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domingo, 20 de dezembro de 2015

Uma nanotecnologia que você pode pegar sem quebrar

Redação do Site Inovação Tecnológica 

Uma nanotecnologia que você pode pegar sem quebrar
Tente fazer isto com um pedaço de folha de papel-alumínio e você terá uma ideia da resistência dessas nanofolhas, que têm apenas 100 nanômetros de espessura. [Imagem: Universidade da Pensilvânia]
Nanotecnologia resistente
Tudo o que envolve a nanotecnologia geralmente é delicado e difícil de lidar.
Afinal, são coisas medindo 100 nanômetros ou menos - ou 0,1 micrômetro, que por sua vez é a milésima parte do milímetro.
Por isso é surpreendente o que conseguiram fazer Keivan Davami e seus colegas da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.
Eles criaram uma membrana que, apesar de ser milhares de vezes mais fina do que uma folha de papel e centenas de vezes mais fina do que uma folha de papel alumínio, ela pode ser segurada entre os dedos e forçada a se curvar, sem se danificar.
Isto é importante porque, se querem sair das condições controladas de laboratório rumo às aplicações práticas, os frutos da nanotecnologia precisam ganhar em resistência e durabilidade.
Hoje isso só é possível "emoldurando" cada nanomaterial em um suporte que o envolva e evite danos, ou colocando-o sobre uma base sólida, como geralmente é feito com o grafeno, sempre depositado sobre o chamado substrato.
Corrugação
A nova folha não precisa de nenhum suporte adicional, o que está deixando a equipe entusiasmada com seu uso na aviação e em outras aplicações onde a resistência e a leveza dos materiais sejam importantes.
"Materiais em nanoescala frequentemente são muito mais fortes do que se esperaria, mas pode ser difícil usá-los em macroescala. Nós essencialmente criamos uma placa autoportante que tem uma espessura em nanoescala mas é grande o suficiente para ser manipulada com as mãos. Isso não havia sido feito antes," disse o professor Igor Bargatin.
Em vez de depender de um substrato ou de uma moldura, a equipe usou uma técnica conhecida como corrugação, que envolve a criação de ondulações na superfície do material.
Ao toque e à vista, as folhas criadas pela equipe são o supra-sumo da lisura, mas em nanoescala, vista ao microscópio, a superfície lembra mais uma caixa de ovos.
Uma nanotecnologia que você pode pegar sem quebrar
A corrugação hexagonal das placas é responsável por sua resistência. [Imagem: Keivan Davami et al. - 10.1038/ncomms10019]
Outro resultado surpreendente é que as folhas, fabricadas com espessuras entre 25 e 100 nanômetros, são feitas de óxido de alumínio, um material cerâmico geralmente muito quebradiço. Mas a nanoestruturação da superfície permite que elas sejam dobradas e até torcidas, sem se quebrar.
Metamateriais mecânicos
O padrão corrugado das nanoplacas é um exemplo de um campo emergente de pesquisa no campo dos novos materiais: os metamateriais mecânicos, que estão permitindo criar coisas como mantos da invisibilidade para arquitetura e engenharia, materiais programáveis e materiais "impossíveis", que esticam quando comprimidos, por exemplo.
De fato, tal como seus equivalentes eletromagnéticos, os metamateriais mecânicos têm propriedades consideradas impossíveis para os materiais naturais, o que é explicado pelo cuidadoso arranjo de suas estruturas em nanoescala.
O que difere entre eles é que, enquanto os metamateriais eletromagnéticos ganham superpoderes de manipulação das luz e demais ondas eletromagnéticas, os metamateriais mecânicos ganham propriedades como força, rigidez, dureza, resistência etc, o que dá uma ideia do potencial de seu uso prático.

Bibliografia:

Ultralight shape-recovering plate mechanical metamaterials
Keivan Davami, Lin Zhao, Eric Lu, John Cortes, Chen Lin, Drew E. Lilley, Prashant K. Purohit, Igor Bargatin
Nature Communications
Vol.: 6, Article number: 10019
DOI: 10.1038/ncomms10019

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