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sábado, 30 de abril de 2016

Bateria de nanofios nunca precisaria ser trocada

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Bateria de nanofios dura 200 vezes mais
Os melhores resultados foram obtidos com nanofios de ouro encapsulados por uma camada de dióxido de manganês e postos em um eletrólito feito com o gel polimérico. [Imagem: Mya Le Thai - 10.1021/acsenergylett.6b00029]
Bateria que não pifa
Pesquisadores da Universidade da Califórnia de Irvine, nos EUA, descobriram meio por acaso como fabricar uma bateria de nanofios que pode ser recarregada centenas de milhares de vezes.
A durabilidade é tamanha que já permite sonhar com baterias que nunca precisem ser substituídas. Embora a vida útil de um celular já seja menor que a vida útil de suas baterias, carros elétricos, naves espaciais e computadores teriam muito a ganhar com baterias de grande durabilidade.
A construção de baterias de nanofios vem chamando a atenção há algum tempo. Milhares de vezes mais finos do que um fio de cabelo humano, os nanofios são condutores excepcionais e apresentam uma grande área superficial para o armazenamento e a transferência de elétrons.
No entanto, eles são extremamente frágeis, e a expansão e contração repetida pela descarga e recarga os faz trincar, interrompendo o funcionamento da bateria.
Nanofios plastificados
Mya Le Thai resolveu este problema depois de colocar seus nanofios em um gel polimérico para facilitar os testes e tentar medir os efeitos das trincas nos nanofios individuais.
O que aconteceu é que ela fez até 200.000 ciclos de carregamento e descarregamento, ao longo de três meses, sem detectar qualquer perda de capacidade de armazenamento e sem quebrar nenhum nanofio - o patamar para que uma bateria seja considerada viável é de 1.000 ciclos.
Os melhores resultados foram obtidos com nanofios de ouro encapsulados por uma camada de dióxido de manganês e postos em um eletrólito feito com o gel polimérico. A equipe acredita que o gel plastifica o nanofio metálico e lhe dá flexibilidade, evitando rachaduras.
A fabricação de baterias práticas feitas com nanofios ainda depende do desenvolvimento de processos de fabricação em larga escala que permitam a interconexão dos filmes de nanofios para gerar baterias de grande capacidade.

Bibliografia:

100k Cycles and Beyond: Extraordinary Cycle Stability for MnO2 Nanowires Imparted by a Gel Electrolyte
Mya Le Thai, Girija Thesma Chandran, Rajen K. Dutta, Xiaowei Li, Reginald M. Penner
Energy Letters
DOI: 10.1021/acsenergylett.6b00029

Primeiro barramento quântico está pronto e funcionando

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Primeiro barramento quântico está pronto e funcionando
A informação quântica é codificada em partículas individuais de luz (fótons), que são transferidas à distância sem perda de sua conexão. [Imagem: RMIT University]
Barramento quântico
Foi testado pela primeira vez com sucesso um processador quântico capaz de rotear informações entre diferentes locais, um avanço crítico para a computação quântica.
O trabalho abre o caminho para a construção de um barramento de dados quânticos. O barramento funciona como uma rodovia na qual os dados trafegam dentro de um computador - quanto mais faixas essa rodovia tiver, maior é a velocidade do computador.
Neste protótipo, Robert Chapman e seus colegas conseguiram realizar a transferência perfeita do estado de bits quânticos - os valores armazenados em cada qubit - dentro de um dispositivo fotônico integrado, uma espécie de processador em que os dados navegam na forma de fótons, e não de elétrons.
"A transferência perfeita de estado surge agora como uma técnica promissora para o roteamento de dados em computadores quânticos em larga escala. Os últimos 10 anos testemunharam uma riqueza de propostas teóricas, mas até agora ele nunca havia sido realizado experimentalmente," disse o professor Alberto Peruzzo, da Universidade RMIT, na Austrália, que coordenou o trabalho.
O barramento quântico se tornará parte integrante do chip quântico multiuso que a equipe vem construindo há alguns anos.
Transferência da fragilidade
Juntamente com os processadores e as memórias, um requisito fundamental para qualquer tecnologia de informação é a capacidade de realocar os dados entre os diversos locais, por exemplo, do processador ao sistema de armazenamento permanente ou para a transmissão de dados para outros computadores.
A transferência de informação quântica é um desafio muito maior do que a transferência de bits no barramento dos computadores eletrônicos devido à fragilidade intrínseca dos estados quânticos que representam os dados em cada qubit.
Robert Chapman afirma que o barramento quântico que ele e seus colegas desenvolveram pode ser implementado em arquiteturas de computação quântica em grande escala, nas quais a interligação entre qubits será essencial.
"Nós realocamos qubits experimentalmente, codificados em partículas individuais de luz, entre locais distantes. Durante o protocolo, o frágil estado quântico é mantido e, criticamente, o emaranhamento é preservado, o que é fundamental para a computação quântica," disse o pesquisador.

