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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Geoengenharia: Vulcão feito pelo homem não é solução para aquecimento global

Redação do Site Inovação Tecnológica

Geoengenharia: Vulcão feito pelo homem não é solução para o aquecimento global
Cinzas expelidas pelo vulcão Pinatubo, nas Filipinas, em 1991 - os dados mostram que a geoengenharia não produziria efeitos similares.
[Imagem: Jackson K./USGS]

Geoengenharia solar
Não cessa a sequência de estudos mostrando que a manipulação do clima pelo homem, conhecida como geoengenharia, não apenas pioraria o clima, em vez de melhorar, como seria uma "ação irracional e irresponsável".
Apesar de tantas evidências, alguns poucos cientistas e ambientalistas ainda defendem uma prática conhecida como geoengenharia solar, que propõe reduzir os efeitos das mudanças climáticas semeando a atmosfera com partículas de aerossol intencionalmente liberadas.
Uma das principais propostas desta linha é a criação de um "vulcão feito pelo homem". O argumento é que grandes erupções vulcânicas expelem partículas de cinzas na atmosfera, que refletem parte da radiação do Sol de volta ao espaço e resfriam o planeta. As partículas usadas pela geoengenharia não seriam de fumaça de queimadas, certamente, mas o efeito poderia ser similar ao que escureceu o céu de São Paulo recentemente.
Mas será que este efeito dos vulcões naturais poderia ser recriado intencionalmente para combater as mudanças climáticas?
"Ninguém gosta da ideia de mexer intencionalmente em nosso sistema climático em escala global," pondera o professor Ken Caldeira, da Instituição Carnegie, nos EUA. "Mesmo que tenhamos a esperança de que essas abordagens nunca tenham que ser usadas, é realmente importante que as entendamos porque, algum dia, elas poderão ser necessárias para ajudar a aliviar o sofrimento."
Vulcão artificial pioraria o clima
Na tentativa de entender as prováveis consequências do vulcão feito pelo homem, a equipe do professor Caldeira então usou modelos sofisticados para investigar o impacto de um único evento parecido com um vulcão, que liberasse material particulado que permanecesse na atmosfera por apenas alguns anos, e de uma implantação de geoengenharia a longo prazo, que manteria uma camada de aerossol na atmosfera por meio de um reabastecimento contínuo.
Os resultados mostram que, independentemente da origem do material - natural ou artificial -, quando o material particulado é injetado na atmosfera, há uma rápida diminuição na temperatura da superfície, com a terra resfriando mais rapidamente do que o oceano.
Contudo, a erupção vulcânica criou uma diferença maior de temperatura entre a terra e o mar do que a geoengenharia. Isso resultou em diferentes padrões de chuva entre os dois cenários, reforçando estudos anteriores, que mostraram que a geoengenharia pode transformar o aquecimento global em seca global.
No geral, os pesquisadores afirmam que seus resultados demonstram que as erupções vulcânicas são análogos imperfeitos da geoengenharia e que os cientistas devem ser cautelosos em extrapolar demais os resultados das observações pós-vulcanismo, acreditando que um sistema artificial produziria os mesmos resultados.
"Embora seja importante avaliar as propostas de geoengenharia a partir de uma posição informada, a melhor maneira de reduzir o risco climático é reduzir as emissões," concluiu Caldeira.
Bibliografia:

Artigo: Climate Response to Pulse Versus Sustained Stratospheric Aerosol Forcing
Autores: Lei Duan, Long Cao, Govindasamy Bala, Ken Caldeira
Revista: Geophysical Research Letters
DOI: 10.1029/2019GL083701

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