Pelo site CicloVivo
Simples, de baixo custo e eficiente. Saiba como funciona este protótipo!
Em 20 de junho de 2020, a temperatura recorde de 38°C foi registrada no Ártico. Um estudo recém publicado aponta que crianças nascidas em 2020 passarão por uma média de sete vezes mais ondas de calor extremo em comparação com nascidos em 1960. No Vietnã, picos de energia são registrados todos os verões devido ao calor, o que exige o uso mais intenso das usinas a carvão e consequentemente a geração de mais poluição. Pensando em soluções locais para enfrentar este problema, o escritório de arquitetura AREP desenvolveu um protótipo simples, econômico e eficiente.
O primeiro passo da equipe foi adotar o princípio adiabático. “Durante séculos, as civilizações antigas resfriaram seus edifícios usando o frescor natural da água. O resfriamento adiabático é uma técnica sustentável que não requer nenhum gás refrigerante. Baseia-se em um princípio simples e natural: para evaporar, a água precisa de energia, que será ‘absorvida’ do calor do ar ambiente, gerando um efeito de resfriamento. Os únicos elementos necessários são ar quente e água”, afirma o escritório.
Para entender o sistema basta lembrar da sensação de estar perto de um lago dentro do parque em um dia de muito calor. Quanto mais próximo da água, mais sente um ar fresco. Se era preciso apenas de calor e água, os profissionais tinham tudo em Hánoi, capital do Vietnã, onde o projeto foi criado. Assim eles apostaram no resfriamento urbano adiabático.
O trabalho envolveu famílias locais, ligadas à arte e artesanato, para construir uma torre de bambu em escala real na cidade. Os próprios artesãos foram os responsáveis por construir a estrutura hiperbolóide de bambu. O formato hiperbolóide, inventado em 1896 pelo engenheiro e cientista russo Vladimir Shukhov, permite criar estruturas mais resistentes usando menos materiais.
O sistema é simples, mas fascinante: entre os pólos principais está instalado um meio no qual a água corre por gravidade. Em seu centro está instalado um soprador que pega o ar quente de cima e o empurra para baixo à altura de um homem. Ao cruzar a água duas vezes, o ar é resfriado naturalmente pelo princípio adiabático.
“Fomos capazes de criar um dispositivo funcional, provando a viabilidade de um dispositivo sustentável, low-tech e conceito de baixo custo para refrescar os espaços exteriores da nossa cidade”, entusiasma-se a firma de arquitetura que conseguiu baixar a temperatura externa de 30°C para 24°C com a torre de bambu.
A torre foi projetada no contexto da Bienal de Arquitetura e Urbanismo de Seul 2021 pensando no Vietnã, que figura em um ranking dos 20 países mais vulneráveis às mudanças climáticas. Além dos efeitos já sentidos, a previsão é que os fenômenos climáticos extremos aumentem em intensidade nos próximos anos.
Fotos: Olivier Dauce
A ambição dos arquitetos agora é levar a solução para cidades ao redor da bacia do Mediterrâneo ou no Golfo. “Durante os verões quentes e secos, nosso conceito seria ideal para resfriar espaços ao ar livre, como praças públicas, ruas de pedestres ensolaradas ou até edifícios maiores como estações de trem”, garantem.
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