No final de julho, a NASA lançou o rover Perseverance numa missão rumo ao Planeta Vermelho em busca de sinais de vida antiga por lá. E não é de hoje que a possibilidade de existir algum tipo de vida fora da Terra fascina a humanidade: em 1976, a missão Viking, da NASA, realizou experimentos em Marte em busca de sinais de vida, e conseguiu resultados controversos. O planeta Vênus, por sua vez, pode também ter formas de vida em suas nuvens mesmo com suas condições extremas.
Ainda, no final da década de 1980, o fragmento do meteorito Allan Hills 84001 foi recuperado e estudado. Esse meteorito se formou em Marte há aproximadamente 4 bilhões de anos e, durante análises do interior da rocha, os cientistas encontraram matéria que poderia ser de restos de formas orgânicas fossilizadas. Mais recentemente, o rover Curiosity identificou emissões de metano no interior da superfície do Planeta Vermelho em determinadas estações do ano, que podem ter sido emitidas por processos biológicos - mas que também podem ser originadas de processos geoquímicos.
Assim, as sondas orbitais, rovers e landers que estiveram ou ainda estão em Marte trouxeram algumas descobertas fascinantes. Por isso, é natural que o Planeta Vermelho seja um objeto de interesse de astrônomos e pesquisadores que trabalham com a busca por vida em outros planetas. Mas e aÍ: o que pode ter acontecido com a vida por lá? Será que algum tipo de vida realmente já surgiu em Marte, ou estamos "viajando na maionese"?
Não houve - e não há - vida em Marte
Em um cenário mais conservador, é possível considerar que o Planeta Vermelho tem, de fato, as condições necessárias para a ocorrência de vida - mas isso não significa que a vida tenha se desenvolvido por lá. Além disso, em um passado distante, o Sol pode ter secado a água em estado líquido na superfície marciana, o que deixou o planeta com a aparência que tem hoje.
Outra possibilidade sugere que, na verdade, as condições de Marte podem até ter permitido o surgimento de vida após bilhões de anos. Entretanto, o problema aqui é a perda da atmosfera marciana, que poderia ter causado a extinção das formas de vida. Para ter evidências mais sólidas deste cenário, é preciso buscar fósseis que indiquem a existência de vida no passado.
Cenário mais otimista para ter havido vida no passado marciano
Um cenário mais otimista sugere que, embora a perda de atmosfera tenha prejudicado as formas de vida em Marte, os chamados seres extremófilos podem ter se mantido inertes em uma espécie de estado “congelado”. Como o nome indica, estes organismos vivem em condições extremas e, quando as condições estiverem favoráveis outra vez, pode ser que eles voltem à ativa e realizem novamente suas funções biológicas. Essa possibilidade será investigada pelo rover Perseverance, que irá coletar amostras do solo de uma região onde, há muito tempo, existiu o delta de um rio.
Onde a ação humana entra
É razoável considerar também que formas de vida da Terra possam ter pegado uma carona da Terra ao Planeta Vermelho. Nesse caso, elas estariam se reproduzindo por lá conforme as condições permitiram. Mesmo que Marte tenha, de fato, sido um planeta sem vida durante bilhões de anos, a era espacial pode ter mudado isso. Para o terror dos astrobiólogos, existe a possibilidade de as missões da Terra não terem sido completamente esterilizadas.
Claro que é difícil que microrganismos sobrevivam às viagens espaciais entre os dois planetas, mas isso pode significar que, embora o Planeta Vermelho ofereça descobertas fascinantes sobre a ocorrência de vida, nós podemos estar contaminando as amostras coletadas por lá com nossos próprios organismos, antes de saber tudo sobre elas.
É por isso que a exploração de outros planetas é sempre vista com muita cautela pelo olhar biológico: mesmo que formas de vida simples tenham sobrevivido por lá, a vida que veio da Terra, ao longo de seis décadas de exploração marciana, pode ter levado estes seres à extinção. Mas, se for o caso, surge uma grande questão: tas formas de vida marcianas seriam dependentes ou independentes da vida terrestre?
No fim das contas, a melhor forma de descobrir o que pode ter ocorrido com a vida em Marte (se ela realmente existiu) é realizar missões e testes com instrumentos e técnicas cada vez mais desenvolvidos. Agora, resta aguardar as amostras coletadas pelo rover Perseverance para que, no futuro, tenhamos a resposta a uma das questões mais antigas da humanidade: existe ou já existiu vida em outro planeta?
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