Após análise de mais de 46 documentos publicados foi escrito um relatório completo sobre os prejuízos causados pelas mudanças climáticas em setores como agricultura e saúde
Quem nunca escutou falar nos últimos tempos sobre as mudanças climáticas? Esse tema está sendo bastante discutido por chefes de Estado e de governo, ministros e diplomadas, além da população que vem aos poucos tentando acrescentar hábitos mais sustentáveis ao seu dia a dia. Mas será que isso é suficiente?
Durante a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22), o Greenpeace lançou um estudo batizado de “E agora José? – O Brasil em tempos de mudanças climáticas”, que vem alertar ainda mais todas as pessoas sobre esse grave problema que está impactando diversos setores e todas as regiões do Brasil. Porém, as populações mais afetadas por essas mudanças são as mais humildes, tanto por questões econômicas, quando sociais.
“Este relatório mostra que o tema das mudanças climáticas não se resume a um debate entre diplomatas, cientistas e ambientalistas que se reúnem em conferências da ONU. É uma questão presente no dia a dia das pessoas e que pode trazer fortes impactos negativos, afetando a conta de luz no final do mês e influenciando no preço dos alimentos”, explicou Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Os prejuízos de um planeta mais quente serão grandes. No Brasil, quem vai pagar a maior parte desta fatura será a população mais pobre”, completou.
Greenpeace recorreu a estudos feitos ao longo de oito anos
O relatório para chegar a essas conclusões teve como base 46 estudos publicados entre os anos de 2008 e 2016 sobre o assunto aqui no Brasil, e trouxe pela primeira vez um resumo desses conhecimentos a partir dos efeitos observados ou esperados para o país, conforme o aumento nas temperaturas médias no planeta que vem em uma considerável crescente.
Temas como agricultura, desastres naturais, geração de energia, saúde e migração foram abordados, mostrado que o excesso de gases de efeito estufa na atmosfera poderá trazer muitos danos e modificará por completo a nossa forma de viver. Uma das estimativas é a perda das áreas de produtividade e com essa diminuição dos espaços destinados à agricultura e às pastagens, os preços vão aumentar, ficando 25% mais altos.
Astrini ressalta: “Como apenas 5% das nossas áreas agrícolas são irrigadas, dependemos muito do calendário do regime de chuvas. Se as temperaturas estiverem muito altas ou muito baixas, plantas e animais podem sofrer com estresse fisiológico.”
Outro grave problema do aumento das temperaturas, caso durante esse século elas subam 4℃, quase todo o território brasileiro será mais suscetível à proliferação de doenças e problemas de saúde relacionados ao calor, apresentando sintomas como náuseas e vertigem e, nos casos mais graves, insolação e ataques cardíacos. Além de aumentar ainda mais a disseminação do Aedes aegypti – mosquito vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika, em estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. É estimado que, até 2050, 20 milhões de pessoas vivam em uma região desértica, o que é bem preocupante.
Estudo aponta soluções
Diante desse cenário alarmante, é de extrema importância que o Brasil implemente ações para reduzir as emissões. Por isso, para atenuar essas mudanças climáticas, começou a valer o documento selado durante o Acordo de Paris.
O país se comprometeu a cortar 37% das emissões de gases de efeito estufa do país até 2025, restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, reflorestar 12 milhões de hectares e acabar com o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030. Entretanto, para o Greenpeace, essas metas não são suficientes para acabar com o problema e o aumento dos desastres ambientais.
Segundo Astrini, a solução seria acabar com o desmatamento e investir em fontes de energia renovável como solar, eólica e biomassa, o que ajudaria o país a combater o aquecimento global e, ao mesmo tempo, tornaria o país mais resistente às mudanças climáticas.
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