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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Para combater o calor, Nova York vai plantar árvores e apostar em telhados verdes

Pelo Site Pensamentoverde


Projeto batizado de Cool Neighborhoods NYC será implementado nos bairros mais suscetíveis ao calor





Diferentes ações pretendem ajudar a população a lidar com as fortes ondas de calor.
Com as mudanças climáticas que estão acontecendo em todo o mundo, as temperaturas estão cada vez mais extremas. Uma das cidades que está sofrendo bastante com essas mudanças drásticas é Nova York e, de acordo com previsões, o número de dias com temperaturas elevadas pode triplicar nos próximos anos.
Para minimizar os danos causados por esse grave problema, a prefeitura anunciou esse mês a criação de algumas soluções para atenuar as ameaças causadas pelas ilhas de calor urbanas elevadas durante os meses de verão.
Em matéria publicada no NYC, site oficial da cidade de Nova York, o prefeito da cidade, Bill de Blasio, ressaltou: “Esta é uma questão de equidade; verões mais quentes, exacerbados pelas mudanças climáticas, são uma ameaça que recai desproporcionalmente sobre as comunidades. Estamos respondendo a esses problemas com programas destinados a proteger a saúde dos nova-iorquinos, como expandir as árvores da nossa cidade, promover a união da comunidade e muito mais.”

Projeto engloba diferentes ações pelos bairros

O projeto batizado de “Cool Neighborhoods NYC” terá um investimento de US$ 106 milhões e o objetivo de plantar árvores e instalar telhados verdes pelos bairros mais suscetíveis ao calor, conforme mostrado pelo Índice de Vulnerabilidade da cidade.
Cerca de 80% de todo o valor investido irá para o plantio de árvores que serão realizados em três bairros: South Bronx, Central Brooklyn e Northern Manhattan. Além disso, a cidade pretende implementar telhados verdes nas áreas indicadas ao longo dos próximos dois anos.
O restante investido na iniciativa será dividido, sendo que US$ 16 milhões será destinado para a plantação de árvores em parques, US$ 7 milhões para a restauração florestal em outros cinco bairros e US$ 1 milhão para campanhas educativas para melhorar a saúde das famílias desses locais.
Além disso, um programa piloto irá identificar residentes com risco de choque térmico devido ao forte calor. Dados recentes revelam que, em média, 115 pessoas morrem por causas naturais devido ao calor extremo e 13 por insolação.
Liderado pelo Gabinete de Recuperação e Resiliência do Prefeito, o programa será implementado através da parceria com os Parques de Nova York, o Departamento de Saúde, pequenos empresas e membros de setores privados.

Projetos adicionais do Cool Neighborhoods NYC:

• Seja um amigo de NYC – desenvolvimento de testes para traçar estratégias de proteção à população da cidade no que diz respeito aos impactos do calor nos bairros de South Bronx, Central Brooklyn e Northern Manhattan;
• Atendimento domiciliar – irá levar para as casas das famílias dos bairros indicados informações sobre os riscos relacionados ao clima, para que elas reconheçam os primeiros sinais de doenças relacionadas ao calor;
• Workshops – palestras com médicos, meteorologistas e profissionais da área da saúde, com o intuito de melhorar a forma de proteção e os cuidados que devem ser tomados em relação ao clima;
• Coleta de informações – captar os níveis de temperatura nos bairros para avaliar os riscos e impactos e as melhores formas para realizar novas medidas para acabar com esse problema.

Brasileiro conta como ajudou a criar componente para o futuro computador neuromórfico

