Powered By Blogger

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Temperaturas extremas ligadas a mudanças em padrões do ar



Por Andrea Thompson e Climate Central

Um estudo conecta ondas de calor e frio extremos a mudanças no movimento atmosférico 
                                                                                                    

O mapa mostra o quanto as temperaturas sobre a Rússia variaram em relação ao normal entre 20 e 27 de julho de 2010. 
A forte concentração de vermelho profundo sobre o leste da Rússia reflete a onda de calor com semanas de duração 
que dominou a região nesse verão boreal.



Temperaturas escaldantes durante o verão na Europa, Ásia e América do Norte, além de ondas de frio extremo na Ásia central se tornaram mais prováveis devido a mudanças na maneira como o ar flui sobre essas regiões, como sugere um novo estudo detalhado na revista Nature.

O aquecimento geral da atmosfera que resultou do acúmulo de gases estufa alterou as chances em favor de mais temperaturas quentes extremas e menos temperaturas frias. Mas o modo como áreas de pressão alta e baixa serpenteiam pelo globo pode reforçar essas chances, ou neutralizá-las. Isso leva a padrões diferentes de extremos de temperatura em locais diferentes e momentos diferentes. 

“É importante determinar onde acreditamos que algumas das tendências recentes em circulação poderiam estar ligadas à mudança climática, em vez de se deverem apenas à variabilidade natural”, explicou por email Ted Shepherd, cientista atmosférico da Universidade de Reading, no Reino Unido. Shepherd, que não se envolveu no estudo, escreveu um comentário sobre a pesquisa na Nature.

Usando dados atmosféricos dos últimos 35 anos, Daniel Horton, autor do estudo e pós-doutor da Universidade Stanford, e seus colegas descobriram que áreas persistentes de alta pressão em certos locais estavam ligadas a ondas de calor extremo na Europa, na Ásia Ocidental e no leste da América do Norte. A posição dos sistemas afetou como o ar se dirigia sobre essas áreas. Um exemplo é a onda de calor russa de 2010, que foi resultado de um sistema de alta pressão que ficou “preso” e manteve uma grande massa de ar quente e seco estacionada sobre a região durante semanas.

Por outro lado, um aumento em frios extremos sobre a Ásia central estava associado a um padrão que levou mais ar do Ártico a fluir sobre a região. A tendência de mais frios extremos foi mais forte durante o período desde o surgimento do aquecimento pronunciado do Ártico, ou por volta dos últimos 25 anos, o que concede pelo menos algum apoio à possibilidade de que o aquecimento está ajudando a alimentar a tendência, explicou Shepherd. A possível influência do rápido aquecimento do Ártico nesses extremos foi um importante tópico de pesquisa nos últimos anos, ainda que ele seja muito debatido na comunidade climática.

A conexão dessas mudanças na circulação atmosférica com o aquecimento global não foi algo que o estudo tentou responder. Judah Cohen, que já conduziu vários estudos sobre a conexão entre os extremos de temperatura e o Ártico, declarou que ainda que o novo estudo tenha sido “uma boa análise”, além de ser consistente com outras descobertas, ele acredita que isso “fará pouco para resolver ou aliviar as diferenças” entre as diferentes áreas dessa questão. Cohen, um cientista atmosférico da Pesquisa Atmosférica e Ambiental, também não se envolveu no estudo.

Ainda que a nova pesquisa não tenha respondido o que levou aos padrões atmosféricos específicos associados com temperaturas extremas, Horton espera que eles possam usar a mesma abordagem do estudo para tentar descobrir isso. Ele chamou o esforço de “um trabalho em andamento”, adicionando que “ainda não temos respostas”.

Encontrar essa resposta é importante para compreender quais mudanças regiões diferentes podem enfrentar em um mundo cada vez mais quente, já que ter um sistema específico estacionado sobre uma área por um longo tempo também pode levar a problemas como secas e enchentes.

A seca contínua da Califórnia, por exemplo, foi ligada a um persistente sistema de alta pressão que mantém longes as chuvas tão necessárias ao estado.

Este artigo foi reproduzido com permissão de Climate Central.

Nenhum comentário:

Postar um comentário