Exemplo de edificação sustentável, a obra utiliza energia solar, sistemas de ventilação e iluminação naturais; e foi erguida a partir de 7 mil pneus, 5 mil latinhas e 3 mil garrafas PET
“Atualmente faltam 8 milhões de lares aos brasileiros e o País ainda enfrenta problemas com a destinação das milhões de toneladas do lixo que produz”, analisa o biólogo Yuri Sanada que, em parceria com sua esposa Vera, conduz o Projeto Casa Orgânica, em Joanópolis, a 100 km da capital de São Paulo. A meta é ensinar a comunidade a construir residências sustentáveis a partir de materiais recicláveis que custam até 30% a menos do que as casas convencionais.
O projeto do casal pretende atender a duas questões essenciais para a sobrevivência: alimentação e moradia. De acordo com o Yuri, a sociedade está enfrentando uma crise chamada de “caos moderno”, isto é, as produções alimentícias não conseguem atender a demanda e as obras de habitações populares não acompanham o intenso processo de expansão populacional.“Atualmente faltam 8 milhões de lares aos brasileiros e o País ainda enfrenta problemas com a destinação das milhões de toneladas do lixo que produz”, analisa o biólogo Yuri Sanada que, em parceria com sua esposa Vera, conduz o Projeto Casa Orgânica, em Joanópolis, a 100 km da capital de São Paulo. A meta é ensinar a comunidade a construir residências sustentáveis a partir de materiais recicláveis que custam até 30% a menos do que as casas convencionais.
“É preciso que cada cidadão seja capaz de produzir a própria comida, são necessárias casas mais inteligentes e orgânicas”, alerta ele. Como? “De uma maneira simples e brilhante: transformando aquilo que consideramos lixo em lares”, explica o biólogo, que utilizou cerca de 7 mil pneus, 5 mil latinhas e 3 mil garrafas na primeira edificação ecologicamente correta.
A ideia surgiu em 1991, época na qual Yuri e Vera Sanada frequentavam aulas de mergulho para estrangeiros no Japão e moravam em veleiros oceânicos, oportunidade que levou o casal a visitar mais de 50 países, propiciando o contato com algumas técnicas milenares e outras práticas modernas de conservação do meio ambiente e economia dos recursos naturais. Porém, somente em 2007, os dois conseguiram o apoio do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) e de uma empresa coletora de reutilizáveis para desenvolver o primeiro modelo de Casa Orgânica no interior de São Paulo.
“O uso permanente dos pneus na construção beneficia a indústria pneumática brasileira, tornando conveniente a fabricação de novos produtos. Ou seja, impulsiona a economia nacional”, garante Vera Sanada. Além disso, a obra de arquitetura verde não requer mão de obra especializada, permitindo o emprego de diversos níveis de profissionais, gerando renda para cidadãos das comunidades vizinhas.
Construída a partir de envoltórios, recipientes plásticos e latas de alumínio, a Casa Orgânica promete manter temperaturas agradáveis em seus ambientes, uma vez que os cômodos sem janelas laterais contam com claraboias para auxiliar a refrigeração e a construção possui laje feita de garrafas que suportam o concreto, oferecendo isolamento térmico, custo baixo e durabilidade. É importante ressaltar que um teto vivo é mantido nas estruturas, no qual é cultivada uma horta orgânica.
“A reciclagem de garrafas PET é essencial, afinal, uma indústria média de São Paulo é capaz de fabricar 9.550 recipientes por dia. Já o uso de pneu usado deve ser gratuito, pois, a cada ano acumulam-se 40 milhões deles em lixões”, explica Vera Sanada. Segundo ela, as obras levantadas a partir de produtos recicláveis são mais resistentes e têm aparência semelhante a edificações regulares quando devidamente revestidas.
Energeticamente eficiente, a residência possui um sistema de fornecimento à base de energia solar e conta com lâmpadas de LED espalhadas pelos quartos, visando minimizar os desperdícios. Além disso, a estrutura promove a economia de eletricidade, tendo instaladas algumas garrafas de vidro no telhado para permitir a entrada da luz do Sol.
A Casa Orgânica também objetiva a conservação dos recursos hídricos ao reaproveitar a água em quatro procedimentos diferentes, demandando um gasto 60% menor do que uma habitação comum, e tratar seu esgoto em filtros biológicos que servem como jardins. “Esta é a primeira casa sustentável que pode ser reproduzida por todo brasileiro, com materiais gratuitos ou acessíveis por todo lado”, conclui Vera Sanada.
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