Com informações da Agência Fapesp 




Brasileiro conta como ajudou a criar componente para o futuro computador neuromórfico
A sinapse artificial ainda é grande, mas poderá ser miniaturizada usando as técnicas de litografia padrão da indústria.[Imagem: L.A. Cicero]
Brasil no meio
Há poucos dias, uma equipe da Universidade de Stanford, nos EUA, anunciou a criação de uma sinapse artificial orgânica que pode viabilizar processadores neuromórficos, processadores que trabalham de forma mais parecida com o cérebro humano.
A criação desse componente, chamado enode (Electrochemical Neuromorphic Organic Device, ou dispositivo eletroquímico orgânico neuromórfico), contou com a participação do brasileiro Gregório Couto Faria, do Instituto de Física da USP em São Carlos (IFSC-USP).
Retornando ao Brasil, Gregório explicou mais detalhadamente as características do novo componente: "Apesar de muito simples, o enode apresenta uma propriedade típica das estruturas neurais, que é a memória multinivelada [com múltiplos níveis]. Cada unidade do nosso cérebro manifesta cerca de 100 estados de potenciação, que correspondem a diferentes níveis de memória. Em nosso experimento, variando a voltagem, conseguimos mudar a condutividade do material ativo, e, assim, acessar também padrões diferenciados de memória."
Ele contou que o componente é constituído essencialmente por um polímero conjugado, que é capaz de conduzir não apenas elétrons, mas também íons. Isso lhe possibilita atuar como tradutor - tecnicamente, como um transdutor - de corrente elétrica para corrente iônica, o que lhe permite mimetizar os sistemas biológicos, como o cérebro humano. "Esses sistemas comunicam-se predominantemente por meio de fluxos iônicos. Quando um neurônio interage com outro, o que ele faz é abrir canais para a passagem de íons e, assim, polarizar o ambiente ao redor. Ao reproduzir essa função, nosso polímero estabelece uma interface entre sistemas artificiais e sistemas vivos," informou Gregório.
O desenvolvimento da eletrônica de polímeros conjugados rendeu o Prêmio Nobel de Química de 2000 a Alan Heeger (Estados Unidos), Alan MacDiarmid (Nova Zelândia) e Hideki Shirakawa (Japão). Na família dos polímeros conjugados, há uma classe específica de condutores orgânicos mistos. Uma das vantagens desses materiais em relação aos seus análogos inorgânicos é que eles têm uma morfologia muito porosa, semelhante à da esponja. Quando imersos em um meio líquido com a presença de íons, absorvem a solução em seus interstícios. E sua rede de canais intersticiais transforma-se no sistema viário pelo qual os íons podem trafegar.
Brasileiro conta como ajudou a criar componente para o futuro computador neuromórfico
O componente eletroiônico foi usado para simular o conhecido experimento dos cães de Pavlov. [Imagem: Yoeri van de Burgt et al. - 10.1038/nmat4856]
Computação neuromórfica
Uma aplicação imediata seria utilizar o enode em sensores para detectar a presença de determinadas substâncias ou em próteses para estimular tecidos vivos, como as células cardíacas, por exemplo. Outra aplicação, muito mais ambiciosa, é valer-se da propriedade do material para projetar e produzir circuitos eletrônicos capazes de imitar estruturas biológicas, como os neurônios.
Durante o trânsito iônico, ocorrem reações de oxidação ou redução do polímero pelos íons. Trata-se do fenômeno que, na ciência dos materiais, recebe o nome de "dopagem". O ganho (na oxidação) ou a perda (na redução) de elétrons afeta a condutividade elétrica do material. E a condutividade pode ser modulada pela variação da tensão aplicada. "É isso que possibilita ao dispositivo apresentar diferentes níveis de memória, configurando assim uma das primeiras condições para a elaboração de uma estrutura neuromórfica", explicou o pesquisador.
Unidades neuromórficas integradas em redes neurais constituem a opção mais ousada para superar o atual impasse da computação, que não consegue mais manter o ritmo de ganho na velocidade de processamento que se observou até agora.
"Uma das propostas para superar o impasse é a verticalização das unidades de memória. É o mesmo princípio que se observa na dinâmica urbana. Quando a área para expansão das cidades chega a um limite, elas começam a se verticalizar. O mesmo tenderia a ocorrer nos processadores. Outra saída, mais inovadora, é a substituição da computação de tipo Von Neumann [referência ao matemático húngaro de origem judaica John von Neumann (1903 - 1957)], adotada desde os primórdios da revolução da informática, por uma computação neuromórfica, que busca mimetizar o funcionamento do cérebro," ponderou o pesquisador.
Brasileiro conta como ajudou a criar componente para o futuro computador neuromórfico
A lógica multivalorada também já está avançando rumo à computação neuromórfica. [Imagem: Baudry/Lukyanchuk/Vinokur]
Memória multinivelada
Em vez dos bits 0 ou 1 da computação tradicional, na computação neuromórfica, cada unidade básica poderia exibir vários estados possíveis: o "sim", o "não" e diferentes tipos de "talvez". Além disso, as redes neurais apresentariam padrões de plasticidade e capacidade de aprendizado cada vez mais semelhantes aos das estruturas biológicas. Isso significa que muitas unidades diferentes poderiam se sincronizar, de modo que o padrão elétrico de uma seria aprendido e assumido por outra.
"Ao lado da memória multinivelada, a capacidade de aprendizado é uma característica muito importante do enode", sublinhou Gregório. "Para checar essa capacidade, aplicamos ao dispositivo o teste 'Cachorro de Pavlov'."
O teste, baseado nos experimentos realizados pelo fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), associa a oferta de comida ao soar de um sino. Depois de vivenciar tal situação, o cão, que saliva instintivamente ao ver ou cheirar a comida, passa a salivar também cada vez que ouve o sino, mesmo na ausência da comida.
"O que fizemos foi reproduzir esse tipo de condicionamento animal utilizando dois sistemas neuromórficos, um relativo à visão (mimetizando a visão da comida), outro relativo à audição (mimetizando a audição do sino). A variação de condutividade em função do potencial elétrico, que ocorria no sistema de visão, foi 'aprendida' pelo sistema de audição, quando os dois sistemas foram integrados", descreveu o pesquisador.
Parece complicado. Mas, no fundo, tudo se resume à dopagem da estrutura do polímero pelo fluxo iônico.
Brasileiro conta como ajudou a criar componente para o futuro computador neuromórfico
O avanço na exploração das correntes iônicas está levando à emergência de um novo campo, denominado ionotrônica, uma "eletrônica" movida a íons. [Imagem: Mikko Raskinen/Aalto University]
Computador neuromórfico
Os computadores atuais, de tipo Von Neumann, já são capazes de aprender, por tentativa e erro. É o que se chama, em linguagem técnica, de "aprendizado de máquina", e já ocorre até mesmo nos celulares.
Foram técnicas de aprendizagem de máquina que levaram aos programas que derrotaram o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, em 1997, que permitiram que o supercomputador Watson derrotasse os dois campeões do programa Jeopardy em 2011, e, em 2016, que o campeão de Go, Lee Sedol, fosse derrotado pelo programa AlphaGo.
Porém o que se busca agora é outro tipo de aprendizado, baseado não no acúmulo de bytes em máquinas gigantescas, mas em unidades de processamento multiniveladas, integradas em redes capazes de mimetizar a plasticidade do cérebro humano.
O componente construído por Gregório e seus colegas ainda possui tamanho macroscópico, da ordem de milímetros. Porém ele é passível de miniaturização em escala nanométrica por meio de fotolitografia. "Nosso grande objetivo é conectar vários dispositivos neuromórficos e mimetizar redes neurais capazes de executar funções cada vez mais complexas", resumiu Gregório. O horizonte é o computador neuromórfico.

