Com informações do ESO
[Imagem: ESO]
Células convectivas
Esta é a gigante vermelha Π1 Grou (pi 1 Grou), uma estrela muito antiga, com um diâmetro 350 vezes maior que o do Sol. O nosso Sol também irá aumentar de tamanho, tornando-se uma gigante vermelha semelhante a esta, daqui a cerca de 5 bilhões de anos.
Esta nova imagem revela as células convectivas que constituem a superfície desta enorme estrela. Cada célula cobre mais de um quarto do diâmetro da estrela e tem cerca de 120 milhões de km de comprimento. Para comparação, a fotosfera do Sol contém cerca de 2 milhões de células convectivas, com diâmetros típicos de apenas 2.000 km.
A enorme diferença nas células convectivas destas duas estrelas pode ser explicada em parte pelas suas gravidades de superfície. Π1 Grou tem apenas 1,5 vez a massa do Sol mas é muito maior, o que resulta numa gravidade de superfície muito menor e em apenas alguns grânulos extremamente grandes.
Esta é a primeira vez que se observaram diretamente padrões de granulação na superfície de uma estrela que não o Sol. As superfícies - chamadas fotosferas - de muitas estrelas gigantes ficam obscurecidas por poeira, o que dificulta as observações. No entanto, no caso da Π1 Grou, apesar de haver poeira longe da estrela, este efeito não é significativo e não atrapalhou as novas observações no infravermelho, feita com o instrumento PIONIER, montado no telescópio VLT, no Chile.
Envelhecimento das estrelas
Quando esta estrela gastou todo o hidrogênio que tinha para queimar, ela terminou a primeira fase da sua fusão nuclear. A estrela diminuiu de tamanho quando ficou sem energia, o que fez com que aquecesse a uma temperatura de mais de 100 milhões de graus.
Essa temperatura extrema deu origem à próxima fase da estrela, que começou então a queimar hélio, transformando-o em átomos mais pesados como o carbono e o oxigênio. O núcleo intensamente quente expeliu as camadas mais externas da estrela, fazendo com que ela aumentasse de tamanho em centenas de vezes. A estrela que vemos hoje é uma gigante vermelha variável. Até agora, a superfície de uma destas estrelas nunca tinha sido observada com tanto detalhe.
Os astrônomos acreditam que o nosso Sol passará por essa mesma sequência. Infelizmente não estaremos aqui para conferir, porque, ao aumentar de tamanho, a estrela deverá engolir Mercúrio, Vênus e, provavelmente, a Terra.
Nome estranho
O nome Π1 Grou vem do sistema de designação criado pelo astrônomo alemão Johann Bayer no século XVII. Ele classificou 1.564 estrelas, dando-lhes nomes compostos por uma letra grega seguida do nome da constelação onde se encontravam.
De modo geral, dava-se às estrelas nomes com letras gregas relativas ao seu brilho aparente quando vistas a partir da Terra, sendo que a mais brilhante era designada por Alfa. A estrela mais brilhante da constelação do Grou é por isso designada Alfa Grou.
Π Grou corresponde, na realidade, a um par de estrelas de cores contrastantes que nos aparecem próximas no céu - a segunda naturalmente tem o nome de Π2 Grou.
Bibliografia:
Large granulation cells on the surface of the giant star ?1 Gruis
C. Paladini, F. Baron, A. Jorissen, J.-B. Le Bouquin, B. Freytag, S. Van Eck, M. Wittkowski, J. Hron, A. Chiavassa, J.-P. Berger, C. Siopis, A. Mayer, G. Sadowski, K. Kravchenko, S. Shetye, F. Kerschbaum, J. Kluska, S. Ramstedt
Nature
DOI: 10.1038/nature25001
Large granulation cells on the surface of the giant star ?1 Gruis
C. Paladini, F. Baron, A. Jorissen, J.-B. Le Bouquin, B. Freytag, S. Van Eck, M. Wittkowski, J. Hron, A. Chiavassa, J.-P. Berger, C. Siopis, A. Mayer, G. Sadowski, K. Kravchenko, S. Shetye, F. Kerschbaum, J. Kluska, S. Ramstedt
Nature
DOI: 10.1038/nature25001
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