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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Ir pra cama com smartphone ou tablet pode prejudicar o sono


Foto:m01229/Flickr

Um estudo realizado em 2013 nos EUA descobriu que um grupo de pessoas exposto apenas à luz natural, no decorrer de uma semana acampado na região das Montanhas Rochosas, passou a despertar e a dormir mais cedo, sob influência do nascer e do por do sol. Os cientistas observaram que, durante esse período, longe de seus smartphones e tablets, o grupo sincronizou seu “relógio biológico” em conformidade com a sucessão dos dias e das noites, sem a interferência de luzes artificiais.
Essas condições naturais, no entanto, não são regra numa sociedade urbana permeada por estímulos visuais e telas brilhantes de todos os tipos, cujos raios bombardeiam nosso cérebro constantemente e afetam nosso repouso noturno. De todas as luzes emitidas por dispositivos eletrônicos, é a luz do tipo azul a mais nociva, responsável por inibir a liberação de melatonina, um hormônio secretado pela glândula pineal e que responde pela regulação do nosso sono. Não é de se espantar que tantas pessoas sofram de insônia ou de noites mal dormidas, sendo cada vez mais comum o hábito de levarmos para a cama esses dispositivos de telas luminosas. Sobretudo os adolescentes, comprovadamente mais sensíveis à influência da luz emitida por esses aparelhos e, paradoxalmente, seus usuários mais assíduos.
Um estudo conduzido com adultos e adolescentes por uma equipe de pesquisadores de Nova York mostrou que os mais jovens, mesmo expostos a essas luzes por um décimo do tempo de exposição dos adultos, tiveram as maiores taxas de supressão de melatonina. Essa condição de suscetibilidade preocupa pais e especialistas, haja vista que adolescentes precisam de mais tempo de sono do que a média (o recomendável é que durmam de 8,5 a 10 horas por dia). Privá-los do sono nessa fase de formação do sistema nervoso pode ter o efeito indesejado de prejudicar seu aprendizado.
Uma das explicações para essa necessidade mais premente de dormir é que, durante a adolescência, o ritmo biológico (também conhecido como ritmo circadiano) sofre alterações que tornam os jovens mais ativos à noite, fato que, associado ao uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir — como tablets e videogames, por exemplo — torna a tarefa de acordar cedo e ir à escola no dia seguinte um verdadeiro sacrifício.
Numa tentativa de amenizar os efeitos da luz azul emitida por smartphones, foi criado um aplicativo batizado de F.lux. O app “aquece” as cores da tela, intensificando tons de vermelho e de amarelo em detrimento dos tons azulados, de maneira a amenizar a supressão de melatonina. A fórmula parece ter dado tão certo que novas versões dos sistemas operacionais do iPhone, da Apple, já trazem essa opção integrada ao sistema. Também é possível programar essa função para que ela seja ativada automaticamente sempre que o sol se põe e se desligue de manhã bem cedo quando o sol nasce.
Se dormir mal não chega a ser um incômodo para algumas pessoas, é preciso estar consciente de que, a longo prazo, um sono deficiente pode causar diversos danos à saúde, que vão de doenças cardiovasculares, passando pelo diabetes, obesidade e até mesmo câncer. No entanto, a maioria dos donos de celulares simplesmente não consegue manter seus olhos longe do aparelho por muito tempo. Não é à toa que além do conhecido “modo avião”, a maioria dos smartphones também disponha do “modo não perturbe”, sinalizado com o sugestivo ícone de uma lua. Enquanto ativada, essa função impede que o aparelho mostre notificações. Pelo jeito, para se ter uma boa noite de sono, é preciso deixar o celular dormir um pouco também.

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