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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Equipe do MIT registra novo recorde na saga pela fusão nuclear

Por César Baima - O Globo


                             O interior do reator de fusão nuclear do MIT, onde foi registrado o recorde



Uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), no EUA, anunciou nesta segunda um novo recorde na saga pela fusão nuclear controlada, uma abundante e limpa fonte de energia com reações similares às que acontecem no interior do Sol. Segundo os pesquisadores, o plasma em seu reator - de um tipo conhecido como tokamak e batizado Alcator C-Mod - registrou a maior pressão à altíssima temperatura necessárias para forçar os átomos a se fundirem, e assim liberarem enormes quantidades de energia.

Em números, foram 2,05 atmosferas, ou pouco mais de duas vezes a pressão atmosférica no nível do mar, a 35 milhões de graus Celsius, ou aproximadamente o dobro da temperatura no núcleo do Sol, por um total de dois segundos. Neste período, o plasma produziu 300 trilhões de reações de fusão em um volume de aproximadamente 1 metro cúbico, ou mil litros, do tamanho de um pequeno armário. O segredo para um reator de fusão bem-sucedido é liberar mais energia do que a consumida para criar e manter este ambiente extremo, em que funcione de forma sustentada. Para isso, os reatores do tipo tokamak (corruptela para o termo em russo “câmara toroidal”) confinam o plasma superaquecido com um intenso campo magnético dentro de uma câmara em formato de rosquinha (na geometria, um toroide, daí seu nome).

- Este é um feito notável que destaca o altamente bem-sucedido programa do Alcator C-Mod no MIT – comentou Dale Meade, ex-vice-diretor do Laboratório de Física de Plasma da Universidade de Princeton, também nos EUA, e não diretamente envolvido no experimento. - O recorde na pressão do plasma valida a abordagem de intenso campo magnético como um caminho para a energia de fusão na prática.

Mas o novo recorde na pressão, 15% superior ao anterior, não salvou o Alcator C-Mod do desligamento. Depois de cerca de 23 anos de experiências, o equipamento atingiu a marca justamente no seu último dia de operação, que foram encerradas com o fim do seu financiamento pelo Departamento de Energia dos EUA. Agora, o país vai concentrar seus esforços na área no Iter, o gigantesco consórcio internacional formado também por União Europeia, China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e Japão que está construindo um reator de fusão do mesmo tipo do Alcator C-Mod, mas muito maior, no interior da França. Com um orçamento estimado em mais de US$ 50 bilhões, o Iter deverá estar pronto em 15 a 20 anos com o objetivo de gerar cerca de 500 megawatts de energia, aproximadamente o mesmo que uma grande usina de fissão nuclear, mas sem seu lixo radioativo.

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