com relação a esse tipo de aparato. As autoridades asseguravam que "observaram algumas atividades fora do comum na região da capital do país que pareciam estar relacionadas com interceptores IMSI".
E acrescentou que observou atividade similar "fora da capital do país", ainda que não tivesse conseguido "confirmar ou atribuir essa atividade a entidades ou a dispositivos específicos".
O uso dos Stingrays por parte de forças policiais dos Estados Unidos está sendo monitorado pela União Americana para Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês).
Até agora, foram identificadas 73 agências em 25 Estados que possuem esse tipo de dispositivo, mas acredita-se que podem existir muitos outros em uso que não foram formalmente declarados.
Em um relatório de 2014, a ACLU revelou que o estado da Flórida gastou cerca de US$ 3 milhões em Stingrays. A polícia de lá afirmou, porém, que não poderia dar detalhes sobre o uso dessa tecnologia.
Essa resposta, segundo o advogado da ACLU, Nathan Wessler, foi "inaceitável".
"Essa tecnologia levanta sérias questões no âmbito da Quarta Emenda (os regulamentos que protegem o direito à privacidade e o direito de não sofrer uma invasão arbitrária)", disse o especialista.
"As pessoas têm o direito à divulgação completa dos registros para poderem participar de um debate esclarecido sobre a legalidade e o alcance desses dispositivos e para poderem supervisionar seu uso", acrescentou.

policialDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUma investigação recente revelou que a polícia dos EUA usa esse tipo de dispositivo

No meio político em Washington há preocupação de que esses dispositivos possam estar sendo utilizados por agências não autorizadas, como governos estrangeiros.
Depois da divulgação desse relatório, feito a pedido da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), a instituição que regula as ondas de rádio nos Estados Unidos, não foram feitas outras investigações.

Pessoas inocentes

Os Stingrays são usados há vários anos e são amplamente conhecidos pelo FBI, conforme explicou Jane Wakefield, correspondente de tecnologia da BBC.
"O que é novo é que autoridades locais parecem ter adquirido esses dispositivos agora. Temos evidência de que as polícias do Arizona, da Califórnia e da Flórida o estão usando. Queríamos avançar na Flórida para ter uma ideia melhor do que acontece em outros lugares", disse o advogado da ACLU em 2014.
De acordo com os investigadores, algumas autoridades usam esse sistema para terem mais dados sobre suspeitos. O problema é que não se sabe até que ponto eles respeitam os cidadãos.
"Temos algumas questões sobre como isso funciona. Porque ele consegue ter a localização e informações de centenas de milhares de pessoas inocentes", contou Wessler à BBC.
"E não sabemos que políticas esses departamentos policiais têm para proteger a informação das pessoas...se usam algum software de filtragem ou se recorrem a um juiz na hora de resolver esses casos."
A polícia não quis fazer comentários quando foi consultada pela BBC.

Como cientistas tentam criar 'microssol' na Terra para fornecer energia limpa e ilimitada

Pela BBC - Brasil
Funcionários trabalhando no Sparc
Image captionA Sparc planeja ser o primeiro experimento nuclear que produz mais energia do que consome
Produzir energia de fusão nuclear é uma das grandes promessas da engenharia, tanto que, em tom de piada, dizem que ela é a energia do futuro... e sempre será.
Mas um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da empresa Commonwealth Fusion Systems está apostando em acabar com a piada: eles estão construindo uma usina nuclear que poderia produzir energia limpa e praticamente ilimitada.
Seu objetivo é ter, em 15 anos, uma usina que funcione como um microssol, que produza um calor capaz de gerar 200 megawatts continuamente e sem produzir poluição. Essa quantidade de energia é capaz de abastecer uma cidade pequena, de cerca de 200 mil habitantes.
"Se tivermos sucesso, seria a primeira vez que isso aconteceria", diz Martin Greenwald, um dos líderes do Centro de Ciência e Fusão de Plasma do MIT, que está desenvolvendo este projeto, batizado de Sparc.

