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sábado, 15 de julho de 2017

Se agora parássemos de emitir gases de efeito estufa, será que impediríamos as mudanças climáticas?

Pelo site Engenharia é




Cada vez mais o clima na Terra está esquentando. Sabemos isso devido a um grande crescimento de evidências documentadas em milhares de artigos e textos científicos. A principal causa desta mudança é a intensa liberação de dióxido de carbono (CO2) pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
Visando combater isso, um dos objetivos do acordo internacional de Paris é limitar o aumento da temperatura média global a 2° C. Ainda, existe um compromisso adicional, de ume esforço maior para limitar este aumento a 1,5°.
Essencialmente, a Terra já atingiu esse limiar de 1° C. Apesar de agora evitarmos milhões de toneladas de dióxido de carbono graças ao uso de energia renovável, maiores esforços de conservação, a taxa de aumento de CO2 na atmosfera permanece alta. Contudo, considerando um cenário em que parássemos imediatamente de emitir gases de efeito estufa, será que a temperatura global continuaria a subir?
O dióxido de carbono se acumula na atmosfera isolando a superfície da Terra, como um cobertor que mantém a temperatura de um corpo. Essa energia, conforme aumenta o termômetro médio do planeta, provoca o aquecimento dos oceanos e derretimento polar. Consequentemente, o nível do mar aumenta, e as mudanças climáticas aparecem.
Desde 1880, durante a Revolução Industrial, as emissões de dióxido de carbono decolaram e, portanto, a temperatura da Terra começou a aumentar. Com a ajuda de variações internas associadas ao padrão climático do fenômeno El Niño, já experimentamos meses superiores a 1,5° C acima da média.
Ainda, cada uma das últimas três décadas foi mais quente do que a anterior, bem como mais quente do que todo o século anterior. Os polos Norte e Sul da Terra também estão aquecendo mais rapidamente do que a média global. As plataformas de gelo no Ártico e Antártida estão derretendo, e o mesmo está acontecendo com o gelo do oceano e a permafrost.
Em consequência a isso, os ecossistemas terrestres e marinhos estão mudando. Estas mudanças observadas são coerentes e consistentes com nossa compreensão teórica do balanço energético da Terra e simulações de modelos que são usados para entender a variabilidade passada e nos ajudar a pensar no futuro.
O que aconteceria com o clima se deixássemos de emitir dióxido de carbono hoje. Retornaremos ao clima de nossos antepassados? A resposta curta para esta pergunta é não. Uma vez que liberamos o dióxido de carbono armazenado nos combustíveis fósseis por meio da queima, ele se acumula na atmosfera, onde permanecerá por milhares de anos.

Somente depois de milênios esse CO2 retornará às rochas, por exemplo, através da formação de carbonato de cálcio – calcário – à medida que as conchas dos organismos marinhos se instalam no fundo do oceano. Mas, em intervalos de tempo relevantes para os seres humanos, o CO2 sempre estará presente, essencialmente para sempre.
Se parássemos de emitir esses gases hoje, não seria o fim do aquecimento global. Há um atraso no aumento da temperatura do ar à medida que a atmosfera atinge todo o calor que a Terra acumulou. Depois de mais de 40 anos, os cientistas acreditam que o clima se estabilizará a uma temperatura maior do que o normal para as gerações anteriores. Isso será suficiente para aquecer a enorme massa do oceano. Em consequência a isso, o calor liberado pela água será responsável por piorar ainda mais a situação do aquecimento global.
Assim, mesmo que parássemos agora as emissões completamente, a temperatura da Terra subiria cerca de 0,6°C, graças ao atual aquecimento dos oceanos. Os cientistas se referem a esta ideia como “aquecimento comprometido”. O gelo, que também está respondendo atualmente ao calor dos oceanos, também continuará a derreter.
Os ecossistemas, por outro lado, já foram alterados pelas ocorrências naturais e as feitas pelas mãos do homem. À medida que se recuperam, o farão em um clima diferente do qual evoluíram. Há de se considerar ainda que o clima resultante não será estável, ele continuará a aquecer. Logo, não haverá um “novo normal”, apenas mais mudanças.
É possível que, mesmo que as emissões sejam reduzidas, o dióxido de carbono presente na atmosfera continuará a aumentar. Então, quanto mais quente for o planeta, menos CO2 o oceano poderá absorver. Ainda, as elevadas temperaturas nas regiões polares farão com que o CO2 e o metano (outro gás do efeito estufa) aqueçam o planeta. Isso porque, conforme o gelo derrete, esses gases serão liberados dos reservatórios congelados da terra e água, aumentando o problema.
Logo, se parássemos as emissões hoje, é seguro dizer que não voltaríamos ao passado. A Terra continuaria a aquecer. No entanto, se as emissões fossem controladas com rapidez dentro de um pequeno número de décadas, manteria esse aquecimento gerenciável, o que nos permitiria diminuir as mudanças e nos adaptar a elas.
Desta forma, ao invés de tentarmos recuperar o passado, o ideal é que pensássemos melhor sobre as possibilidades do futuro. Este artigo adaptado foi publicado originalmente publicado pelo The Conversation, e escrito por Richard B. Rood, professor de Ciências e Engenharia do Clima e do Espaço na Universidade de Michigan.

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