Bibliografia:

Experimental perfect state transfer of an entangled photonic qubit
Robert J. Chapman, Matteo Santandrea, Zixin Huang, Giacomo Corrielli, Andrea Crespi, Man-Hong Yung, Roberto Osellame, Alberto Peruzzo
Nature Communications
Vol.: 7: 11339
DOI: 10.1038/ncomms11339

Fertilizantes criados com luz

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Fertilizantes criados usando luz
Os cristais semicondutores, que também são utilizados para fabricar células solares, liberam a quantidade exata de energia para acelerar a produção de amônia. [Imagem: Al Hicks/NREL]
Produção de amônia
Uma maneira de estimular enzimas retiradas de bactérias fixadoras de nitrogênio permitiu produzir amônia usando simplesmente luz.
Todos os seres vivos necessitam de nitrogênio para viver, mas o mundo depende de apenas dois processos conhecidos para quebrar as ligações ultrafortes do nitrogênio para permitir sua conversão em uma forma que humanos, animais e plantas conseguem absorver.
Um deles é um processo bacteriano natural que permitiu o desenvolvimento da agricultura. O outro é um processo artificial conhecido como Haber-Bosch, inventado há pouco mais de um século, que revolucionou a produção de fertilizantes químicos e estimulou o crescimento sem precedentes da oferta global de alimentos.
Agora, Katherine Brown e seus colegas da Universidade do Estado de Utah, nos EUA, desenvolveram um processo acionado por luz que poderá, uma vez mais, revolucionar a agricultura, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis para aumentar a produção de alimentos.
Amônia com luz solar
A quebra do nitrogênio exige altas temperaturas e pressões, que são geralmente criadas utilizando combustíveis fósseis. Bactérias fixadoras de nitrogênio excretam enzimas (nitrogenases) que podem facilitar a reação à temperatura ambiente, usando trifosfato de adenosina (ATP). Contudo, mesmo para as bactérias fixadoras de nitrogênio, este processo envolve grandes quantidades de ATP e uma série de oito etapas diferentes para finalmente produzir a amônia.
Katherine Brown foi buscar uma saída em nanocristais semicondutores que respondem fortemente à luz, liberando energia que otimiza a reação química.
Ela descobriu que, sob a ação da luz, nanobastões de sulfeto de cádmio liberam a quantidade exata de elétrons para uma parte do complexo da enzima nitrogenase, permitindo uma taxa de produção de amônia equivalente a 64% do processo biológico natural de oito etapas usando ATP.
Se puder ser ampliada para uma produção em larga escala, essa técnica poderá levar ao desenvolvimento de um sistema de produção de amônia mais ambientalmente correto, deixando de lado os combustíveis fósseis e usando a luz solar, por exemplo.
Além disso, a produção energeticamente eficiente de amônia não é importante apenas para suprir fertilizantes para a produção de alimentos, mas também para o desenvolvimento de tecnologias que permitam o uso de combustíveis ambientalmente mais limpos, incluindo as células de combustível para armazenar a luz solar.