Bibliografia:

A non-volatile organic electrochemical device as a low-voltage artificial synapse for neuromorphic computing
Yoeri van de Burgt, Ewout Lubberman, Elliot J. Fuller, Scott T. Keene, Gregório Couto Faria, Sapan Agarwal, Matthew J. Marinella, A. Alec Talin, Alberto Salleo
Nature Materials
DOI: 10.1038/nmat4856

Nova forma de carbono é dura como pedra e elástica como borracha

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Nova forma de carbono é duro como pedra e elástica como borracha
Visualização do carbono vítreo ultraforte, duro e elástico. A estrutura ilustrada está sobreposta em uma imagem do material feita por microscópio eletrônico. [Imagem: Timothy Strobel]
Muitos carbonos
O carbono é um elemento químico cujas possibilidades de rearranjo parecem ser infinitas.
Por exemplo, os diamantestransparentes e superduros, o grafite opaco e desmanchadiço, o espetacular grafeno, todos são compostos exclusivamente por carbono.
E, claro, temos nós, os seres humanos, formados em uma estrutura de carbono. E tem também o diamano, o aerografitee, agora, uma nova forma que parece ser um misto de tudo isso.
Meng Hu e seus colegas das universidades Yanshan (China) e Carnegie Mellon (EUA) criaram uma forma de carbono que é, ao mesmo tempo, dura como pedra e elástica como uma borracha - e ainda conduz eletricidade.
Essas infinitas possibilidades do carbono parecem ser possíveis porque a configuração dos seus elétrons permite inúmeras combinações de autoligação, dando origem a uma ampla gama de materiais com propriedades variáveis - ou seja, muito mais ainda pode estar por vir. O segredo está em descobrir o método adequado para sintetizar novas variações.
Carbono ultraforte
Meng Hu e seus colegas produziram o material pressurizando e aquecendo uma forma estruturalmente desordenada de carbono, chamada carbono vítreo. Esse material inicial foi submetido a cerca de 250 mil vezes a pressão atmosférica normal e aquecido a aproximadamente 980º C para criar o novo carbono forte e elástico.
O carbono recém-criado é composto tanto de ligações químicas similares às do grafite quanto de ligações semelhantes às do diamante, o que pode explicar sua combinação única de propriedades. Sob as condições de síntese de alta pressão, camadas desordenadas dentro do carbono vítreo se mesclaram e reconectaram de várias maneiras. Esse processo criou uma estrutura geral que não possui uma ordem espacial de longo alcance, mas apresenta uma organização cristalina na escala nanométrica.
A nova forma de carbono é ultraforte, leve, elástica e eletricamente condutora.
Nova forma de carbono é duro como pedra e elástica como borracha
Visualização dos diferentes tipos de ligações tipo diamante (esferas vermelhas) formadas em superfícies curvas ou entre as camadas de grafeno (esferas pretas) neste novo tipo de carbono vítreo comprimido. [Imagem: Timothy Strobel]
Um material com uma combinação tão única de propriedades poderá atender a uma grande variedade de aplicações - a equipe não se arrisca a fazer uma lista, mas afirma que começará a explorar o material para uso na indústria aeroespacial.
"Materiais leves com elevada resistência e elasticidade e robustos como este são muito desejáveis para aplicações onde a economia de peso é de extrema importância, mesmo mais do que o custo do material," explicou o professor Zhisheng Zhao. "Além disso, acreditamos que este método de síntese pode ser aprimorado para criar outras formas extraordinárias de carbono e classes de materiais inteiramente diferentes".

Bibliografia:

Compressed glassy carbon: An ultrastrong and elastic interpenetrating graphene network
Meng Hu, Julong He, Zhisheng Zhao, Timothy A. Strobel, Wentao Hu, Dongli Yu, Hao Sun, Lingyu Liu, Zihe Li, Mengdong Ma, Yoshio Kono, Jinfu Shu, Ho-kwang Mao, Yingwei Fei, Guoyin Shen, Yanbin Wang, Stephen J. Juhl, Jian Yu Huang, Zhongyuan Liu, Bo Xu, Yongjun Tian
Science Advances
Vol.: 3, no. 6, e1603213
DOI: 10.1126/sciadv.1603213

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Por que a Terra está se afastando do Sol?

