Um novo estudo realizado pelos cientistas da Australian Antarctic Division (AAD) trouxe um resultado curioso: enquanto as emissões de carbono estão aquecendo nosso planeta, elas estão também causando um resfriamento na mesosfera, em regiões por volta de 90 km acima da Antártida. Segundo o estudo, essa região está se resfriando em até 10 vezes mais rápido do que o aquecimento que ocorre na superfície da Terra.
Os cientistas utilizaram espectrômetros para a pesquisa, instrumentos que analisam os raios infravermelhos "brilhando" a partir de moléculas de hidroxila que estão presentes em camadas quase 90 km acima da superfície da Terra. Assim, o brilho é um excelente indicador da temperatura nessa região. Nos resultados, foi possível verificar que nas camadas mais altas de atmosfera acima da Antártida, o dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa não têm o efeito de aquecer, mas sim o contrário: a energia gerada pela colisão das moléculas é liberada para o espaço, o que causa um efeito de resfriamento.
Esse resfriamento pode influenciar um fenômeno chamado de "nuvens noctilucentes", ou apenas "brilhantes". Essas nuvens são raras, e ocorrem a 80 km de altitude nas regiões polares. Elas são compostas por cristais de gelo e se formam em temperaturas extremamente baixas. Então, conforme as camadas superiores da atmosfera ficam com temperaturas mais baixas devido ao efeito estufa, é provável que estas nuvens se tornem mais frequentes.
O estudo mostrou ainda que a atmosfera polar acima da estação de pesquisa Davis, na Austrália, passa por um ciclo regular de flutuações na temperatura de quatro anos, onde sofre uma oscilação entre três e quatro graus Celsius. O cientista Dr. Andrew Klekociuk comenta que essa variação parece ter relação com as interações entre o oceano e a atmosfera no hemisfério sul. "Essa descoberta mostra como a atmosfera global é interconectada, e a importância de medidas precisas e a longo prazo para monitorarmos e compreendermos esse sistema climático", explica ele.
Já sabemos que as mudanças climáticas causadas causam grandes riscos para a vida no nosso planeta, já que é esperado que o nível do mar suba nos próximos anos e ecossistemas em todo o mundo sofram mudanças. Assim, os monitoramentos a longo prazo serão essenciais para que os pesquisadores elaborem modelos e verifiquem se as intervenções governamentais para reduzir essas consequências estão funcionando.
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