Bibliografia:

Light-driven dinitrogen reduction catalyzed by a CdS:nitrogenase MoFe protein biohybrid
Katherine A. Brown, Derek F. Harris, Molly B. Wilker, Andrew Rasmussen, Nimesh Khadka, Hayden Hamby, Stephen Keable, Gordana Dukovic, John W. Peters, Lance C. Seefeldt, Paul W. King
Science
Vol.: 352 ISSUE 6284 448-450
DOI: 10.1126/science.aaf2091

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ferramenta gratuita para programação de celulares em português

Com informações da Unicamp 



MIT App Inventor
O professor Eduardo Valle, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), completou a tradução para o português da ferramenta de criação de aplicativos para celulares MIT App Inventor.
Por meio do programa, disponibilizado gratuitamente pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), pessoas sem experiência em programação podem criar aplicativos para celulares da plataforma Android.
A interface gráfica do ambiente de desenvolvimento permite ao usuário usar o mouse para arrastar e soltar os componentes do aplicativo, comandos e funções. Os componentes são posicionados diretamente na tela de celular, e os comandos e funções são formados por uma linguagem visual que lembra peças de um quebra-cabeça. A linguagem facilita a vida dos iniciantes: por exemplo, é impossível encadear os comandos de forma inválida, porque as pecinhas não se "encaixam".
"A facilidade da linguagem de programação visual trouxe essa potencialidade, de abrir a criação de aplicativos para um público não especialista, um público leigo", disse Valle. "Você tem, essencialmente, uma paleta de componentes, que podem ser uma caixa de texto, um botão, uma barra de rolagem... O primeiro passo é o desenho gráfico da tela, como eu quero que ela se organize. Você pega os elementos desejados - por exemplo, uma caixa de senha e um botão - e arrasta para a tela do celular. Em seguida vem a programação, dizendo, por exemplo, que quando o usuário clicar no botão, eu quero validar a senha", exemplificou.

Descoberta nova anomalia da molécula de água

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Anomalias da água: Descoberto novo estado quântico da molécula de água
Os átomos de oxigênio e hidrogênio ficam sem localização precisa, existindo simultaneamente em todas as posições possíveis dentro do cristal. [Imagem: Jeff Scovill]
Mistérios da água
As anomalias da água - coisas que só ela tem, em contraste com as propriedades dos outros materiais - somavam 73 na última contagem.
Agora são 74, e vale dizer que esse último acréscimo é dos grandes, conforme acaba de descobrir a equipe do professor Alexander Kolesnikov, do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos EUA.
Usando imagens geradas por espalhamento de nêutrons e modelos computacionais, Kolesnikov descobriu um comportamento único e inesperado das moléculas de água quando elas estão sob confinamento no interior de um cristal sólido, neste caso um cristal de berilo - água presa em cristais, as chamadas inclusões fluidas, são uma ferramenta importante para os geólogos estudarem o passado da Terra e os astrofísicos desvendarem a formação dos corpos celestes, como os meteoritos e os cometas.
Ocorre que, quando isolada no interior do cristal, a água apresenta um comportamento que é diferente do apresentado por qualquer outro gás, líquido ou sólido conhecido. Na verdade, esse estado desafia a visão geral que se tem do arranjo tradicional da molécula H2O.
Estado tunelante
Quando as moléculas de água ficam confinadas dentro dos minúsculos canais hexagonais do berilo, ela assume um estado que os físicos batizaram de "estado tunelante".
"A baixas temperaturas, a água tunelante apresenta um movimento quântico através das paredes de separação que é proibido no mundo clássico," explica Kolesnikov.
"Isto significa que os átomos de oxigênio e de hidrogênio da molécula de água estão 'delocalizados', e, por conseguinte, simultaneamente presentes em todas as seis posições simetricamente equivalentes do canal ao mesmo tempo. É um desses fenômenos que somente ocorrem na mecânica quântica e que não tem paralelo em nossa experiência cotidiana," acrescentou.
A existência do estado tunelante da água deverá ajudar a descrever melhor as propriedades termodinâmicas e o comportamento da água em ambientes altamente confinados, como a difusão de água e seu transporte nos canais das membranas das células vivas e das células de combustível, em nanotubos de carbono e ao longo dos limites e das interfaces dos grânulos dos minerais em uma infinidade de ambientes geológicos.
Nos aspectos mais práticos dessas pesquisas que poderão ser influenciadas pela descoberta destacam-se a captura de água potável do ar usando nanotubos, os nanoporos para aplicações biomédicas, o sequenciamento eletrônico do DNA, a dessalinização da água do mar e os biochips, apenas para citar algumas.