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Por que a Terra está se afastando do Sol?
[Imagem: NASA]
Sol distante
A distância entre o Sol e a Terra é conhecida como Unidade Astronômica, ou simplesmente UA, uma espécie de "quilômetro espacial", usada para expressar as enormes distâncias interplanetárias. Uma Unidade Astronômica mede 149.597.870,696 km.
A medição mais precisa feita até hoje dessa distância entre o Sol e a Terra foi concluída em 2004 pelos astrofísicos russos Gregoriy A. Krasinsky e Victor A. Brumberg. E, ao término de seu trabalho, eles fizeram uma descoberta surpreendente: a Terra está se afastando do Sol a uma velocidade de 15 centímetros por ano.
Resfriamento global no futuro
Quinze centímetros por ano não parece ser muito, talvez apenas o suficiente para permitir uma previsão de que a Terra terá problemas de resfriamento global em algumas centenas de milhões de anos. Mas é o suficiente para exigir uma explicação. Afinal de contas, o que está afastando a Terra do Sol?
A explicação que primeiro se ofereceu foi a de que o Sol está perdendo massa, via fusão nuclear e pela emissão dos ventos solares. Perdendo massa, ele perderia sua força gravitacional e permitiria que os planetas ao seu redor se afastassem.
Outras possibilidades levantadas incluíram alterações na constante gravitacional G, efeitos da expansão do Universo e até influências da matéria escura. Mas nenhuma delas passou pelo crivo da comunidade científica.
Marés solares
Agora, Takaho Miura e seus colegas da Universidade de Hirosaki, no Japão, elaboraram uma nova explicação para o afastamento da Terra em relação ao Sol. O artigo científico deverá ser publicado em breve no periódico Astronomy & Astrophysics, mas a proposta foi adiantada em uma reportagem da revista New Scientist.
Segundo os cientistas japoneses, o Sol e a Terra estão literalmente empurrando-se mutuamente devido à interação de suas marés.
O fenômeno é o mesmo que explica o afastamento da Lua em relação à Terra: as marés que a Lua levanta em nossos oceanos estão gradualmente transferindo energia rotacional para o movimento lunar. Como resultado, a cada ano a órbita lunar aumenta cerca de 4 centímetros, e a velocidade de rotação da Terra diminui em 0,000017 segundos.
O tempo de fato está passando mais lentamente
Dezessete milissegundos por ano é outro dado nada apocalíptico, mas o suficiente para projetar que, ao contrário do que o senso comum aponta, ao invés do tempo estar passando mais rápido, ele de fato passa cada dia mais lentamente - literalmente 0,000017 segundos por ano - e os dias terrestres tenderão a ficar maiores no futuro.
Da mesma forma, afirmam os cientistas, a massa da Terra está causando o levantamento de marés na superfície do Sol, o que explica uma diminuição na rotação do Sol em 0,00003 segundos (3 milissegundos) por ano. Ao perder momento angular, o Sol permite que a distância entre ele e a Terra aumente gradualmente.

Embora já tenha sido aceito para publicação, o que significa que os revisores verificaram que a proposta é cientificamente válida, será necessário que outros astrofísicos avaliem os métodos e cálculos dos pesquisadores japoneses antes que se possa considerar esta como sendo a explicação "oficial" para o já bem documentado afastamento entre o Sol e a Terra.

Correntes oceânicas podem gerar energia continuamente

Redação do Site Inovação Tecnológica



Correntes oceânicas podem gerar energia continuamente
Os primeiros protótipos já passaram pelos testes - os modelos finais deverão ter 80 metros de diâmetro e ficar a 100 metros de profundidade. [Imagem: OIST]
Eletricidade do mar
Diversas técnicas estão sendo analisadas e comparadas em busca de uma forma eficiente e economicamente viável de fazer com que os oceanos gerem eletricidade.
Algumas abordagens propõem tirar proveito do movimento das marés usando diques, enquanto outras usam turbinas flutuantes. Mas a maioria dos projetos-piloto envolve tirar proveito da energia das ondas.
O professor Katsutoshi Shirasawa, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, acredita que dá para tirar proveito também de outro movimento natural das águas: as correntes oceânicas.
A grande vantagem é que as correntes oceânicas - verdadeiros rios que cruzam todos os oceanos da Terra - são contínuas, podendo gerar energia 24 horas por dia, sete dias por semana. Isto as torna mais estáveis do que as ondas e as marés, e livres do problema da intermitência das fontes solar e eólica.
  • Especial Armazenar o vento: Tecnologias para serem levadas a sério
Gerador oceânico
Shirasawa projetou uma turbina que ficará bem no meio da corrente oceânica, 100 metros abaixo da superfície do mar, o que significa que o gerador oceânico não colocará qualquer restrição à navegação.
Apesar de constantes e de não mudarem de direção, as correntes oceânicas são lentas, com uma velocidade média entre 1 e 1,5 metro por segundo. Contudo, como a água é mais de 800 vezes mais densa do que o ar, mesmo uma corrente lenta consegue gerar energia comparável à energia gerada por um vento forte incidindo sobre uma turbina eólica.
Correntes oceânicas podem gerar energia continuamente
Esquema da turbina para gerar eletricidade a partir das correntes oceânicas. [Imagem: Katsutoshi Shirasawa et al. - 10.1016/j.renene.2016.01.035]
O projeto foi calculado para explorar a Corrente Kuroshio, que flui ao longo da costa japonesa.
"Nosso projeto é simples, confiável e energeticamente eficiente. A turbina compreende um flutuador, um contrapeso, uma nacele para acomodar o gerador e três pás. Minimizar o número de componentes é essencial para facilitar a manutenção, baixar o custo e alcançar uma baixa taxa de falhas," disse Shirasawa.
Substituir um reator nuclear
A equipe já construiu dois protótipos, que estão passando pelos testes finais de eficiência e durabilidade.
A equipe espera obter financiamento para construir 300 turbinas de 80 metros de diâmetro, o suficiente para gerar 1 GW, potência equivalente à dos reatores nucleares japoneses.

