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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Pesquisa se aproxima do equivalente canino do QI

Extraído da Scientific American Brasil

Compreender a inteligência de cachorros pode nos ensinar algo sobre nossa própria cognição 

Se você é um verdadeiro amante de cachorros, tem como uma das simples verdades da vida que todos os cachorros são bons, e não tem paciência para debates científicos sobre se cachorros realmente amam pessoas. Claro que amam. O que mais explicaria o fato de seus cachorros correrem em círculos quando você chega em caso do trabalho, e, como relatam seus vizinhos, uivar inconsolavelmente quando você sai? O que explicaria o fato de seu cachorro insistir em dormir na sua cama, debaixo dos lençóis - entre você e seu cônjuge? Ao mesmo tempo, é inegável que alguns cachorros são mais inteligentes do que outros. Nem todos os cães podem, como um mestiço de border collie chamado Jumpy, dar um mortal de costas e andar de skate.




Um estudo dos psicólogos britânicos Rosalind Arden e Mark Adams publicado no jornal Intelligence confirma isso. Em consonância  com mais de um século de pesquisa sobre inteligência humana, Arden e Adams descobriram que um cachorro que é bem-sucedido em um teste de habilidade cognitiva provavelmente será bem-sucedido em outros. Em termos mais técnicos, o estudo revela que existe um fator geral de inteligência em cães - um fator “g” canino.

Para seu estudo, Arden e Adams criaram uma bateria de testes de habilidade cognitiva. Todos os testes envolviam - você adivinhou - ganhar um petisco. No teste do desvio, o objetivo do cão era passar entre barreiras posicionadas em diferentes configurações para alcançar o petisco. No teste do comando, um pesquisador apontava para uma de duas taças escondendo um petisco e verificava se o cachorro escolhia aquela taça ou a outra. Finalmente, no teste da quantidade, o cachorro precisava escolher entre o petisco (biscoito de manteiga de amendoim) pequeno ou um maior (a resposta “certa”). Arden e Adams realizaram os testes com 68 border collies de Wales; todos haviam sido criados e treinados para realizar trabalhos de pastoreio na fazenda e, portanto, tinham históricos semelhantes.

Assim como humanos atingem resultados diferentes em seus testes de inteligência, os cachorros também apresentaram performances diferentes. Alguns tiraram de letra, outros mostraram dificuldades. A versão labirinto do teste do desvio foi especialmente difícil para alguns. Nesse teste, o cão tinha que passar por um labirinto e então rastejar por um tubo plástico para alcançar o petisco. Enquanto o cão que se saiu melhor demorou 3 segundos para completar o percurso, o que se saiu pior demorou quase 2 minutos. Além disso, os pontos no teste tenderam a se correlacionar positivamente, implicando na existência de um fator g canino. Por exemplo, um cachorro que se saiu bem no teste da quantidade, preferindo consistentemente o maior biscoito de manteiga de amendoim, também se saiu bem no teste de direção, indo até a taça apontada pelo pesquisador.

Essa pesquisa sugere que os mecanismos neuronais basilares na variação da inteligência podem ser similares no mundo animal. Outra pesquisa encontrou evidências de um fator g em ratos e macacos; existem pistas de g mesmo em insetos. Em um nível mais prático, essa pesquisa é importante para entendermos a ligação entre inteligência e saúde em humanos. A pesquisa já estabeleceu de modo convincente que pontuação em testes de inteligência prevê resultados de saúde. Um QI alto está associado com boa saúde e vida longa. No entanto, a interpretação desse achado é complicada pelo fato do QI também estar relacionado a comportamentos como consumo de álcool e tabagismo. Como cachorros não possuem tais comportamentos, a pesquisa sobre inteligência canina pode dar aos cientistas uma estimativa mais precisa sobre a relação entre saúde e inteligência. Outra maneira de mostrar como os cachorros são nossos melhores amigos.

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