Bibliografia:

Quantum Tunneling of Water in Beryl: A New State of the Water Molecule
Alexander I. Kolesnikov, George F. Reiter, Narayani Choudhury, Timothy R. Prisk, Eugene Mamontov, Andrey Podlesnyak, George Ehlers, Andrew G. Seel, David J. Wesolowski, Lawrence M. Anovitz
Physical Review Letters
Vol.: 116 (16)
DOI: 10.1103/PhysRevLett.116.167802

Solda sem calor une metais a temperatura ambiente

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Solda sem calor une metais a temperatura ambiente
Solda a frio suspensa em etanol (no frasco) e após aplicação manual. [Imagem: Photo by Christopher Gannon/Iowa State University]
Solda sem calor
Químicos da Universidade do Estado de Iowa, nos EUA, criaram um novo tipo de solda que une componentes metálicos sem a necessidade de calor.
A expectativa da equipe é que sua inovação seja tão importante para a indústria quanto a solda sem chumbo.
A tecnologia é diferente da "cola metálica" lançada por outra equipe no início deste ano.
Sobrefusão
A soldagem a frio é possível graças a minúsculas partículas de metal líquido cuidadosamente encapsuladas para "liberar seus poderes" apenas no momento da junção dos componentes.
"Nós queríamos ter certeza que os metais líquidos não se transformariam em sólidos. Então projetamos a superfície das partículas de modo que não há rota para que o metal líquido se solidifique. Nós as aprisionamos em um estado no qual elas não gostam de ficar," explica o professor Martin Thuo, coordenador da equipe.
O truque consiste em manter as partículas de metal líquido em uma condição conhecida como "super-resfriamento", ou sobrefusão, na qual o material é resfriado abaixo de sua temperatura de fusão sem que ele consiga passar para o estado sólido.
Para isso, as gotículas são injetadas em alta velocidade dentro de um líquido ácido e, a seguir, expostas ao oxigênio, formando uma camada de oxidação que recobre todas as partículas. Essa camada é posteriormente polida por abrasão entre as próprias partículas - agitando-as dentro de um recipiente - para que se torne fina e lisa.
Solda a frio
Cada partícula resultante tem cerca de 10 micrômetros de diâmetro, o que significa que a "solda a frio" tem a consistência de um pó. Para aplicá-la, basta pressionar os materiais a serem soldados, o que faz romper a camada superficial das partículas, deixando o metal líquido se solidificar.
A solda é baseada em um material conhecido como metal de Field, uma liga de bismuto, índio e estanho. Pelo seu custo elevado e pelas temperaturas que o material suporta sem que a solda se rompa, a aplicação da soldagem a frio deverá se concentrar na indústria eletrônica.

Bibliografia:

Mechanical Fracturing of Core-Shell Undercooled Metal Particles for Heat-Free Soldering
Simge Çinar, Ian D. Tevis, Jiahao Chen, Martin Thuo
Nature Scientific Reports
Vol.: 6, Article number: 21864
DOI: 10.1038/srep21864

Cimento brilha alimentado por luz solar

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Cimento que brilha é alimentado por luz solar
Segundo o pesquisador, o material emissor de luz incorporado no cimento pode durar até 100 anos. [Imagem: José Carlos Rubio/Universidade Michoacana]
Cimento solar
Um cimento "verde" é bom para o meio ambiente, mas um cimento capaz de brilhar em todas as cores pode ser muito mais revolucionário.
A criação é do professor José Carlos Rubio, da Universidade Michoacana, no México.
Além da incorporação do material capaz de absorver a luz do Sol para se recarregar, e mais tarde reemitir a energia na forma de luz, o cimento teve que ser modificado para criar cristais que permitam que a luz passe.
A ideia é que o cimento que brilha possa melhorar a sinalização de ruas e estradas, além de servir como efeito decorativo em calçadas e praças.
Cimento que brilha
O cimento comum, que é opaco, é preparado a partir de um pó que é misturado com água. "Nesse momento começa a se formar um 'gel', semelhante ao que é usado no cabelo, mas muito mais sólido e resistente; também se criam flocos ou cristais que são indesejáveis no cimento endurecido," explica Rubio.
O seu trabalho consistiu justamente em otimizar a formação desses cristais, que são indesejáveis no cimento comum, mas que permitem a passagem da luz. Além disso, a consistência do cimento precisa ser ainda mais parecida com a de um gel, ainda que ele se solidifique.
Enquanto os materiais fluorescentes existentes - geralmente plásticos - deterioram-se rapidamente devido à ação da luz ultravioleta, Rubio garante que o material que ele utilizou tem uma durabilidade de até 100 anos.