Bibliografia:

Experimental verification of a floating ocean-current turbine with a single rotor for use in Kuroshio currents
Katsutoshi Shirasawa, Kohei Tokunaga, Hidetsugu Iwashita, Tsumoru Shintake
Renewable Energy
Vol.: 91, June 2016, Pages 189-195
DOI: 10.1016/j.renene.2016.01.035

Turbina inovadora gera energia barata com ondas do mar

Redação do Site Inovação Tecnológica 




Turbina inovadora tentará gerar energia barata com ondas do mar
O protótipo para testes tem 42 metros de comprimento e 80 toneladas. [Imagem: Opera/Luis Angel Gomez]
Energia das ondas
Começou, no litoral da Espanha, o teste de mais uma tecnologia objetivando gerar eletricidade limpa e sustentável explorando as ondas do mar.
O projeto Opera, financiado pela União Europeia, lançou ao mar o primeiro protótipo do gerador Marmok, um novo tipo de gerador cujas turbinas podem gerar até 30 kW cada uma. O segundo protótipo deverá ser ancorado no mesmo local em 2017.
O dispositivo é descrito por seus idealizadores como um "absorvedor pontual" baseado no princípio da coluna de água oscilante - a força vem das ondas do mar, mas as turbinas são giradas por ar.
Trata-se de uma grande boia flutuante, com 5 metros de diâmetro, 42 metros de comprimento e 80 toneladas de peso. A boia, que acomoda duas turbinas com capacidade nominal de 30 kW, fica quase inteiramente submersa.
Turbina inovadora tentará gerar energia barata com ondas do mar
A força vem das ondas do mar, mas as turbinas são giradas por ar. [Imagem: Opera/Divulgação]
As ondas capturadas criam uma coluna de água dentro da estrutura central da boia, estrutura esta que se move como um pistão pelo movimento de ida e volta das ondas, comprimindo e descomprimindo o ar em uma câmara na parte superior do dispositivo.
O ar é então expelido pelo topo, onde é aproveitado por uma ou mais turbinas, cuja rotação aciona o gerador de eletricidade.
"Este projeto colaborativo europeu de demonstração da energia das ondas irá produzir dados importantes, que permitirão a próxima fase de comercialização da produção de energia a partir do oceano," disse Lars Johanning, da Universidade de Exeter e principal pesquisador do projeto.
Turbina inovadora tentará gerar energia barata com ondas do mar
O projeto vai aproveitar os sistemas de amarração compartilhados usados há muito tempo nas fazendas de aquicultura, onde reduzem os custos de ancoragem em quase 50%. [Imagem: Opera/Divulgação]
A propósito, um dos grandes argumentos da equipe é que este dispositivo deverá produzir eletricidade a um custo muito baixo - eventualmente o menor custo dentre os vários projetos de geração de energia no mar atualmente em testes na Europa, envolvendo exploração das ondas, das marés e das correntes oceânicas.
A grande diferença é que trata-se de um projeto público, com dados compartilhados entre pesquisadores de várias universidades, enquanto a maioria dos outros testes são empreendimentos privados, o que torna virtualmente impossível dispor de dados confiáveis que permitam comparar as diversas tecnologias e traçar planos de longo prazo para a geração sustentável de energia.
Turbina inovadora tentará gerar energia barata com ondas do mar
As turbinas ficam na horizontal, acima da coluna d'água, facilitando muito a manutenção. [Imagem: Opera/Divulgação]

No geral, o projeto Opera pretende desenvolver tecnologias que permitam uma redução de 50% nos custos operacionais em mar aberto, acelerando assim o estabelecimento de padrões internacionais e reduzindo as incertezas tecnológicas e os riscos técnicos e empresariais para adoção da tecnologia em larga escala.

