Com informações da BBC
Máquinas de exploração submarina já estão sendo fabricadas e testadas.[Imagem: Soil Machine Dynamics]
Geopolítica dos oceanos
Ao redor do mundo, diversos países estão reivindicando soberania sobre áreas de difícil acesso no fundo dos oceanos. Por quê?
No século 20, por exemplo, missões para chegar ao Polo Sul foram financiadas por investidores privados, com olhos nos benefícios da futura exploração dessas áreas desconhecidas.
Mas o aspecto geopolítico sobre os oceanos só ganhou força em 1945, quando o então presidente dos EUA, Harry Truman, reivindicou a totalidade da plataforma continental adjacente ao país. O Brasil fez o mesmo em 1970, elevando seu mar territorial para 200 milhas náuticas.
Em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) criou uma série de "estágios", que incluem o mar territorial (12 milhas), zona contígua, zona econômica exclusiva (até 200 milhas) e uma "plataforma continental ampliada", permitindo que os países reivindiquem direitos econômicos sobre sua plataforma continental até um limite de 350 milhas marítimas - em 4 de janeiro de 1993, o governo brasileiro sancionou a Lei nº 8.617, que tornou os limites marítimos brasileiros coerentes com os limites preconizados pela CNUDM.
Simbolicamente, em 2007, a Rússia usou um submarino-robô para fincar uma bandeira no fundo do mar abaixo do Polo Norte.
E o objetivo é quase sempre o mesmo dos financiadores dos primeiros exploradores: os interesses econômicos nos oceanos, no fundo oceânico e no que vier abaixo dele - como o petróleo do pré-sal, por exemplo.
O LEPLAC (Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira) foi instituído em 1989 para estabelecer o limite além das 200 milhas no qual o Brasil irá reivindicar soberania. [Imagem: Comissão Interministerial para os Recursos do Mar]
Mineração oceânica
Apenas 5% do leito oceânico, que cobre cerca de 60% da superfície da Terra, foi explorado até agora. A luz não chega às profundezas, que vivem na escuridão, em temperaturas perto de zero.
Cada missão exploratória revelou estruturas frágeis e animais nunca antes vistos. Mas empresas e governos estão de olho em minerais que potencialmente podem valer bilhões. Nos últimos anos, houve grande avanço na tecnologia para mapear e extrair esses recursos - incluindo a construção de equipamentos robóticos capazes de operar em grandes profundidades.
Com isto, a mineração marinha, ideia que data dos anos 1960, pode se tornar realidade já na próxima década.
No solo oceânico há, por exemplo, cobre, níquel e cobalto em grandes concentrações, assim como depósitos de metais estratégicos, como é o caso dos chamados elementos de terras raras, usados em tecnologias como chips de memória, baterias para carros elétricos e ímãs superfortes para discos rígidos e turbinas eólicas.
Estima-se que apenas algumas montanhas no fundo do Pacífico contenham 22 vezes mais telúrio, elemento usado em painéis de energia solar, do que em todas as reservas terrestres conhecidas.
O monte submarino Tropic, próximo às Ilhas Canárias, tem 3 mil metros de altura e uma enorme reserva de terras raras. [Imagem: NOC]
Meio ambiente
Até o momento, esses recursos minerais estão sendo apenas localizados, não extraídos. E há sérios obstáculos a superar para sua exploração comercial continuada.
O equipamento precisa funcionar em profundidades de 5 mil metros, onde a pressão é 500 vezes maior que na superfície, apenas para começar a escavar. A atual tecnologia de mineração profunda permite apenas a operação em regiões de mil metros debaixo d´água.
As regras para a exploração do fundo dos oceanos ainda não foram estipuladas, mas os interessados terão que demonstrar que avaliaram o impacto ambiental das operações e os planos de contingência para efeitos das atividades.
O grande problema é que o conhecimento humano sobre esses ambientes é limitado, o que dirá a compreensão sobre os efeitos de sua exploração para a extração de recursos.
Um consórcio internacional de cientistas começou recentemente a tentar medir o impacto ambiental da escavação do leito oceânico. Os especialistas temem que isso possa afetar muitas formas de vida e mesmo a capacidade dos oceanos de fornecer alimento e absorver dióxido de carbono da atmosfera.
Esta é a maior máquina da mina oceânica Solwara-1, ao largo de Papua Nova Guiné. [Imagem: Nautilus Minerals]
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