Redação do Site Inovação Tecnológica
Mapa de localização dos mundos que podem nos enxergar pela técnica do trânsito planetário. A linha azul representa a possibilidade de visão da Terra. As demais mostram as possibilidades de ver outros três planetas do nosso sistema.[Imagem: 2MASS/A. Mellinger/R. Wells]
Trânsito cósmico
No ano passado, a equipe do professor René Heller, do Instituto Max Planck para Pesquisas do Sistema Solar, na Alemanha, criou um mapa que mostra as regiões do céu a partir de onde é possível enxergar a Terra pela técnica do trânsito, a mais utilizada pelos astrônomos terráqueos para encontrar exoplanetas.
Na técnica do trânsito planetário, o exoplaneta é detectado quando ele passa à frente de sua estrela em relação à Terra, o que causa uma variação no brilho da estrela, uma variação pequena, mas detectável.
Da mesma forma, eventuais alienígenas que estejam voltando seus telescópios para o céu, e usando a mesma técnica, poderão enxergar os planetas do Sistema Solar, inclusive a Terra - desde que eles estejam em uma posição que permita um alinhamento com a Terra e o Sol.
Agora a equipe detalhou muito mais sua pesquisa, refinou os dados, melhorou o mapa e trouxe algumas surpresas.
ETs que podem nos ver
A grande novidade é que os eventuais ETs terão muito mais probabilidade de descobrir os planetas interiores, ou planetas terrestres (rochosos), do Sistema Solar - Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - do que os gigantes gasosos, ou planetas jovianos - Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Isso é curioso porque a maioria dos exoplanetas que descobrimos até agora são justamente gigantes gasosos. Acontece que, ao contrário do que ocorre no Sistema Solar, esses exoplanetas gigantes orbitam muito próximo das suas estrelas, mostrando que o Sistema Solar não pode servir de modelo para outros sistemas planetários.
"Planetas maiores, naturalmente, bloqueiam mais luz à medida que passam na frente de sua estrela," comentou Robert Wells, da Universidade Queen's de Belfast, principal responsável pelos melhoramentos na pesquisa. "No entanto, o fator mais importante é, na verdade, o quão perto o planeta está da sua estrela mãe - como os planetas terrestres estão muito mais próximos do Sol do que os gigantes gasosos, eles serão mais propensos a serem vistos em trânsito".
Ilustração da observação de um planeta pela técnica do trânsito. [Imagem: R. Wells]
Probabilidades de sermos vistos
Outra novidade do trabalho é o cálculo da probabilidade de que os alienígenas consigam nos ver e aos demais planetas rochosos. "Nós encontramos uma probabilidade de 2,518% de que [os extraterrestres] sejam capazes de observar pelo menos um planeta em trânsito, 0,229% de ver pelo menos dois planetas em trânsito e 0,027% de ver três planetas em trânsito," escreve a equipe. Dificilmente algum mundo alienígena teria um alinhamento para ver mais do que três planetas do Sistema Solar.
Dos milhares de exoplanetas já conhecidos, a equipe identificou 68 que estão em posição adequada para visualizar ao menos um dos planetas do nosso sistema, sendo que nove deles estão no alinhamento preciso para enxergar a Terra. Mas é importante ressaltar que nenhum desses exoplanetas é considerado um candidato viável à vida como a conhecemos - todos são extremamente quentes.
A equipe vai continuar de olho nas constantes descobertas de exoplanetas na zona habitável para verificar se algum deles cai na zona de trânsito de seu mapa.
Bibliografia:
Transit Visibility Zones of the Solar System Planets
Robert Wells, K. Poppenhaeger, C. A. Watson, René Heller
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stx2077
Transit Visibility Zones of the Solar System Planets
Robert Wells, K. Poppenhaeger, C. A. Watson, René Heller
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stx2077
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