O uso dos meios de transporte alternativos com menor impacto ao meio ambiente tem aumentado exponencialmente no planeta, porém de forma desigual. O crescimento ocorre principalmente em países do primeiro mundo, e estimular o uso de bicicletas e de veículos automotores que poluem menos tem sido o foco principal de muitas nações. E no Brasil, como estamos?
Respondendo à pergunta acima, o nosso país não vai bem. Os números demonstram que o uso dos chamados “meios de transportes limpos” no Brasil ainda é baixo: o Governo não estimula a sociedade, falta planejamento e incentivos fiscais. Este último ponto seguramente faria com que grandes empresas e a sociedade em geral repensassem algumas questões, uma vez que isenção de impostos na compra de veículos menos degradantes é premissa básica. No Brasil chega a ser cômico um veículo elétrico ser mais caro do que um similar que utiliza combustíveis fósseis, e dá um trabalhão ter um carro nessas características, pois as redes de abastecimento e manutenção são quadros a serem melhorados.
Em cidades grandes como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, que poluem substancialmente o país, é recorrente o número de acidentes envolvendo ciclistas, e o que fazer para incentivar a população a utilizar mais bicicletas?
Obviamente não basta sair construindo ciclovias sem nenhum critério, como ocorreu em São Paulo na gestão do ex-Prefeito Fernando Haddad (PT/SP). É necessária uma mudança de cultura, e isso leva anos e até décadas. Inicialmente, a educação no trânsito deve ser o foco, e em seu sentido mais amplo é imperativo envolver motoristas, pedestres e ciclistas. As crianças e os jovens devem ser inseridos no assunto ainda na escola, para que tenhamos em um futuro não tão distante uma sociedade mais engajada com o tema. A estrutura é sem dúvidas importante, mas a educação e a conscientização do problema são fundamentais para o sucesso.
Vale destacar que as cidades pequenas e médias devem ter uma atenção especial por parte dos governos, pois contrabalanceariam o que as cidades grandes não conseguem por conta dos problemas estruturais muito complexos. Certamente, essas cidades menores abrandariam boa parte dos resultados negativos do país, já que possuem uma população menor, um menor número de veículos, além de uma malha viária menos pujante. Tais características permitem uma gestão mais abrangente, com foco na problemática, e está aí o grande segredo dos países que obtiveram bons resultados: a gestão — e como sabemos, o Brasil está longe ser um primor neste quesito.
Cabe aqui acenar que as empresas privadas têm um papel fundamental de apoiar e estimular os mecanismos para o uso de meios de transportes limpos, utilizando-se de ações pontuais e investimentos no setor. Deixar esta conta apenas para o Governo pagar não é justo e nem assertivo e, em países de sucesso, o setor privado tem uma ampla relevância e a sociedade sabe valorizar as instituições engajadas com a causa.
Finalizando, não temos para onde correr. O Brasil pode fazer algo imediatamente quando ainda há tempo para um planejamento a médio e longo prazo, ou deixar a situação piorar e atuar mais à frente. Porém, as ações terão de ser mais agressivas e, como sabemos, tudo que é feito com um grau de urgência elevado, com pressa, tende a ser mais oneroso e traumático.
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