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domingo, 30 de junho de 2019

Se empresas brasileiras inovassem, crise poderia ser revertida

Com informações da Agência Fapesp


Interesse das empresas em inovar
A estagnação da produtividade da economia brasileira nos últimos anos se deve, entre outros fatores, à baixa atividade de inovação do setor industrial no país - assim como ao próprio encolhimento desse setor industrial, uma vez que o país passa por uma fase reconhecida de desindustrialização.
A fim de mudar esse quadro, é essencial que a iniciativa privada se interesse em incorporar as políticas e as práticas da inovação.
Esta é a avaliação dos participantes de um debate durante o 8º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, evento promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em São Paulo.
"O Estado tem o papel importante de alavancar o investimento e o esforço do setor privado em inovação. Mas o protagonismo nessa seara é, fundamentalmente, da iniciativa privada," disse Carlos Américo Pacheco, da FAPESP. "Sem uma iniciativa forte do setor privado em inovar, as políticas públicas voltadas a fomentar essa atividade serão inócuas." disse Pacheco.
Tecnologias novas e já existentes
Segundo Jorge Almeida Guimarães, diretor-presidente da Emprapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), há 307 mil empresas classificadas como indústrias no Brasil, das quais 83% são pequenas empresas.
Se um número pequeno dessas empresas inovasse já seria possível, em poucos anos, sair da crise econômica em que o Brasil se encontra, estimou. "Estimular a inovação nas pequenas indústrias brasileiras representa um enorme desafio e custa caro. Precisamos de políticas públicas que facilitem esse processo," disse.
Políticas públicas de apoio à inovação deveriam ter foco não só a inovação disruptiva, baseada em pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas também na inovação incremental, recomendou Igor Nazareth, subsecretário de inovação do Ministério da Economia: "A inovação organizacional e de processos, por exemplo, traz ganhos de produtividade para as indústrias".
Outra medida necessária é estimular a difusão de tecnologias existentes, como de internet das coisas (IoT), megadados, robótica avançada e inteligência artificial, que permitiriam ao setor industrial brasileiro se capacitar para atender às exigências da indústria 4.0 ou da manufatura avançada no país, ponderou Pacheco: "Ao olhar para o parque industrial do país vemos que há uma grande necessidade de difundir tecnologias existentes de modo a atualizá-lo. Parte das políticas públicas de inovação deve ter esse foco."
Torneirinha de incentivos
Os participantes lembraram das várias políticas públicas voltadas à inovação criadas no Brasil nos últimos 20 anos. Mas eles pedem mais.
Nesse período foram criadas, por exemplo, a Lei de Inovação, que trouxe uma série de avanços para aumentar a interação entre universidades e empresas em pesquisas e que estabeleceu incentivos fiscais para a inovação no setor industrial.
"O Brasil conta com inúmeros modelos inovadores de gestão da inovação e com instituições de ciência e tecnologia. Essa experimentação institucional contínua é fundamental para estabelecer um sistema de inovação saudável e produtivo no país," disse Cauam Ferreira Pedroso, pesquisador do Centro de Desempenho Industrial do MIT, dos Estados Unidos.
Um dos desafios na implementação de políticas públicas voltadas a estimular a inovação, porém, é garantir a segurança jurídica para as empresas fazerem investimentos nessa atividade, disse Paulo Alvim, secretário de empreendedorismo e inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC): "É fundamental o entendimento de que a inovação é um processo continuado. Não podemos ter processos espasmódicos, mas evolutivos, e que garantam o fluxo de recursos necessários para fortalecer a capacidade de inovação das empresas."
Outro desafio apontado por Pedroso é não tratar as políticas de inovação de forma isolada de outras, como as econômicas e sociais: "As políticas de inovação são transversais e influenciam as políticas econômicas e sociais. Nesse sentido, a agenda de políticas econômicas e sociais do Brasil está intimamente ligada à capacidade de implementação de uma agenda de inovação e crescimento estratégica."

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