Extraído do Jornal do Brasil
O
dia 21 de setembro é considerado o dia mundial do Alzheimer, uma doença que
possui estágio inicial silencioso. Segundo dados do Instituto Alzheimer Brasil,
hoje já são mais de 1,3 milhões de pessoas atingidas em nosso país. A
doença, ainda sem cura, acomete principalmente idosos a
partir dos 65 anos.
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), após os
65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos.
O risco ainda é maior em mulheres e o fator hereditariedade nos
casos de Alzheimer em pessoas com menos de 65 é fortemente considerado. Ainda
segundo a associação, a intensidade e a velocidade do agravamento da doença
pode variar de pessoa para pessoa.
Mas nem tudo que se fala por ai sobre o Alzheimer é
verdade. Segundo o médico geriatra e gerontólogo Espedito Carvalho, é preciso
cuidado no diagnóstico da doença, a fim de orientar com precisão o tratamento
adequado ao paciente.
“Quando se diz que uma pessoa tem Alzheimer, a primeira
coisa que notamos é a falta de memória. Isso não passa de um grande mito.
A doença atinge sim a parte do cérebro que controla a memória, ela tem que
estar presente, mas também afeta a linguagem, o raciocínio e outros áreas da
cognição que podem indicar sua chegada. Entre eles estão esquecimentos
persistentes de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com
planejamento de atividades, cálculos, controle das finanças, desorientação no
tempo e no espaço, dificuldade de executar tarefas rotineiras e alterações de
comportamento considerados inadequados e incomuns para aquela pessoa” afirma.
Infelizmente a doença de Alzheimer não tem cura, nem
pode ser revertido. Mas nem tudo está perdido! Ainda de acordo com Espedito
Carvalho que é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia-RJ, quanto mais cedo esses sinais forem notados e a doença
diagnosticada, maior a chance do tratamento ser bem-sucedido - e do paciente
ter uma vida mais longa e com mais qualidade.
Veja abaixo através da consultoria do especialista algumas
inverdades que nós leigos dizemos a respeito do Alzheimer.
Quem tem Alzheimer não consegue
compreender o que se passa ao seu redor
A pessoa com a doença, apesar das dificuldades de memória e dos
outros sintomas, se mantém consciente do que acontece ao seu redor. Apenas nos
estágios avançados isso muda. Ao contrário do que muita gente pensa, o idoso
com Alzheimer não passa a ser uma criança, continua sendo fonte de sabedoria e
merece o respeito de todos.
Esquecer as coisas significa
ter o mal de Alzheimer
Esse é um dos grandes mitos. Problemas de memória podem estar
relacionados a diversos fatores, como outras demências e principalmente o
estresse e a depressão. Além disso, a doença de Alzheimer vai atingir a memória
recente, enquanto a memória de fatos acontecidos há mais tempo (como na
infância) são preservadas, no início da doença. A pessoa com Alzheimer, afirmam
especialistas, tem memória de curto prazo comprometida, demonstrando
dificuldade cada vez maior de memorizar, registrar novas informações e aprender
coisas novas. No entanto, sua memória episódica, ou seja, de longo prazo, está
preservada, no início.
A vida acabou
Muita gente acha que só porque o paciente recebeu o diagnóstico
da doença a vida acabou. Nada disso! Atualmente, com o tratamento e orientação
adequados, uma pessoa com a doença pode sobreviver mais 20 anos, após o
diagnóstico. Muitos pacientes, se bem estimulados, têm excelente qualidade de
vida, divertem-se, relacionam-se de maneira prazerosa e agradável e levam uma
vida bem organizada.
É doença de gente idosa
Quem disse?! Estudos mostram que o Alzheimer pode sim se
manifestar em pessoas com menos de 65 anos. Embora rara, a Doença de Alzheimer
de Início Precoce com menos de 60 anos, é caracterizada por um declínio mais
rápido das funções cognitivas e possivelmente está relacionada com alteração
genética.
A manifestação da doença é
igual para todos.
A doença se manifesta de forma muito diferente entre as pessoas.
Umas são mais calmas, outras tem alteração do comportamento, outras são fáceis
de cuidar e algumas há necessidade de internação devido à complexidade do
quadro.
O Alzheimer é genético
Na grande maioria não. Somente uma pequena porção da doença tem
relação direta com alteração genética. Ainda que não se saiba todos os
mecanismos genéticos envolvidos na doença de Alzheimer, alguns genes já estão
reconhecidos, mas ainda há um bom caminho a andar. Mas a maior causa da doença
ainda é o estilo de vida e seu tratamento a prevenção.
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