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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Um Oscar para Oscar Niemeyer

Extraído do site Obvious
Por: Angelo Rafael



Sobre a confluência das vontades e a genialidade de um homem

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O Açude Velho é o marco zero da maior cidade do interior do nordeste brasileiro: Campina Grande-Paraíba. Construído pelo governo da província em 1824 e concluído em 1830 para enfrentar a grande seca que assolava a região naqueles tempos. Em 1845 e 1877 teve grande importância na amenização da seca como fonte hídrica.
A UEPB – Universidade Estadual da Paraíba, neste ano de 2016, celebra seu jubileu de ouro como uma das mais promissoras e referenciadas universidades estaduais do país. A sua missão junto ao ensino, pesquisa e extensão, por meio do desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social, com o respaldo do grande número de mestres, doutores e pós-doutorados contribui para a formação do seu corpo discente capaz de formar as mudanças necessárias ao desenvolvimento da sociedade moderna.
Oscar Niemeyer (1907 – 2012), chamado de “o arquiteto do século”. Deixou um fabuloso legado de mais de 500 obras para a humanidade, a exemplo do complexo monumental de Brasília e de muitas outras referências públicas e privadas. Dono de uma genialidade ímpar, fez das curvas pura poesia e do concreto, do aço e do vidro, maleáveis formas, que ora desafiam a gravidade, ora nos impactam com o peso e leveza do seu traço. Nos (des)conforta a alma: Arte! arqui.jpg outdoor.jpg
Quando do encontro destes três eixos, local histórico, instituição e gênio, nasce o que espanta enquanto encanta. E assim, o Museu de Arte Popular da Paraíba é a última obra realizada em vida pelo noto arquiteto. A construção nasceu como um monumento à genialidade e à vontade humana. A área é de 2.000 m2 e a localização foram inspiradoras para solução de sobrepor os espaços. São três discos de concreto, aço, vidro e granito, com um deles pairando sobre o espelho d´água, embasado em cálculos referenciais e precisos de cabos estruturais, que se aprofundam a 20 metros abaixo do solo, fixados em rochas. O acesso se dá por duas rampas numa inclinação de 8 %, como anéis de saturno, com guarda-corpos de placas de vidro altamente resistentes, diferentes e numerados para o exato posicionamento. 3pand.jpg MC_museuartepopular08.jpg
Quem passa pela rua e pela calçada pode contemplar a vista do espelho d’água e do museu, que recebe o nascer e o por do sol, simbologia de vida e de luz, já cartão postal da cidade. O Complexo ganhou um codinome muito carinhoso: “Museu dos Três Pandeiros”. Em se tratando de um espaço voltado à Cultura Popular, cujo formato dos discos parece com um pandeiro, foi de fácil comparação com o noto instrumento musical tão popular no nordeste do Brasil. São três temas para os três espaços: Música, Artesanato e Literatura de Cordel. A UEPB dispõe de vários acervos importantes como o de Literatura de Cordel, que conta com mais de 16 mil itens, sendo o de mais importância afora os de Lisboa, cerca de 2.000 peças de artesanato e o acervo musicográfico completo de Jackson do Pandeiro, Marinês e em formação o da Família Ramalho: Elba Ramalho , Zé Ramalho e a publicação das obras da dramaturga Lourdes Ramalho. Na Vidraça da Fama, transparência no céu nordestino, todos os nomes dos músicos, cantores e compositores paraibanos. O museu tem acervos permanentes e trabalhará também com exposições temporárias e temáticas. No encalço da cultura popular, faz um trabalho de catalogação das oralidades musicais dos poetas populares importantes para a música brasileira, cujo acervo está à disposição de estudiosos e pesquisadores. mapp.jpg
As ações do Inventário dos Ofícios Paraibanos é uma iniciativa de resgate, fomento, restruturação oral e iconográfica dos ofícios e seus mestres, que ainda trabalham nas manufaturas oriundas da migração dos saberes lusos por conta da colonização, alguns em extinção. E, corpos à frente, o fruto destes saberes: o rico artesanato local e regional. Certamente a confluência de vontades fez e encantou Oscar Niemeyer, para que num sopro deixasse para a humanidade tão delicada e extraordinária obra. Um “Oscar” para Oscar! IMG_8215.JPG

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