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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Como brecar uma nave espacial ao chegar ao destino

Redação do Site Inovação Tecnológica 



Como brecar uma nave espacial ao chegar ao destino
Jornada interplanetária: o objetivo do Projeto Starshot é enviar minúsculas naves para o sistema planetário mais próximo de nós.[Imagem: Planetary Habitability Laboratory/Univesidade de Porto Rico]
Freio espacial
Se a ideia é lançar naves interestelares, por menores que sejam, fazê-las acelerar o suficiente para vencer as distâncias descomunais em um tempo razoável é apenas metade do problema.
A outra metade consiste em saber como brecar a nave quando ela chega nas proximidades da estrela que se deseja visitar - e, como nos carros, boas aceleradas exigem bons freios.
René Heller e Michael Hippke, do Instituto Max Planck para Pesquisa de Sistemas Solares, na Alemanha, estão propondo usar a radiação e a gravidade das estrelas do sistema Alfa Centauro para desacelerar as minúsculas naves do Projeto StarShot.
A proposta inclui até mesmo uma possibilidade de redirecionar as nanonaves em direção à anã vermelha Próxima Centauro e seu planeta Próxima b, o exoplaneta parecido com a Terra mais próximo de nós que se conhece até agora.
Manobras espaciais
A proposta parte de uma sonda espacial similar à proposta pelo Starshot, com um peso máximo de 100 gramas. Ela deverá então ser montada em uma vela solar de 100 mil metros quadrados, o equivalente à área de 14 campos de futebol.
Como brecar uma nave espacial ao chegar ao destino
Outros pesquisadores estão propondo usar as mesmas nanonaves para semear vida em outros planetas. [Imagem: Ben Bishop]
Quando ela começar a se aproximar de Alfa Centauro, a força de travagem exercida pelos fótons da estrela atingindo a vela solar aumentará gradativamente. Quanto mais forte for a força de travagem, mais eficaz será a redução de velocidade da nave. O princípio é exatamente o reverso do que poderá ser usado para ajudar a acelerar a nave em sua saída do Sistema Solar, usando o sol como um canhão de fótons.
É aí que começam as manobras.
A espaçonave precisará primeiramente chegar até meros quatro milhões de quilômetros de Alfa Centauro A, o que corresponde a cinco raios estelares, a uma velocidade máxima de 13.800 quilômetros por segundo (4,6% da velocidade da luz). Se a velocidade for maior, a sonda simplesmente vai passar pela estrela e seguir adiante.
Durante seu encontro estelar, a sonda não seria apenas repelida pela radiação estelar, mas também atraída pelo campo gravitacional da estrela. Este efeito pode ser usado para dirigir a nave e fazê-la entrar em órbita em torno da estrela - manobras desse tipo já foram realizados inúmeras vezes por sondas espaciais em nosso Sistema Solar.
"Em nosso cenário nominal de missão, a sonda levaria um pouco menos de 100 anos - ou cerca de duas vezes mais tempo do que as sondas Voyager viajaram até hoje. E essas máquinas da década de 1970 ainda estão operacionais," comparou Michael Hippke.
Como brecar uma nave espacial ao chegar ao destino
Um telescópio no Chile já está procurando alvos para missões interplanetárias. [Imagem: Y. Beletsky (LCO)/ESO]
Navegação espacial
Teoricamente, a vela solar ativa proposta por Heller e Hippke poderia manter a nave em uma órbita em torno de Alfa Centauro A, permitindo explorar seus planetas. No entanto, a dupla quer mais do que isso.
Alfa Centauro é um sistema estelar triplo. As duas estrelas binárias - A e B - giram em torno de um centro de massa comum em uma órbita relativamente próxima, enquanto a terceira estrela, Próxima Centauro, está a 0,22 ano-luz de distância, mais de 12.500 vezes a distância entre o Sol e a Terra.
A vela solar poderia ser configurada de forma que a pressão estelar da estrela A breque e desvie a sonda em direção a Alfa Centauro B, onde ela chegaria depois de apenas alguns dias. A nave então seria catapultada rumo a Próxima Centauro, onde chegaria após outros 46 anos - aproximadamente 140 anos após seu lançamento da Terra.
Embora todo este cenário se baseie em um estudo matemático e em simulações computacionais, o hardware proposto para a vela solar já está sendo desenvolvido por várias agências espaciais.
"A vela poderia ser feita de grafeno, um filme de carbono extremamente fino e leve, mas megarresistente," recomenda René Heller. O filme de grafeno teria que ser recoberto por uma capa altamente reflexiva para suportar as duras condições do espaço profundo e o calor perto da estrela de destino.

Bibliografia:

Deceleration of high-velocity interstellar sails into bound orbits at Alfa Centauro
René Heller, Michael Hippke
The Astrophysical Journal Letters
https://arxiv.org/abs/1701.08803

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