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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Estados Unidos subestimam custos de poluição de carbono



                                                                                                   

O custo social do carbono é empregado na análise de custo-benefício de alguns regulamentos federais.


Por Evan Lehmann e ClimateWire


Ônus social deverá ser seis vezes maior que projeções do governo Obama



A mudança climática pode ter um impacto muito mais profundo na economia que o antecipado pelo governo dos Estados Unidos, adverte uma análise divulgada na publicação científica Nature Climate Change.

O artigo, por Frances C. Moore e Delavane B. Diaz, duas pesquisadoras da Stanford University, argumenta que o verdadeiro custo da emissão de gases de efeito estufa gira em torno de US$220 a tonelada, porque temperaturas em ascensão dificilmente poderiam impedir o crescimento econômico de uma nação ao longo de décadas ou séculos.

O governo Obama estima o custo social do carbono em US$ 37 por tonelada.

O estudo vem apoiar um crescente número de vozes que exigem refinamentos no complicado processo de estabelecer uma estimativa de custo mais real, empregada para medir os benefícios de regulamentos.

Cerca de uma dezena de agências federais determinaram esse valor utilizando três modelos computadorizados que projetam taxas de emissão, atividade econômica e danos climáticos.

O trabalho de Stanford fundamenta suas conclusões em pesquisas anteriores que mostram que a saúde econômica de um país sofre durante períodos de temperaturas elevadas.

Muito calor pode prejudicar produções agrícolas e industriais, além de aumentar a instabilidade política.

Nesse sentido, a análise de Stanford subscreve aos pedidos que estão sendo feitos entre especialistas para que sejam incorporadas novas observações no trio de modelos, que remontam à década de 90.

“O custo social do carbono é quase certamente superior aos índices utilizados até agora”, opinou a coautora do estudo Frances Moore, uma candidata a doutoramento pela Escola de Ciências da Terra de Stanford.

Em um desvio fundamental da análise do governo, o estudo utiliza a pesquisa empírica anterior para afirmar que impactos climáticos poderiam prejudicar a taxa de crescimento econômico de uma nação ao longo do tempo, em vez de apenas atrapalhar consistentemente sua produção econômica de ano a ano.

Isso poderia significar que países enfrentarão disfunções permanentes, como declínios econômicos em força de trabalho, capital e tecnologia, decorrentes de fenômenos climáticos extremos e outros “choques de temperatura”.

De acordo com as autoras, esses impactos maiores têm um “efeito agravante” mais prejudicial à economia que estresses temporários resultantes de temperaturas excessivas na produção agrícola [ou seja, uma alta de preços] e custos mais elevados para a refrigeração do ar [uso intensivo de aparelhos de ar condicionado].

“Portanto, é como se a economia estivesse permanentemente menor, mais desacelerada”, explicou Moore. “Nesse caso, se houver choques repetidos eles se acumulam com o tempo. É por isso que mesmo reduções muito, muito pequenas em taxas de crescimento têm esses efeitos realmente impactantes ao longo do tempo”.

É uma “superestimativa”

O custo social do carbono é utilizado na análise de custo-benefício de alguns regulamentos federais. Se o impacto das emissões poluentes for considerado caro para a sociedade, ele pode até justificar políticas mais agressivas para obrigar a indústria a reduzi-las.

Oponentes de ações climáticas criticaram a administração Obama por elevar o custo social do carbono em quase 50% em 2013.

William Pizer, um professor na Duke University, em Durham, na Carolina do Norte, e ex-funcionário do governo Obama que trabalhou na estimativa do custo social do carbono, aplaudiu as pesquisadoras de Stanford por aplicarem e incorporarem observações atualizadas em seus cálculos.

Ele e vários outros ex-assessores de Obama argumentam que o governo deveria aprimorar sua utilização de ciência atualizada quando estabelece esse valor.

Mas Pizer também questionou a metodologia da análise de Stanford, porque a pesquisa empírica em que se baseou monitorou picos de temperatura de curto prazo e seus impactos sobre as economias de diversas nações, e não tendências de longo prazo que poderiam mostrar encolhimentos econômicos permanentes.

Ao avaliar a resultado de US$ 220 por tonelada do estudo de Stanford, Pizer observou: “Para mim, isso simplesmente parece ser uma superestimativa”.

“Acho ótimo que eles [os pesquisadores] estejam fazendo isso. Eu só penso que esse é mais um dado que alguém precisa avaliar à medida que estão tentando descobrir qual é custo social correto do carbono. Mas isso não é como uma nova resposta definitiva”, acrescentou.

Moore reconheceu as incertezas em sua pesquisa.

Ela salientou, por exemplo, que não há evidências suficientes para saber se as mudanças climáticas continuarão tendo impactos desproporcionais em países mais pobres ou se, à medida que suas economias crescerem, eles serão capazes de se adaptar e diminuir os danos provocados por eles.

Um resultado mais sombrio consiste em “limites de temperatura biofísica”, a noção de que o calor impedirá grandes avanços econômicos.

Os dois cenários produzem como resultado a velocidade e agressividade com que as emissões devem ser reduzidas, e estabelecem o preço de seus custos sociais de carbono.

Moore espera que a nova pesquisa ajude a informar o governo americano de que, quando forem estabelecidas estimativas monetárias, é preciso levar em conta um espectro maior de danos.

Reproduzido de Climatewire com permissão de Environment & Energy Publishing, LLC. www.eenews.net, 202-628-6500. 

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