A corrida pela soberania e pelos bilhões do leito dos oceanos

Com informações da BBC 



A corrida pela soberania e pelos bilhões do leito dos oceanos
Máquinas de exploração submarina já estão sendo fabricadas e testadas.[Imagem: Soil Machine Dynamics]
Geopolítica dos oceanos
Ao redor do mundo, diversos países estão reivindicando soberania sobre áreas de difícil acesso no fundo dos oceanos. Por quê?
No século 20, por exemplo, missões para chegar ao Polo Sul foram financiadas por investidores privados, com olhos nos benefícios da futura exploração dessas áreas desconhecidas.
Mas o aspecto geopolítico sobre os oceanos só ganhou força em 1945, quando o então presidente dos EUA, Harry Truman, reivindicou a totalidade da plataforma continental adjacente ao país. O Brasil fez o mesmo em 1970, elevando seu mar territorial para 200 milhas náuticas.
Em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) criou uma série de "estágios", que incluem o mar territorial (12 milhas), zona contígua, zona econômica exclusiva (até 200 milhas) e uma "plataforma continental ampliada", permitindo que os países reivindiquem direitos econômicos sobre sua plataforma continental até um limite de 350 milhas marítimas - em 4 de janeiro de 1993, o governo brasileiro sancionou a Lei nº 8.617, que tornou os limites marítimos brasileiros coerentes com os limites preconizados pela CNUDM.
Simbolicamente, em 2007, a Rússia usou um submarino-robô para fincar uma bandeira no fundo do mar abaixo do Polo Norte.
E o objetivo é quase sempre o mesmo dos financiadores dos primeiros exploradores: os interesses econômicos nos oceanos, no fundo oceânico e no que vier abaixo dele - como o petróleo do pré-sal, por exemplo.
A corrida pela soberania e pelos bilhões do leito dos oceanos
O LEPLAC (Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira) foi instituído em 1989 para estabelecer o limite além das 200 milhas no qual o Brasil irá reivindicar soberania. [Imagem: Comissão Interministerial para os Recursos do Mar]
Mineração oceânica
Apenas 5% do leito oceânico, que cobre cerca de 60% da superfície da Terra, foi explorado até agora. A luz não chega às profundezas, que vivem na escuridão, em temperaturas perto de zero.
Cada missão exploratória revelou estruturas frágeis e animais nunca antes vistos. Mas empresas e governos estão de olho em minerais que potencialmente podem valer bilhões. Nos últimos anos, houve grande avanço na tecnologia para mapear e extrair esses recursos - incluindo a construção de equipamentos robóticos capazes de operar em grandes profundidades.
Com isto, a mineração marinha, ideia que data dos anos 1960, pode se tornar realidade já na próxima década.
No solo oceânico há, por exemplo, cobre, níquel e cobalto em grandes concentrações, assim como depósitos de metais estratégicos, como é o caso dos chamados elementos de terras raras, usados em tecnologias como chips de memória, baterias para carros elétricos e ímãs superfortes para discos rígidos e turbinas eólicas.
Estima-se que apenas algumas montanhas no fundo do Pacífico contenham 22 vezes mais telúrio, elemento usado em painéis de energia solar, do que em todas as reservas terrestres conhecidas.
A corrida pela soberania e pelos bilhões do leito dos oceanos
O monte submarino Tropic, próximo às Ilhas Canárias, tem 3 mil metros de altura e uma enorme reserva de terras raras. [Imagem: NOC]
Meio ambiente
Até o momento, esses recursos minerais estão sendo apenas localizados, não extraídos. E há sérios obstáculos a superar para sua exploração comercial continuada.
O equipamento precisa funcionar em profundidades de 5 mil metros, onde a pressão é 500 vezes maior que na superfície, apenas para começar a escavar. A atual tecnologia de mineração profunda permite apenas a operação em regiões de mil metros debaixo d´água.
As regras para a exploração do fundo dos oceanos ainda não foram estipuladas, mas os interessados terão que demonstrar que avaliaram o impacto ambiental das operações e os planos de contingência para efeitos das atividades.
O grande problema é que o conhecimento humano sobre esses ambientes é limitado, o que dirá a compreensão sobre os efeitos de sua exploração para a extração de recursos.
Um consórcio internacional de cientistas começou recentemente a tentar medir o impacto ambiental da escavação do leito oceânico. Os especialistas temem que isso possa afetar muitas formas de vida e mesmo a capacidade dos oceanos de fornecer alimento e absorver dióxido de carbono da atmosfera.
A corrida pela soberania e pelos bilhões do leito dos oceanos
Esta é a maior máquina da mina oceânica Solwara-1, ao largo de Papua Nova Guiné. [Imagem: Nautilus Minerals]