Como o material está sendo patenteado, o pesquisador não revela sua formulação. Também não foram divulgados dados sobre a resistência do cimento que brilha.

Reciclagem de fótons aumenta eficiência de células solares

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Reciclagem de luz
Reciclagem de fótons ocorrendo dentro de um cristal de perovskita. [Imagem: Criss Hohmann]
Reciclagem de luz
A imagem acima ilustra um fenômeno peculiar, mas de grande interesse tecnológico: a reciclagem de luz.
A confirmação desse fenômeno promete gerar grandes ganhos na eficiência das células solares e dos LEDs.
As células solares funcionam absorvendo fótons do Sol para liberar elétrons, mas o processo também funciona ao contrário porque, quando as cargas elétricas se recombinam, elas podem criar um fóton.
Isso é ruim para as células solares, diminuindo sua eficiência, porque significa que há luz escapando.
Luis Miguel Outón e seus colegas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que a perda dos fótons pode ser evitada quando se usa a já popular e promissora perovskita.
  • Perovskita começa a ameaçar células solares de silício
Uso prático
Outón descobriu que as células solares de perovskita têm a capacidade extra para reabsorver os fótons gerados dentro da própria célula - uma reciclagem de fótons.
Isto cria um efeito de concentração no interior da célula, como se uma lente estivesse sendo utilizada para focalizar a luz num único local, evitando que os fótons escapem.
A equipe também descobriu que as perovskitas podem ser otimizadas nesse processo de reciclagem de luz, o que foi demonstrado em um cristal híbrido conhecido como perovskita de iodeto de chumbo.
Segundo os pesquisadores, esta capacidade de reciclar os fótons pode ser explorada com relativa facilidade para criar células capazes de superar os limites da eficiência energética demonstrados até agora.

Bibliografia:

Photon recycling in lead iodide perovskite solar cells
L. M. Pazos-Outon, M. Szumilo, R. Lamboll, J. M. Richter, M. Crespo-Quesada, M. Abdi-Jalebi, H. J. Beeson, M. Vru ini, M. Alsari, H. J. Snaith, B. Ehrler, R. H. Friend, F. Deschler
Science
Vol.: 351 (6280): 1430
DOI: 10.1126/science.aaf1168

domingo, 24 de abril de 2016

Floresta flutuante vai distribuir alimentos de graça

Extraído do site do Yahoo

Quando se pensa em produção de alimentos, geralmente vem logo a ideia do campo à cabeça. No máximo plantações em áreas periféricas de cidades ou pequenas hortas. Mas uma ideia diferenciada nasceu em Nova Iorque.
É a  “floresta flutuante” que vai passar pelos portos da cidade a partir de junho. O Swale é uma grande barca de 24 x 9 metros, onde serão cultivados 80 tipos de alimento para distribuição gratuita.
O conceito foi criado pela artista Mary Mattingly, que em 2009 passou seis meses vivendo em um ecossistema autossuficiente, também flutuante e também em Nova York. Foi aí que ela passou a querer provar que “é possível existir de um modo independente da cadeia global de produção”.


