Com informações do ESO
O primeiro plano desta imagem mostra o VLT, no Observatório do Paranal no Chile, enquanto o fundo inclui a estrela brilhante Alfa Centauro, o sistema estelar mais próximo da Terra.[Imagem: Y. Beletsky (LCO)/ESO]
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O Observatório Europeu do Sul (ESO) assinou um acordo com a Breakthrough Initiatives para adaptar os instrumentos do maior telescópio do mundo, o VLT, instalado no Chile, para torná-lo capaz de procurar planetas no nosso sistema estelar vizinho, Alfa Centauro.
Esses exoplanetas deverão se tornar alvos para futuros lançamentos das sondas espaciais miniaturas pelo Projeto Starshot.
Estimativas iniciais indicam que essas nanonaves espaciais podem chegar a Alfa Centauro em apenas 20 anos.
Missão interestelar
O acordo aporta recursos para que o instrumento VISIR (VLT Imager and Spectrometer for mid-InfraRed), montado no VLT, possa ser modificado de modo a aumentar significativamente a sua capacidade de procurar potenciais planetas habitáveis em torno de Alfa Centauro, o sistema estelar mais próximo da Terra. O acordo atribui também tempo de telescópio suficiente para permitir a execução de um programa de busca dedicada em 2019.
A descoberta em 2016 de um exoplaneta, Próxima b, em torno de Próxima Centauro, a terceira e menos brilhante estrela do sistema Alfa Centauro, dá ainda mais incentivo a esta busca.
Saber onde estão os exoplanetas mais próximos de nós é crucial para o Projeto Starshot, o programa de pesquisa e engenharia que pretende demonstrar o conceito de nanossondas espaciais ultrarrápidas, movidas por luz, que abrirão caminho para a primeira missão a Alfa Centauro, que poderá ocorrer dentro de uma geração.
Outro projeto de telescópio para fotografar exoplanetas próximos propõe uma técnica simples, que permitirá uma significativa redução de custos. [Imagem: Project Blue/Divulgação]
Óptica adaptativa e coronografia
Detectar um planeta habitável é um enorme desafio devido ao brilho da estrela hospedeira do sistema planetário, que ofusca os planetas. Uma abordagem para tornar esta tarefa mais fácil é observar nos comprimentos de onda do infravermelho médio, onde o brilho térmico de um planeta em órbita reduz enormemente a diferença de brilho entre o planeta e sua estrela hospedeira. Mas, mesmo nesses comprimentos de onda, a estrela permanece milhões de vezes mais brilhante do que os planetas, sendo preciso recorrer a uma técnica especial para reduzir a ofuscante luz estelar.
O instrumento VISIR, que opera no infravermelho médio e está montado no VLT, será modificado para aumentar de modo significativo a qualidade de imagem através do uso de óptica adaptativa, além de ser adaptado para utilizar uma técnica chamada coronografia, que permite reduzir a radiação estelar, revelando assim o possível sinal de potenciais exoplanetas rochosos. A Breakthrough Initiatives financiará as tecnologias e os custos de desenvolvimento da experiência, enquanto o ESO fornecerá as capacidades e tempo de observação necessários.
O novo hardware inclui um módulo no qual será colocado um sensor de frente de onda e um instrumento de calibração dos detectores. Adicionalmente, existem planos para o desenvolvimento de um novo coronógrafo, desenvolvimento esse que será construído em conjunto pelas universidades de Liège (Bélgica) e Uppsala (Suécia).
VISIR e METIS
Os desenvolvimentos aplicados ao VISIR serão também benéficos para o futuro instrumento METIS, que será montado no E-ELT, uma vez que as lições aprendidas e os conceitos utilizados serão diretamente transferidos para este instrumento.
O enorme tamanho do E-ELT, que passará a ocupar o posto de maior telescópio do mundo, deverá permitir ao METIS detectar e estudar exoplanetas do tamanho de Marte situados em órbita de Alfa Centauro, se estes existirem, assim como outros potenciais planetas habitáveis que existam em torno de outras estrelas próximas.
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