Com informações da ESA
A sonda desceu a apenas 33 metros do ponto-alvo, mas não é possível saber o estado em que ela ficou porque a antena se desalinhou com a Terra no impacto. [Imagem: ESA/Rosetta]
Pouso no cometa II
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou os últimos dados e imagens coletados pela sonda Rosetta, conforme ela descia para seu pouso final sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que ela orbitou durante mais de dois anos.
Distante demais do Sol para que seus painéis solares gerassem energia suficiente, desgastada pela viagem inicial de mais de 12 anos - a Rosetta foi lançada em 2004 - e, sobretudo, depois de ter passado dois anos recebendo todo o impacto da poeira emanada do cometa, não restou outra alternativa senão "estacionar" a sonda para sempre sobre a superfície do cometa.
O prêmio por esta decisão foi uma oportunidade única de coletar dados até tocar no próprio cometa. De fato, com todos os seus instrumentos operando, os dados foram mais ricos do que os fornecidos pelo módulo de pouso Philae, que não funcionou como esperado.
Duas colheres de sopa de água
A reconstrução da descida mostrou que a sonda tocou suavemente a superfície a apenas 33 metros do ponto-alvo, que era uma elipse de 700 x 500 metros. O local, no interior de uma cratera na região de Ma'at, na cabeça do cometa, foi batizado de Sais, em homenagem à cidade do Egito onde a Pedra da Rosetta foi encontrada.
A imagem final da Rosetta é um tanto frustrante, já que ela ficou desfocada pela proximidade - a sonda estava a cerca de 20 metros da superfície. [Imagem: ESA/Rosetta]
Foram coletadas inúmeras fotografias da cratera vizinha, capturando detalhes das suas paredes em camadas. Estas fotos ainda estão sendo analisadas pela equipe para ajudar a decifrar a história geológica do cometa.
A imagem final foi capturada a cerca de 20 metros acima do ponto de impacto. Além disso, os instrumentos da Rosetta de análise de pó, gás e plasma coletaram dados continuamente.
Foi observado um aumento da pressão da saída de gás do cometa à medida que a superfície se aproximava. Análises iniciais revelam temperaturas entre -190ºC e -110ºC até alguns centímetros da superfície - esta variação provavelmente se deve às sombras e à topografia do local à medida que a Rosetta se aproximava da superfície.
Uma última medição da emissão de vapor de água indica que o cometa estava emitindo o equivalente a duas colheres de sopa de água por segundo - durante o seu período mais ativo, no ponto mais próximo do Sol, a ejeção de água foi calculada em algumas centenas de litros de água a cada segundo.
Apesar das densidades plasmáticas decrescentes a partir de cerca de 2 km da superfície, não foram detectados sinais de desgaseificação oriunda dos poços de Ma'at.
Sem gelo
As primeiras indicações das leituras espectrais, com resoluções inéditas devido à proximidade, mostram que não há diferenças significativas na composição da superfície em relação ao que havia sido visto nas leituras anteriores.
Um resultado um tanto frustrante foi que não apareceu nenhuma indicação óbvia de gelo de água perto do local de aterragem - ao lançar a Rosetta, os cientistas esperavam estudar uma enorme bola de gelo empoeirada, mas o cometa se revelou um corpo extremamente seco.
Este foi o último espectro colhido do cometa - era aqui que deveriam aparecer quaisquer sinais de gelo, que não deram o ar da graça. [Imagem: A. Stern/J. Parker]
As medições também sugerem um aumento nos grãos de poeira muito pequenos - na casa de um milionésimo de milímetro - perto da superfície.
A última observação do coma de gás - a cauda do cometa - foi feita no dia anterior à descida final. O dióxido de carbono continuava sendo emitido, a uma distância maior do que quando o cometa estava se aproximando do Sol.
Uma das últimas informações recebidas da Rosetta foi enviada pelos seus rastreadores de estrelas de navegação, relatando um "objeto grande" no campo de visão - o horizonte do próprio cometa - poucos segundos antes do pouso. Assim que tocou o cometa a conexão foi perdida, provavelmente porque a antena se desalinhou com a Terra no impacto.
A expectativa é que os artigos científicos descrevendo as conclusões sobre os novos dados sejam publicados nos próximos meses.
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