A chave está nos ímãs

O experimento Sparc é baseado na fusão nuclear, um processo no qual elementos leves, como o hidrogênio, se juntam para formar elementos mais pesados, como o hélio, que libera imensas quantidades de energia.
De fato, a fusão nuclear é o mesmo processo gerador de energia que ocorre no sol e nas estrelas.
Martin Greenwald
Image captionMartin Greenwald acredita que em 15 anos será possível criar energia nuclear de forma sustentável
Para alcançar esse processo, a matéria deve ser aquecida a temperaturas muito altas, que superam as centenas de milhões de graus. A matéria nesse estado tão quente é chamada plasma.
Mas a fusão nuclear é alcançada apenas se o plasma permanecer aquecido. Para fazer isso, é necessário isolá-lo da matéria comum, com reatores em forma de anéis chamados tokamak, que criam um campo magnético que mantém o plasma "enjaulado".
O sucesso de um tokamak depende da qualidade de seus ímãs. Quanto mais potentes e de melhor qualidade eles forem, melhor o isolamento térmico que proporcionam para o plasma. É como um casaco: quanto mais robusto e de melhor qualidade for o tecido, mais ele manterá o corpo protegido do frio.
O problema é que o tokamak que existe hoje consome mais energia do que consegue produzir por meio da fusão. Ou seja, eles funcionam, mas não seriam lucrativos para serem usados fora de um laboratório.
Ilustração representa distribuição de energiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA energia nuclear tem o potencial de nos fornecer energia limpa e praticamente ilimitada
A esperança de Sparc é que seu tokamak tenha ímãs mais poderosos, de melhor qualidade, menores e mais rápidos, com os quais ele consiga otimizar o processo de fusão.
Com esses ímãs, ele espera produzir um campo magnético quatro vezes mais forte do que qualquer outro que tenha sido usado em um experimento de fusão.
O objetivo é aumentar em dez vezes a potência gerada por um tokamak.
Se der certo, será a primeira vez que um dispositivo de fusão de plasma produz mais energia do que consome.

Energia segura, limpa e ilimitada

Quando nos falam sobre usinas nucleares, é comum lembrarem de catástrofes como Chernobyl, em 1986, ou Fukushima, em 2011.
"Este é um processo completamente diferente", diz Greenwald.
A energia nuclear comum usa átomos muito pesados, como o urânio ou o plutônio, que quebram e liberam energia, em um processo chamado de fissão, semelhante ao usado para construir armas nucleares.
SolDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA fusão nuclear é a fonte de energia do sol e das estrelas
A fusão é o processo oposto, no qual elementos leves, como o hidrogênio, se unem e produzem hélio.
Segundo Greenwald, em um experimento como a Sparc, não há a possibilidade de gerar uma reação em cadeia como a que ocorreu em Fukushima. "(Na Sparc), se você quiser parar a reação, basta fechar a válvula", diz ele.
Os elementos com os quais a Sparc trabalhará são principalmente hidrogênio, que, segundo os pesquisadores do MIT, "há suficiente na Terra para atender às necessidades humanas por milhões de anos", com o qual uma máquina de fusão nuclear tem potencial de gerar energia praticamente ilimitada.
Além disso, como a fusão não é produzida a partir de combustíveis fósseis, ela não gera gases de efeito estufa ou outros poluentes como dióxido de enxofre ou partículas como a fuligem.

Será possível desta vez?

Em meio ao entusiasmo, há vozes céticas.
"Este financiamento para o MIT [neste projeto] é excelente, mas não há forma de conseguir que o setor privado assuma o controle de todo o programa de fusão", disse à revista Nature Stewart Prager, ex-diretor do Laboratório de Física de Plasma de Princeton, em Nova Jersey.
Interior do SparcDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs tokamak da Sparc usarão ímãs de melhor qualidade para melhorar seu isolamento
Howard Wilson, professor de física de plasma na Universidade de York, no Reino Unido, disse ao jornal The Guardian que, embora o projeto pareça interessante, ele não vê como eles podem alcançar o objetivo de colocar sua energia na rede em 15 anos.
"É um cronograma agressivo, mas achamos é possível", diz Greenwald.

