A partir de sábado, 22 de agosto, passamos a demandar mais recursos e serviços ecossistêmicos do que o planeta é capaz de regenerar.
A conta da humanidade com a Terra entra no vermelho neste sábado, 22 de agosto. A partir desse dia, o planeta não consegue regenerar tudo o que os humanos consumirem até o final do ano. Isso marca o “Dia da Sobrecarga da Terra” (Overshoot Day), calculado anualmente pela organização Global Footprint Network.
Todos os anos, nós humanos, exigimos da natureza mais do que ela é capaz de suportar. Usamos atualmente 60% mais recursos do que aquilo que pode ser regenerado, ou seja, é como se tivéssemos disponíveis 1,6 planetas Terra. Mas, não temos. No cálculo, divide-se a biocapacidade do planeta pela pegada ecológica da humanidade multiplicada pelo número de dias do ano.
A Global Footprint afirma que o “déficit ecológico global” teve início da década de 1970 e nossa dívida acumulada já é equivalente a 18 anos terrestres.
Os gráficos abaixo ajudam a visualizar a situação global:
O estrago é grande e, em breve, pode ser irreversível. Mas, ainda podemos virar esse jogo e tomar as rédeas na construção do planeta que queremos.
Exemplo de que nosso caminho pode mudar é que, em 2020, por conta da pandemia, houve um adiamento desse limite em cerca de três semanas – em comparação com o ano passado quando ocorreu em 29 de julho. Os principais fatores para isso foram a diminuição da extração de madeira e das emissões de CO2.
Para a Global Footprint, a retomada econômica é uma oportunidade única para irmos em direção ao futuro que desejamos. “Onde todos possam prosperar dentro dos limites do nosso planeta único”, diz a organização.
Adiando a sobrecarga
É neste sentido que foi criado o #MoveTheDate, movimento para adiar essa data 5 dias por ano. Fazendo isso, viveríamos dentro dos limites do planeta antes de 2050.
Existem diversas soluções que podem ser adotadas coletiva e individualmente, além, é claro, da pressão por mudanças estruturais. “A forma como produzimos os alimentos, como nos movemos, as fontes de energia que utilizamos, quantos filhos temos, e que área conservamos para a vida selvagem. A redução da pegada de carbono em 50% deslocaria a data em 93 dias”, elenca a Global Footprint.
Outro destaque fica por conta dos sistemas alimentares, que utilizam 50% da biocapacidade do nosso planeta. As políticas que visam reduzir a intensidade carbônica dos alimentos e o impacto na biodiversidade – ao mesmo tempo que melhoram a saúde pública – merecem atenção especial.
Bons exemplos
A plataforma Overshoot Day realça exemplos de estilos de vida sustentáveis. É uma inspiração por onde começar, sempre tendo em conta o que é possível dentro de sua realidade. Há também a Calculadora da Pegada Ecológica que ajuda a medir seu impacto no planeta. Tendo consciência de quais dos seus atos mais geram impactos negativos fica mais fácil visualizar o que é possível mudar.
Empresas também são intimadas a fazerem parte desta mudança. A multinacional francesa Schneider Electric, em parceria com a Global Footprint, elaborou um ebook de estratégias empresariais para a prosperidade da Terra. Em um mundo em que a crise climática já é uma realidade e as restrições de recursos serão cada vez mais comuns, a publicação “encoraja os tomadores de decisão a darem uma pausa e se perguntarem: meu negócio apoia o sucesso de longo prazo da humanidade?”. Acesse o ebook “Strategies for One-Planet prosperity: how to build a lasting business success on a finite planet”.
Também a Natura anunciou adesão ao #MoveTheDate. O grupo Natura &Co, formado pelas marcas Natura, Avon, The Body Shop e Aesop, se comprometeu a acelerar a implementação de um modelo econômico de produção circular, capaz de regenerar mais do que é necessário para a produção garantir a circularidade de embalagens até 2030. O grupo também se compromete a usar 95% de ingredientes naturais ou renováveis e 95% de fórmulas biodegradáveis até 2030. Denise Hills, diretora de sustentabilidade da companhia, ainda afirma que pretende convocar mais empresas a participarem deste movimento.
E nós o que podemos fazer? O Instituto Akatu elenca algumas dicas para reduzirmos nossa pegada ambiental:
• Reduzir o consumo de carne vermelha: A pecuária global é responsável por pelo menos 9% das emissões de gases de efeito estufa derivadas de atividades humanas. Se toda a população mundial reduzir pela metade o consumo médio anual de carne, o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 5 dias;
• Reduzir o desperdício de alimentos: Pelo menos ⅓ de toda a comida produzida no mundo é perdida ou desperdiçada, o que resulta em 9% da pegada ecológica global. Se reduzirmos pela metade a perda e o desperdício de alimentos no mundo, o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 11 dias;
• Colaborar com a natureza: Mesmo em isolamento social, ainda dependemos de solo fértil, água limpa e ar puro. Então, para contribuir para a manutenção da biodiversidade, basta plantar uma árvore, cultivar um jardim ou ser voluntário em uma organização de conservação natural. Se reflorestarmos 350 milhões de hectares de floresta (área similar à Índia), o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 8 dias;
• Investir em Energias Renováveis: A pegada de carbono compõe 57% da pegada ecológica da humanidade, portanto, é imprescindível eliminar os combustíveis fósseis, cuja queima é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa. Você pode contribuir pressionando governos e empresas para seguirem este caminho. Se reduzirmos pela metade as emissões de gases de efeito estufa da pegada ecológica da humanidade, o Dia de Sobrecarga da Terra será adiado em 93 dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário