Conheça tecnologias sociais que vêm sendo desenvolvidas em todo Brasil.
O Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) e o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), em parceria com a Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE Sampa), divulgam a lista dos 10 projetos brasileiros considerados as soluções mais inovadoras de 2020 e que contribuem para a produção de importante impacto socioambiental positivo no país. As ideias foram selecionadas a partir de uma chamada pública que recebeu cerca de 100 inscrições e permaneceu aberta entre os dias 4 de maio e 4 de junho. As soluções escolhidas serão apresentadas no II Seminário Soluções Inovadoras, que acontece dia 6 de agosto, e representam as cinco regiões do país.
Dos 10 projetos selecionados, dois têm como resultado do trabalho respostas às consequências da pandemia da Covid-19. “As 10 iniciativas selecionadas são o exemplo vivo de que todos e todas podem ganhar se as medidas de recuperação pós-pandemia estiverem alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A preservação do meio ambiente, o desenvolvimento humano, social e a geração de emprego e de renda, quando fomentados de forma conjunta, integrada, geram frutos não só para hoje, mas para as próximas gerações”, afirma Carolina Mattar, coordenadora executiva do IDS e uma das cofacilitadoras do GT Agenda 2030.
Entre os critérios de seleção, foram levados em consideração a solidez da ideia, o nível de inovação, a capacidade de articulação com multiatores, a viabilidade operacional, a capacidade de avaliação e monitoramento e a sustentabilidade financeira. Também foi levado em consideração principalmente o quanto elas contribuem para o alcance de um ou mais ODS, definidos pelos países-membros da ONU. Os projetos que apresentaram respostas para as consequências da pandemia da Covid-19 e que promovem a igualdade de gênero tiveram maior peso.
As soluções inovadoras escolhidas receberão como prêmio mentoria técnica com especialistas de mercado, oferecida em parceria com o programa Green Sampa, da ADE Sampa, e Sistema B. As sessões de mentoria serão específicas sobre os desafios que cada projeto está vivendo. Serão duas sessões específicas e três sessões conjuntas sobre criação de rede e mapeamento de ecossistema, planejamento estratégico e indicadores de impacto abordando as boas práticas de mercado.
Elas também participarão de encontro com potenciais investidores e parceiros estratégicos. Ainda, farão parte de uma publicação para que ganhem ainda mais visibilidade e conhecimento do público em geral. A ação é coordenada pelo IDS, tem financiamento da União Europeia e é uma das atividades do projeto do GT Agenda 2030 cujo objetivo é contribuir para implementação da Agenda 2030 no Brasil.
Tecnologias sociais
Os projetos selecionados são uma mostra de tecnologias sociais que vêm sendo desenvolvidas em todo Brasil e que se apresentam como soluções para crises em diversas áreas, trazendo respostas por meio de ações mais sustentáveis. As categorias do edital foram: melhoria da saúde e educação básica; gestão do território e economia circular, para tornar cidades mais seguras, resilientes e sustentáveis; combate às mudanças climáticas e à perda da biodiversidade, para a proteção de todos os ecossistemas; disponibilidade de recursos básicos: água, saneamento, energia; e segurança alimentar, melhoria da nutrição e promoção da agricultura sustentável.
“Precisamos urgentemente acabar com a ideia de que o Brasil não tem solução. Essa falta de visão de futuro tem levado as lideranças políticas, empresariais e sociais a adotarem políticas de curto prazo, que não contribuem para a sustentabilidade do país. A solução existe e está aqui. O desafio é corrigir o rumo dos investimentos e negócios que temos feito, garantindo o financiamento (e o retorno!) da agenda de desenvolvimento sustentável”, diz Carolina.
Para os cerca de 90 projetos inscritos no processo seletivo, mas não contemplados, também há uma boa notícia. Eles vão poder participar de um bate-papo com alguns curadores do II Seminário de Soluções Inovadoras. Os temas, entre outros, serão como melhorar a capacidade de participar de editais e boas práticas para a produção de projetos mais assertivos.
Os 10 projetos selecionados:
Água, Semente da Vida é o nome de uma solução que visa ao tratamento e reuso de águas cinzas em quintais agroecológicos de famílias agricultoras do Alto Oeste Potiguar, nos municípios de Encanto e São Miguel, na região do semiárido do Rio Grande do Norte. Tem a participação de 21 famílias agricultoras e adota a filosofia do reutilizar para produzir.
Caminhos de Resiliência é uma iniciativa que envolve pescadores e pescadoras artesanais no enfrentamento das mudanças climáticas no Território dos Inhamuns/Crateús – Ceará. Esforça-se em garantir o acesso às políticas estabelecidas e que não são acessadas devido a desinformação dos e das pescadoras. Também visa intensificar os processos de negociação política a fim de garantir a continuidade da atividade da pesca artesanal no Ceará. É liderada pela Cáritas do Brasil.
ECO Recicla, iniciativa que nasceu no bairro de Alves Dias em São Bernardo do Campo/SP, liderado pela Organização Social Ecolmeia e trabalha pela valorização do catador de materiais recicláveis, utilizando o triciclo elétrico de coleta seletiva desenvolvido pela Ecolmeia com a participação dos catadores. Otimiza o trabalho porta a porta e elimina a tração humana na atividade diária para os catadores da Associação de Catadores de Material Reciclável Nova Glicério de São Paulo/SP.
Empodera para uma educação sustentável é uma inovação que vem de Curitiba/PR e que nasceu dentro da Escola Municipal Margarida Dallagassa em 2018. Trabalha a conscientização de crianças e o encorajamento para criar agentes de transformação das realidades locais por meio da cultura do empreendedorismo.
Formigas de Embaúba, da Zona Sul de São Paulo, promove educação ambiental a partir do plantio de bosques de mata atlântica nas escolas públicas da grande São Paulo, feito pelo alunos. Objetivo é formar crianças e jovens críticos, conscientes socioambientalmente e capazes de agir para gerar impacto positivo no meio ambiente.
Guardiões das Nascentes, do Instituto Oca do Sol, sediado no Lago Norte de Brasília, ajuda a mapear e monitorar as nascentes do Paranoá, via aplicativos de smartphones, impedindo a destruição delas, contribuindo para a elaboração de um plano regional de gestão sustentável dos recursos hídricos, que minimize as crises hídricas, principalmente nos períodos de estiagem aguda no Distrito Federal.
Protege BR tem como sede São Paulo, mas abrange todo o país. A plataforma conecta as necessidades dos polos de saúde pública e seus profissionais com os fabricantes de produtos e tecnologias locais, para que dessa troca surjam soluções que resolvam problemas nas unidades.
Recentemente, trabalhou para aumentar o número de profissionais de saúde usando equipamentos de proteção individual durante a pandemia da Covid-19, nas áreas distantes dos grandes centros no Brasil, para reduzir o grande número de trabalhadores afastados por contágio.
Reabilitação Socioeconômica se estende por Porto Velho e as principais cidades de Rondônia, como Ariquemes, Ji-Paraná e Cacoal. Trabalha na reabilitação socioeconômica de pessoas afetadas pela hanseníase que foram afastadas do trabalho e sofreram estigma em função da doença.
Reciclar: Menos Lixo, Mais Segurança Alimentar é uma ideia de Glaucilândia/MG, baseada na troca de resíduos recicláveis nas comunidades rurais por mudas frutíferas, hortaliças e até pintinhos. Além disso, tudo ainda estimula a mínima participação dos agricultores no sistema de coleta de lixo na zona rural.
ReciclaTec, do Comitê para Democratização da Informática de Santa Catarina – CPDI trabalha a reciclagem, recondicionamento e nas formas de dar um destino adequado aos resíduos eletrônicos que são descartados.
A equipe de curadores foi composta por Guilherme Checco (coordenador de pesquisa do IDS); Claudio Fernandes (economista e consultor da Gestos e GT Agenda 2030); Fabiana Paiva (assessora de Advocacy da Visão Mundial); Viviana Santiago (gerente de Gênero e Incidência Política da Plan International Brasil); Thiago Gehre (professor da Universidade de Brasília – UnB); Thais Zschieschang (responsável por Parcerias Estratégias da ADE Sampa); Pedro Telles (responsável por Comunidades e Expansão do Sistema B); e por Emiliano Graziano (Fundo Internacional pelo Desenvolvimento Agrícola – Fida).
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