O canudo que permite beber água suja de esgoto sem ficar doente

Pela BBC - Brasil
Água do Rio Tâmisa em uma garrafa de águaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHá 2,1 bilhões de pessoas no mundo sem uma fonte segura de água para beber, segundo a OMS
"Eu não beberia isso se fosse você". O conselho vem de um homem em um barco próximo, que me observava com uma divertida expressão de perplexidade por algum tempo. Estou desajeitadamente deitada à beira do Rio Tâmisa, em Londres, inclinada para colocar um pouco de seu líquido verde e tenebroso dentro da minha garrafa vazia de água.
Meu plano maluco começa com um fato alarmante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 2,1 bilhões de pessoas no planeta que não têm uma fonte segura de água para beber. Consequentemente, mais pessoas morrem ao beber água contaminada todo ano do que de qualquer forma de violência, incluindo guerras.
Tâmisa antes de chegar em LondresDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO Tâmisa é tranquilo e mais limpo antes de entrar em Londres, onde fica poluído com esgoto
Conforme a população mundial aumenta e as mudanças climáticas pioram, nossos problemas com a água estão ficando cada vez piores. Até 2025, metade da população estará vivendo em locais onde a demanda por água limpa é maior do que seu fornecimento.
Há uma nova geração de soluções ousadas, desde purificadores de água que funcionam a base de fezes até máquinas que filtram partículas usando água com gás. Uma dessas é a LifeStraw, um canudo que limpa a água conforme ela passa por uma série de fibras longas e ocas, inseridas em um tubo de plástico.
A versão original funciona como um canudo normal, você simplesmente mergulha uma extremidade em alguma água e suga do outro lado. Qualquer coisa maior que dois mícrons - ou um centésimo da grossura de um fio de cabelo humano - ficará preso ali antes de chegar à sua boca. Isso inclui 99,9% dos parasitas e 99,9999% das bactérias, como as que causam cólera, disenteria e febre tifóide. Quando sugada por um LifeStraw, até mesmo a água mais lamacenta fica tão limpa quanto as de riachos de montanhas.

Uma ideia nascida há duas décadas

Tudo começou em 1996, quando um empreendedor dinamarquês, Mikkel Frandsen, transformou o negócio do seu avô, de confecção de uniformes, em algo que pudesse melhorar a vida de pessoas na África. A primeira versão do LifeStraw foi criada para ajudar a erradicar o verme da Guiné, uma das mais cruéis doenças a persistir no século 21.
A doença é causada por uma série de fatores - água suja, infectada por moscas contaminadas por larvas de verme. Se você tiver o infortúnio de beber essa água, os vermes vão ficar maduros e se reproduzir dentro do seu corpo durante vários meses e eventualmente vão aparecer na superfície da sua pele, através da qual eles tentarão passar para sair. O resultado é frequentemente infeccioso e ocasionalmente resulta em membros amputados. É terrivelmente dolorido e não há vacina ou droga que possa tratá-la.
Para começar, o canudo contém uma rede simples, que poderia remover insetos relativamente grandes. Ao longo de duas décadas, a empresa de Frandsen ajudou na erradicação da doença com 37 milhões de unidades, o que ajudou a reduzir o número de casos de doença do verme da Guiné de 3,5 milhões em 1986 para apenas 25 no ano passado. "Essa será a segunda doença erradicada na história", diz DeWitte.
Canudo LifeStrawDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO canudo foi criado para erradicar o verme da Guiné, um parasita encontrado na África
Hoje, a tecnologia evoluiu a ponto de um canudo filtrar todas as bactérias, parasitas e moscas de 4 mil litros de água, o bastante para manter seu dono seguro por vários anos. Versões dele já foram usadas após desastres no Haiti, Equador, Paquistão e Tailândia e a companhia que os produz já está na metade do caminho para oferecer água limpa a um milhão de estudantes no Quênia.

