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quinta-feira, 23 de março de 2017

Tecnologia é a nova revolução industrial

Pelo site Engenharia é




Aevolução da tecnologia, que alcançou setores como o industrial e a aviação, está desembarcando agora no setor elétrico. A importância desse item para as empresas é tão relevante que pode ser classificado como uma nova revolução, equivalente à descoberta da agricultura ou à revolução industrial. Essa mudança é disruptiva para o modelo e ajudará a produzir energia de forma mais eficiente e pode auxiliar na obtenção de uma matriz energética mais limpa e confiável.
Na avaliação do CEO da GE no Brasil, Gilberto Peralta, essa era da digitalização dos processos no setor elétrico é irreversível e tende a ganhar mais importância com o tempo. “Essa é uma revolução tão importante quanto a industrial, nós estamos nesse mercado há 120 anos fabricando equipamentos para diversos segmentos e seremos líderes também na plataforma digital onde fizemos investimentos nesse que será o futuro”, disse ele em evento transmitido via YouTube para discutir a energia na era digital.
A multinacional norte-americana foi a anfitriã das discussões que ocorreram em seu Centro de Pesquisas no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, concordou que a tecnologia traz muitos benefícios. Inclusive, um deles versa sobre o melhor uso dos recursos disponíveis. “Teremos no futuro mais eficiência e a tecnologia vai ajudar o país sim, com certeza conseguiremos fazer mais com menos”, definiu. “Para isso, precisamos dos sinais corretos. Não há dúvidas sobre os benefícios, mas também precisamos da regulação, para que os consumidores possam tomar as melhores decisões”, apontou ele.
O executivo da Eletrobras disse que o aumento da presença da tecnologia no país poderá levar a uma rede mais confiável. Isso porque com essa automatização é possível um maior controle dos momentos de parada para manutenção de equipamentos em geração, por exemplo. “Com essa automatização podemos fazer com que os equipamentos elétricos durem mais e os processos de manutenção sejam mais assertivos, pois a prioridade será pela manutenção preditiva que é muito mais barato que a corretiva, o que aumenta a vida útil do equipamento”, acrescentou.

Solange Almeida, CEO da Neoenergia, que tem ramificações em todas as frentes do setor elétrico, é taxativa ao afirmar que não tem dúvidas de que a tecnologia veio para ficar no setor elétrico. Em sua opinião, contudo, para que essa evolução seja mais presente é necessários que haja o estímulo ao investimento. “As distribuidoras são empresas de capital intensivo e precisamos viabilizar os aportes por meio do repasse e de tarifa. O medidor inteligente, por exemplo, é caro, precisamos evoluir para que o futuro seja economicamente viável para o país”, afirmou a executiva no evento.
Os desafios, disse, são enormes e com essa onda digital é possível agregar mais valor ao setor elétrico. Ainda mais que é possível trazer para a tomada de decisão de uso da energia o consumidor. Hoje, contou já é possível a interação com o cliente por meio do celular, como o recebimento da conta ou acompanhamento do consumo, mas que em breve será possível acompanhar em tempo real essa demanda, tudo com base na conectividade via Internet das Coisas. E as possibilidades são grandes, já que não se usa atualmente nem 5% dos dados que o setor gera atualmente.
“Há muito a fazer em relação aos dados. Na hora que usarmos melhor essas informações, no final, teremos o uso da energia mais eficiente, operação da rede mais otimizada e menores custos”, comentou. Entre os pontos que a executiva da Neoenergia destacou estão a tarifa horo-sazonal como um sinalizador de econômico, diferentemente do esquema flat que é o atual.
Nesse sentido de mudanças tecnológicas, o CFO da Votorantim Energia, Raul Cadena, comentou que o trabalho também mudará. Na usina do futuro o setor demandará não mais analistas de dados ou de gestor de operação e sim cientistas que se utilizarão dessas informações para indicar na hora certa o momento de uma manutenção preditiva, levando em conta todo o cenário de tarifas, demanda e necessidade do ativo parar na hora certa. “O setor industrial em geral já tem um planejamento mais detalhado e essa tecnologia está chegando ao setor elétrico, não tem como parar essa evolução e com certeza daqui a cinco anos tudo como conhecemos hoje será diferente”, sinalizou.

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