Mary toca o projeto junto com Casey Tang, também artista e permaculturista. Foi ela quem criou as bases do que viria a ser o Swale. A grande inovação é a técnica que utiliza a água do rio para cultivar o solo. 
O barco conta com uma vegetação própria de áreas úmidas, capaz de filtrar os recursos do rio e fornecer água para as outras plantas. Por apostar em espécies perenes, isto é, que têm ciclo de vida longo, o trabalho de manutenção é menor, o que facilita a replicação em área públicas




sábado, 23 de abril de 2016

Japão planeja primeiro trem 'invisível' do mundo para 2018

Ewerthon Tobace

De Tóquio para a BBC Brasil



Image copyrightKazuyo Sejima and Associates
Image captionModelo será revestido de materiais super-refletores e transparentes, permitindo que comboio se encaixe de forma harmoniosa na paisagem urbana ou rural

Famoso pela extensa malha ferroviária e pela alta tecnologia neste tipo de transporte, como o trem-bala, o Japão ganhará agora o primeiro trem "invisível" do mundo.
Projetado pela premiada arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, a novidade está prevista para entrar em funcionamento a partir de 2018 e faz parte das comemorações de 100 anos da empresa ferroviária Seibu Railway.
Esta será a primeira incursão da arquiteta na concepção de um trem. "A maior diferença com a arquitetura padrão é que o trem é capaz de percorrer uma variedade de locais", disse Sejima em um comunicado enviado à BBC Brasil.
"O trem expresso (da linha Seibu) passa por cenários variados, das montanhas de Chichibu ao centro de Tóquio, então pensei que seria bom se ele pudesse gentilmente coexistir com esta variedade de paisagens", explicou.
O modelo imaginado por Kazuyo será revestido de materiais super-refletores e transparentes, permitindo que o comboio se encaixe de forma harmoniosa na paisagem urbana ou rural.
A locomotiva, segundo o protótipo divulgado para a imprensa, terá um formato arredondado, muito parecido com uma bala de revólver.

Interior

Mas não é somente a aparência externa que a arquiteta quer revolucionar. Ela diz estar desenvolvendo um interior muito diferente do que existe hoje no sistema ferroviário.
"Também gostaria que fosse um trem no qual um grande número de pessoas pudessem relaxar com conforto, da sua própria maneira, como se estivessem em uma sala de estar", sugeriu a japonesa. "Assim eles poderiam pensar: 'Não vejo a hora de subir nesse trem de novo'."
Ao todo, serão sete trens com oito vagões cada que passarão pela remodelação.

Image captionKazuyo Sejima (Foto de Aiko Suzuki) ganhou 'Nobel da Arquitetura' em 2010 e projetou prédios para várias cidades do mundo

Para chegar ao conceito, Kazuyo formou uma equipe, composta principalmente de funcionários mais jovens de Seibu Railway e de outras empresas do Grupo Seibu, da qual ouviu ideias e coletou informações.
Partindo do ponto de vista do usuário, a arquiteta resolveu projetar então um trem "nunca visto antes".

Arquiteta premiada

Kazuyo Sejima é conhecida por seus desenhos minimalistas e modernos, que incorporam superfícies brilhantes, como metais e vidros.
A superfície reflexiva que ela pensa em implantar nos trens da Seibu, por exemplo, já foi utilizada por ela anteriormente em edifícios, como o Museu Louvre-Lens, na França.
A japonesa, junto com seu sócio na empresa de arquitetura SANAA, Ryue Nishizawa, foi ganhadora do prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura.
Entre os diversos trabalhos de destaque da dupla estão o Novo Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque; o Pavilhão Serpentine, em Londres; o Centro Rolex de Ensino Experimental, em Lausanne, na Suíça; e o prédio da Christian Dior em Tóquio.

Febre do lítio: avanço global do 'petróleo branco' é estratégica para América Latina

Da BBC Mundo


AFPImage copyrightAFP
Image captionO interesse pelo lítio é tal que um banco de investimentos o apelidou de "o novo petróleo"

Em meio à nuvem negra que paira sobre a indústria de mineração global, há um ponto brilhante e esperançoso: o lítio.
Este ano parece ser chave para a decolagem da produção desse metal, indispensável para o funcionamento de muitas baterias de carros elétricos e outros dispositivos de alta tecnologia, incluindo iPhones.
Por isso, enquanto os produtores de petróleo lamentam seus infortúnios e as empresas de mineração tentam sobreviver ao naufrágio dos mercados, o setor de lítio vive bons momentos.
E isso promete trazer grandes benefícios a vários países sul-americanos, liderados por Argentina, Chile e Bolívia.

