Começou a operar a primeira usina solar flutuante da cidade de São Paulo. O equipamento foi implantado na represa Billings, na zona sul, pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, SIMA, por meio da Empresa Metropolitana de Águas e Energia, EMAE, em parceria com a empresa de energia Sunlution. O projeto exigiu investimentos de R$ 450 mil em equipamentos.
“O uso deste tipo de usina tem por objetivo ampliar o uso de fontes alternativas na geração de energia elétrica em São Paulo”, diz o titular da SIMA, Marcos Penido. “É preciso buscar opções energéticas – de preferência em parceria com a iniciativa privada e com a população – a fim de investirmos com seriedade no desenvolvimento ambientalmente sustentável”, acrescenta o secretário.A usina – que, como as convencionais situadas em terra firme, gera energia a partir da radiação solar – funcionará em regime experimental por cerca de 90 dias. O teste servirá para avaliar a viabilidade da implantação de usinas semelhantes nos reservatórios da capital paulista. Se o resultado atender as expectativas, a EMAE abrirá uma nova chamada pública para implantação de outras nas represas Billings e Guarapiranga.
O equipamento da Billings ocupa uma área de 1 mil m² junto da usina elevatória de Pedreira, e tem potência de 100 kW. A ideia é de que, em um primeiro momento, ele gere energia para alimentar um dos escritórios da EMAE.
A operação de uma usina flutuante – modelo que está se disseminando também em países como os Estados Unidos, Japão, China, Holanda e Reino Unido – é praticamente idêntica à de uma usina tradicional. A diferença é que os painéis solares são montados sobre as águas. Um outra observação, é que ela gera mais energia do que as usinas em terra ou no telhado, chegando a até 15% superior.
O aumento de geração de energia se deve ao natural resfriamento da temperatura dos painéis fotovoltaicos quando instalados em espelhos d’água. A tecnologia também reduz a taxa de evaporação da água em até 70% na área coberta pelos flutuadores, o que representa uma adição do volume hídrico de cerca de 20%, e contribui para a redução da proliferação de algas.
Uso agrícola
Além da planta da represa Billings, já há outras três usinas solares flutuantes implantadas por instâncias governamentais em operação no país: a da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, no Amazonas; a do lago da hidrelétrica de Rosana, no interior de São Paulo; e a do reservatório da hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, instalada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco, CHESF e que a capacidade, quando inteiramente concluída, será de 1 MW-pico de energia. O empreendimento aproveitará a enorme área represada do rio São Francisco.
A primeira usina solar flutuante em operação no Brasil, no entanto, é de uma propriedade rural: a fazenda Figueiredo das Lages, em Cristalina, Goiás, lá o dono aproveitou uma lagoa artificial, abastecida com águas das chuvas por captação dos telhados e utilizada para irrigação, para instalar 1.150 painéis fotovoltaicos.
Os painéis geram 304 kW-pico, o que garante uma produção estimada de 50 MW/h/mês. A energia produzida na propriedade equivale às necessidades anuais de consumo de mais de 170 domicílios populares brasileiros.
Para os especialistas, o uso mais indicado das usinas solares flutuantes, no Brasil, deverá ser pela agropecuária, já que o país dispõe de grandes áreas ocupadas por represas de hidroelétricas nas zonas rurais. Uma das utilizações das usinas flutuantes na agricultura é, dentre outros exemplos, na produção de energia para bombeamento de água destinada às plantações.
Segundo um estudo da paulista Universidade de Campinas, UNICAMP, será possível aumentar em pelo menos 70% a geração energética brasileira usando apenas 8% da área total dos reservatórios hidrelétricos, com acréscimo anual de cerca de 400 mil GW, o que corresponde a aproximadamente 70% de todo o consumo nacional. Uma outra vantagem do uso das represas de hidrelétricas é que as usinas poderiam compartilhar a estrutura de linhas de transmissão já instaladas nelas.
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