Nêmesis: Novas pistas de que o Sol teve uma irmã gêmea

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Nêmesis: Novas pistas de que o Sol tem uma irmã gêmea
Imagem de um sistema estelar triplo na nuvem molecular Perseus. [Imagem: Bill Saxton/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/NRAO/AUI/NSF]
Estrelas binárias
Depois das previsões teóricas sobre o Planeta Nove e o Planeta Dez, agora os astrônomos têm um novo alvo para seus telescópios: uma estrela gêmea do Sol.
Cientistas afirmam que é "quase praticamente certo" que o nosso Sol teve um gêmeo quando nasceu há 4,5 bilhões de anos - embora não seja um gêmeo idêntico.
Mais do que isso, o físico Steven Stahler, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Sarah Sadavoy, radioastrônoma do Observatório Astrofísico Smithsoniano, afirmam que praticamente todas as estrelas nascem aos pares - e muitas em ninhadas bem mais prolíficas.
Estrela gêmea do Sol
Muitas estrelas têm companheiras, incluindo nossa vizinha mais próximo, Alfa Centauro, um sistema trigêmeo. Os astrônomos têm procurado uma explicação para isso há muito tempo: Será que os sistemas de estrelas binárias e trinárias nasceram desse jeito? Ou será que uma estrela capturou a outra? As estrelas binárias podem se separar e se tornar estrelas solteiras?
Os astrônomos procuram uma eventual companheira para o nosso Sol há tanto tempo que essa estrela hipotética até já foi batizada: Nêmesis. Ela seria necessária para explicar um notável padrão nas quedas de cometas e asteroides sobre a Terra, incluindo aquele que supostamente exterminou os dinossauros. Esses corpos celestes caem na Terra em "ondas", que poderiam ser causadas pela aproximação de um corpo celeste de grande massa. Mas Nêmesis ainda não foi localizada.
A nova pista para a existência de Nêmesis veio do rastreamento por radiotelescópios de uma nuvem molecular gigante repleta de estrelas recém-formadas na constelação Perseus e de um modelo matemático que consegue explicar as observações de Perseus apenas se todas as estrelas parecidas com o Sol tiverem nascido com uma companheira.
Nêmesis: Novas pistas de que o Sol tem uma irmã gêmea
As estrelas binárias em Perseus formam-se em núcleos ovalados densos. [Imagem: SCUBA-2/Sarah Sadavoy/CfA]
"Nós rodamos uma série de modelos estatísticos para ver se poderíamos explicar as populações relativas de estrelas jovens solteiras e binárias de todas as separações na nuvem molecular Perseus e o único modelo que consegue reproduzir os dados é aquele no qual todas as estrelas se formam inicialmente como binários amplos. Esses sistemas, então, ou diminuem ou se separam dentro de um milhão de anos. Estamos dizendo, sim, provavelmente houve uma Nêmesis, há muito tempo," disse Stahler.
Estrela perdida
O termo "binário amplo" significa que as duas estrelas são separadas por mais de 500 unidades astronômicas, ou ua, equivalente à distância média entre o Sol e a Terra. Um companheiro binário amplo para o nosso Sol estaria 17 vezes mais longe da nossa estrela do que seu planeta mais distante conhecido até hoje, Netuno.
"A ideia de que muitas estrelas se formam com uma companheira já foi sugerida antes, mas a questão é: quantas?" comentou Sarah Sadavoy. "Com base em nosso modelo simples, afirmamos que quase todas as estrelas se formam com uma companheira. A nuvem de Perseus é geralmente considerada uma região típica de formação de estrelas de pequena massa, mas nosso modelo precisa ser verificado em outras nuvens".
Mas talvez os astrônomos não devam sair correndo em busca da irmã gêmea do Sol. Com base no modelo, a irmã do Sol provavelmente escapou e se encontra hoje misturada com todas as outras estrelas na nossa região da Via Láctea, sendo virtualmente impossível identificá-la. Se for assim, ela não seria a responsável pelas ondas de asteroides e cometas que caem periodicamente sobre a Terra.

Bibliografia:

Embedded binaries and their dense cores
Sarah I. Sadavoy, Steven W. Stahler
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Vol.: 469 (4): 3881
DOI: 10.1093/mnras/stx1061
https://arxiv.org/abs/1705.00049

Como os EUA estão 'inundando' o Oriente Médio de armas

Pela BBC - Brasil
Trump na Arábia SauditaDireito de imagem
e captionAcordo entre os EUA e a Arábia Saudita prevê um pacote de defesa de US$ 110 bilhões
Não foi à toa que o presidente americano, Donald Trump, visitou a Arábia Saudita em sua primeira turnê oficial como presidente dos Estados Unidos.
A viagem consolidou um acordo de venda de armas para Riad avaliado em US$ 110 bilhões. Os sauditas receberão dos EUA, durante os próximos dez anos, tanques, aviões de combate, barcos de guerra e mísseis de precisão guiados.
Apesar das várias críticas ao seu histórico de repressão, violação de direitos humanos e das mulheres e por financiar mesquitas e escolas islâmicas que difundem visões fundamentalistas do islamismo mundo afora, a Arábia Saudita é um dos principais parceiros dos EUA no Oriente Médio - e, segundo a instituição americana Council on Foreign Relations, o maior importador de armas do país. 

Aumento

Uma análise do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri), indica que, nos últimos quatro anos (2012-2016), as importações de armas por nações do Oriente Médio aumentaram 86%.
"A Arábia Saudita foi o segundo maior importador de armas do mundo entre 2012 e 2016 (atrás da Índia), com um aumento de 212% desde o período de 2007-2011", diz o estudo.
No mesmo período, segundo o Sipri, os EUA foram o maior exportador de armas do planeta.
"Suas exportações aumentaram 21% comparado ao período de 2001-2011. Quase a metade destas exportações foram para o Oriente Médio."
Se é certo que este aumento ocorreu durante a presidência de Barack Obama, seu governo também impôs certas restrições à venda de armas a determinados países por conta de preocupações com direitos humanos.
Em 2017, no entanto, o governo Trump começou a revogar estas restrições.
Aviões F-15sDireito de imagem
Image captionO Catar assinou um acordo para a compra de 36 caças F-15 dos Estados Unidos
Em março, o Departamento de Estado suspendeu um bloqueio imposto por Obama à venda de armas para o Bahrein, depois de acusações de abusos contra grupos de oposição ligados à maioria xiita no país.
A decisão permitirá, agora, a venda de aviões de combate F-16 e de outras armas ao Bahrein, como parte de um pacote avaliado em cerca de 2,7 bilhões.
A base da Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos, que patrulha o estratégico Golfo Pérsico, fica no Bahrein.