Uma experiência no Tâmisa

Para checar a tecnologia, eu testei o LifeStraw original no líquido mais nojento que pude encontrar em Londres: a água do Tâmisa. Mas exatamente quão arriscado foi isso? E por que deveríamos nos importar?
"Há uma lista muito longa de patógenos no Tâmisa", diz Andrew Singer, um cientista do Centro NERC de Ecologia e Hidrologia. Quando eu falo a ele sobre o LifeStraw, ele dá risada. "Bem, seu experimento certamente irá testá-lo com precisão".
Apesar de muitos de nós pensarmos que água tratada do esgoto é relativamente limpa, a realidade é bem diferente. Na verdade, uma proporção muito grande do que sai dos londrinos - cerca de 15 milhões de pessoas - acaba no Tâmisa. "A quantidade de água lá é pequena comparada ao número de pessoas, o que significa que temos menos água para diluir do que despejamos ali. Nossos rios chegam a ter entre 10% e 100% de esgoto", diz Singer.
Quase sempre, trata-se de esgoto tratado, mas mesmo esse não pode ser considerado limpo. "Patógenos podem ser reduzidos em número, mas é tudo que podemos dizer com certeza", diz Singer.
Os principais perigos na maioria dos rios são os parasitas Cryptosporidium e Giardia lamblia, que causam diarreia e têm esporos tão pequenos e são tão difíceis de matar que às vezes chegam à água da nossa torneira.
Em vez disso, o objetivo primário do tratamento de esgoto é reduzir a quantidade de microorganismos prejudiciais e material orgânico na água, potencial exterminador de vida aquática.
Flint, MichiganDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA poluição da água em Flint, Michigan, se tornou uma história de impacto nos Estados Unidos
O esgoto também traz consigo uma dose elevada de fármacos. Um estudo de 2013 sobre tratamentos de água do mundo inteiro apontou que apenas metade das 42 substâncias presentes no esgoto, como cafeína e antibióticos, foram removidos pelos processos de tratamento.
E há também todas as coisas que são despejadas nos rios quando chove: pesticidas, herbicidas, resíduos animais, pequenas quantidades de metais tóxicos como cádmio - e tudo mais que os vários patos, gaivotas e ratos de esgoto da cidade expelirem. E, por fim, há o plástico. Um estudo de 2016 encontrou cerca de 35 mil partículas de plástico em amostras tiradas do Tâmisa, a maioria de embalagens de comida e bebida.
Essa poluição tem vários efeitos colaterais desagradáveis, inclusive peixes que se tornaram presas fáceis após sofrer mudança de gênero em águas contaminadas com o plástico das pílulas contraceptivas, que imitam a química do estrogênio, e antidepressivos que os deixam tontos. Os eventos de natação no Tâmisa, que geralmente têm como consequência casos de doenças em massa.
"Praticamente todo vírus que já existiu na Terra está no Tâmisa", diz Singer.
Mesmo se você não for irresponsável o bastante para tomar água direto de um rio, a poluição nos nossos rios pode não estar tão distante quanto gostaríamos de imaginar. Hoje, 83% da água da torneira no mundo contêm fibras plásticas, enquanto o estrogênio dissolvido poderia estar contribuindo para o declínio rápido do número de espermas nos homens.
"As questões com água limpa não param no nível microbiológico", diz Alison Hill, diretor da LifeStraw. "E enquanto pensarmos que a contaminação da água é um problema do mundo em desenvolvimento, eu acredito que o que vimos nos últimos cinco anos em lugares como Flint, em Michigan (EUA) demonstra que a preocupação de ter água limpa é uma preocupação americana também".
Mulher utilizando o LifeStraw
Image captionOs fabricantes do LifeStraw dizem que ele pode remover 99.9% dos parasitas e bactérias presentes na água não tratada 
Depois de certo tempo, consegui coletar água do Tâmisa o suficiente sem cair ou ser atacada por patos. Para evitar mais olhares de desconhecidos, decidi bebê-la já no meu apartamento.
Operar o canudo é fácil - basta remover as proteções de ambas as extremidades, mergulhá-la no líquido não potável de sua escolha e usá-lo como um canudo normal.
Levou alguns segundos, mas logo um fluxo de água filtrada do rio estava fluindo por ali. O veredito? Estava muito gelada e surpreendentemente refrescante. Eu achei que pude detectar notas de vegetação pantanosa, mas isso provavelmente foi a minha imaginação. E não, eu não fiquei doente.