NASA





















Vem aí uma daquelas missões de tirar o fôlego! Bom, pelo menos para quem curte missões espaciais arriscadas e desafiadoras. Ela lembra bastante a missão Rosetta, que depois de orbitar o núcleo do cometa 67P/Gerasimenko-Churyumov, enviou o módulo Philae para pousar sobre ele. Você se lembra que, infelizmente, o módulo desceu rápido demais e não conseguiu se agarrar à superfície do núcleo e acabou quicando duas vezes antes de parar encostado a uma rocha à beira de um penhasco. A Philae não conseguiu cumprir sua missão original, mas ainda assim enviou informações importantíssimas sobre o cometa que promoveram uma revisão da ideia de que a água na Terra teria vindo principalmente de cometas. Se veio mesmo, foi muito pouco, de acordo com os dados da Philae.

Mas agora o alvo é outro, trata-se de um asteroide. A missão OSIRIS-REx, que será lançada dia 08 de setembro, irá circundar o asteroide Bennu e, depois de mapear completamente sua superfície, irá fazer um "bate e volta", literalmente.

OSIRIS-REx é o acrônimo em inglês para Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos, Explorador Seguro de Regolito que além de formar uma sigla legível, tenta resumir os objetivos da missão. A ideia é estudar um tipo de asteroide que tem a composição química mais parecida com a composição dos planetas rochosos, ou seja, são asteroides compostos pelo material que formou os planetas rochosos em estado pouco alterado. Dos mais de 500 mil asteroides conhecidos, apenas cinco têm essa composição e têm mais de 20 metros de diâmetro. O tamanho é fundamental, nesse caso, por que quanto menor é um asteroide, mais rápido ele gira. Dos cinco candidatos, Bennu tem 500 metros de diâmetro e leva pouco mais de 4 horas para completar uma volta sobre si mesmo. Além disso, é o mais próximo, o que facilita a viagem.

Depois do lançamento, no dia 8 de setembro, a OSIRIS-REx vai fazer um sobrevoo pela Terra para pegar embalo e entrar em órbita solar, perseguindo o asteroide. Em agosto de 2018 a sonda deve alcançar seu alvo e vai iniciar as manobras para começar a orbita-lo. Depois disso, a sonda irá passar dois anos mapeando sua superfície a uma distância de 240 metros. Além de reconhecer o terreno, a sonda vai também estudar a composição química através de uma suíte de instrumentos que vão desde espectrógrafos de raios-X até câmeras de infravermelho. E é daí que vem a parte do “recursos” no nome da nave, que se refere ao potencial de mineração, ou aproveitamento do material em asteroides.

Durante esse tempo, a OSIRIS-REx vai também estudar o efeito Yarkovsky, que é o impulso recebido pelo asteroide por causa da sua emissão desigual de calor. Esse efeito é tido como uma possível salvação, caso se descubra que um asteroide venha a se colidir com a Terra. O próprio Bennu, segundo algumas simulações, poderia fazer isso no final do próximo século.

Depois de completar a fase de reconhecimento, em 2020, acontece a parte mais legal e arriscada da missão.

A nave vai se aproximar do asteroide e orbita-lo a poucos metros de sua superfície, sem toca-lo, mas vai estender um braço robótico com um coletor de amostra. O coletor, que tem a forma de uma bacia vai tocar a superfície do Bennu e, a partir dele, três cargas de nitrogênio puro serão disparadas para revolver o material da superfície e fazer com que ele caia no coletor. O objetivo é recolher até 2 kg de pequenas pedras e muito regolito, a poeira fina como talco que tem origem na desintegração das rochas que compõe o asteroide e cobre toda sua superfície. A Lua também é recoberta de regolito.

Depois disso, em março de 2021, a OSIRIS-REx começa sua viagem de volta à Terra que deve durar dois anos. Se tudo correr como o previsto, dia 24 de setembro de 2023 a sonda deve liberar a cápsula de retorno com o material coletado e ela deve fazer a reentrada na atmosfera terrestre, pousando logo em seguida. A sonda não vai cair na Terra e será colocada em uma órbita ao redor do Sol, se tornando mais um membro do Sistema Solar.

O material do Bennu será recolhido e encaminhado a um laboratório no estado de Utah, nos EUA e será estudado durante os dois anos seguintes, de modo que em 30 de setembro de 2025 a missão será oficialmente encerrada. Mas o legal é que a NASA só vai destinar um quarto da amostra recolhida para a pesquisa nesses dois anos depois de recuperar a cápsula, 75% da amostra será guardada para ser distribuída a outros laboratórios ao redor do mundo, bem como para ser analisada no futuro. Por quê? Porque depois de 10 anos da chegada das amostras é certo que haverá equipamentos melhores para estudar as amostras, de modo que certamente outros resultados vão surgir.

Isso tudo começa mês que vem!