Preocupações

No início do mês de junho, houve tentativas no Senado americano de bloquear um pacote de US$ 500 milhões em mísseis guiados para a Arábia Saudita, por causa de preocupações com a campanha militar saudita na guerra do Iêmen.
Todas as facções envolvidas neste conflito - que começou em 2014, já matou mais de 10 mil pessoas e afundou grande parte do país em uma escassez generalizada de alimentos - foram acusadas de cometer abusos de direitos humanos e crimes de guerra.
Muitos senadores se opunham à venda de armas à Arábia Saudita pelo seu papel no conflito. O país lança ataques aéreos contra rebeldes houthi - que controlam a maior parte do Iêmen - dizendo estar "defendendo o governo legítimo" do presidente, Abdrabbuh Mansour Hadi.
A venda, no entanto, foi aprovada por uma estreita margem no Senado americano.
O Catar também é outro grande importador de armamentos. Segundo o Sipri, nos últimos anos, "as importações de armas do Catar aumentaram 245%".
Na semana passada, o secretário americano de Defesa, James Mattis, assinou um acordo de US$ 12 bilhões para a venda de 36 aviões de combate F-15 ao Catar.

Situação 'confusa'

Emir do CatarDireito de imagemS
Image captionSegundo um estudo do Sipri, as importações de armas do Catar aumentaram 245% nos últimos cinco anos
O acordo ocorreu no momento em que Arábia Saudita lidera, junto com outros países da região, um duro bloqueio econômico e diplomático contra o vizinho Catar, por supostamente "apoiar a terroristas".
O presidente Donald Trump elogiou a ação.
"Dizem que vão adotar uma linha dura contra o financiamento do extremismo e todas as referências apontam para o Catar. Talvez este seja o começo do fim do horror do terrorismo", escreveu Trump no Twitter.
Já o democrata Ted Lieu disse, em uma audiência no Congresso, que "é muito confuso para os líderes mundiais e os membros do Congresso quando a Casa Branca faz duas coisas exatamente opostas" em relação ao Catar.
Cabe lembrar que o Catar abriga a maior base militar americana no Oriente Médio, a base aérea Al-Udeid, que foi essencial para missões militares e de contraterrorismo dos Estados Unidos e de seus aliados no Afeganistão, no Iraque e na Síria.

Principal mercado

Tudo parece indicar que o Oriente Médio, uma região submersa em numerosos conflitos, continuará sendo um dos principais importadores de armas do mundo.
E os Estados Unidos, seu principal fornecedor.
"Durante os últimos cinco anos, um dos principais mercados de armas dos Estados Unidos foram as nações do Oriente Médio, especialmente a Arábia Saudita", disse à BBC Pieter Wezeman, pesquisador do Sipri.
"E mesmo que Obama tenha imposto algumas restrições, no total, essas restrições foram quase invisíveis."
"Tudo parece indicar que agora, com Trump, será inclusive mais fácil adquirir armas dos EUA do que era antes - para países como Arábia Saudita, Bahrein e vários outros na região", conclui.
IêmenDireito de imagem
Image captionA guerra no Iêmen afundou o país numa escassez de alimentos

Estratégia

A pergunta é: será que Donald Trump tem uma estratégia para o Oriente Médio, para além da venda de armas?
Segundo a correspondente da BBC no Departamento de Estado, Barbara Plett Usher, em Washington se fala de uma "aparente desconexão entre o desejo de vender mais armas para a região e uma estratégia articulada para pôr fim aos conflitos ali".
Pieter Wezeman afirma que Trump não parece ter uma estratégia mais abrangente do que "vender armas para criar empregos nos Estados Unidos".
"Ele parece ter jogado fora qualquer preocupação com direitos humanos", diz.
"E parece extremamente disposto a fornecer qualquer tipo de armas que os países do Oriente Médio queiram e principalmente qualquer tipo de armas que eles possam pagar."
Protesto no IêmenDireito de imagem
Image captionMuitos de mostram críticos do papel da Arábia Saudita no conflito do Iêmen, que já deixou mais de 10 mil mortos
Alguns analistas dizem que essa aparente falta de estratégia poderia representar um risco em uma região extremamente armada e envolvida em diversos conflitos.
Eles levantam, por exemplo, a possibilidade de que aliados sunitas da Arábia Saudita utilizem essas armas para atacar seu principal inimigo na região: o Irã.
"Estamos vendo que essas armas não estão sendo importadas apenas para exibição. Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar as estão usando em grande escala no Iêmen, na Líbia e na Síria", diz Wezeman.
O risco, segundo o pesquisador, é colocar uma grande quantidade de armas sofisticadas "em uma região onde não existe nenhum sistema de controle de armas e onde ninguém quer sentar à mesa para discutir o assunto."