'Nova Gasolina'

O preço do lítio importado da China dobrou em dois meses, entre novembro e dezembro de 2015, atingindo US$ 13.000 por tonelada, de acordo com a revistaThe Economist.
O interesse pelo metal é tamanho que o banco de investimentos Goldman Sachs o apelidou de "a nova gasolina."
Um relatório da consultoria americana Allied Market Research estima que o mercado mundial de baterias de lítio poderia valer US$ 46 bilhões em 2022.
Parte da euforia tem a ver com o anúncio do empresário Elon Musk no início deste mês sobre seu desejos de expandir a produção dos carros elétricos Tesla.
Centenas de milhares de pessoas encomendaram com antecedência o novo Modelo 3, e o empresário está construindo uma fábrica gigante de baterias para os carros no deserto de Nevada, nos Estados Unidos.
"Para produzir 500.000 veículos por ano, basicamente precisamos absorver toda a produção de lítio no mundo", disse Elon Musk em entrevistas.

Minas latinas

E esse é apenas um dos concorrentes do mercado de carros elétricos, sem mencionar os produtores de pilhas para computadores e outros dispositivos eletrônicos, que também precisam garantir boas fontes de lítio.

Cultura RM AlamyImage copyrightCultura RM Alamy
Image captionBolivia tem entre suas bonitas paisagens o Salar de Uyuni que é, talvez, o mais depósito do mineral

Na América Latina, há razões para olhar com muito interesse essa corrida: três nações localizadas em uma espécie de "triângulo de ouro" do lítio concentram reservas importantes do metal.
Argentina, Bolívia e Chile estão na mira da indústria mineira. Os três países agrupam cerca de 60% das reservas conhecidas de lítio, de acordo com estudos realizados pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em Inglês).
Isso levou a revista norte-americana Forbes a declarar há alguns anos que a área é a "Arábia Saudita do lítio", em uma referência à abundância de petróleo no país do Oriente Médio.
Entre a paisagem colorida do Salar de Uyuni, a Bolívia tem o que pode ser o maior depósito do mineral.
Mas, de acordo com o especialista boliviano em lítio Ballivian Oscar Chávez, o grande problema da Bolívia é que o lítio de seu salar está muito misturado com magnésio, e insumos caros são necessários para separá-los.
Além disso, há fortes restrições a investimentos estrangeiros impostas pelas autoridades.
Isso embora o governo do presidente Evo Morales venha procurando estabelecer condições às multinacionais interessadas em explorar o lítio para permitir que o país sul-americano mantenha um controle significativo da indústria.
Morales diz que não quer repetir a história de mineração do país, em que entidades estrangeiras por séculos exploraram os recursos bolivianos sem deixar grandes benefícios para as comunidades locais.
A produção em larga escala na Bolívia ainda não começou. Mas há planos com uma fábrica estatal experimental de produção de carbonatado de lítio no Salar de Uyuni.

ReutersImage copyrightReuters
Image captionNa Bolívia, produção de lítio é complicada pela mistura do mineral com magnésio

Investimento estrangeiro

Na Argentina e no Chile, por sua vez, várias empresas privadas já extraem o metal, embora, como na Bolívia, alguns dizem que os esforços dessas nações deveriam concentrar-se na produção de baterias, de maior valor agregado, em vez de simples remoção do metal.
O Chile é responsável por cerca de 33% da oferta mundial de lítio.
Para o mercado, a chegada ao poder na Argentina de Mauricio Macri, um presidente simpático ao investimento estrangeiro, vai dinamizar a entrada de capitais externos no setor de exploração do lítio.

Image copyrightImage capti

Empresas japonesas, americanas, australianas e de vários países europeus participam, com planos ou projetos em curso, desta corrida para garantir fontes de lítio.
No entanto, como acontece com muitos outros setores de mineração na América Latina, há aqueles que alertam para possíveis consequências sociais e ambientais desse crescimento.
As paisagens quase intactas das grandes salinas andinas podem ser condenadas a desaparecer para satisfazer à demanda externa por baterias.
E ainda não se sabe se as comunidades que vivem no seu entorno receberão os benefícios de ser o epicentro mundial da produção da "nova gasolina".