Fóssil tem 25 metros de comprimento e foi encontrado no interior de SP.
Ele será exposto no Museu de Ciências da Terra a partir desta quinta (6 de outubro)
Cientistas de várias instituições do país anunciaram, na manhã desta quarta-feira (5), a descoberta do que dizem ser o maior dinossauro já encontrado no Brasil, com 25 metros de comprimento. O fóssil que levou à conclusão foi encontrado em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. O animal viveu no país há 70 milhões de anos, segundo os pesquisadores.
A descoberta, anunciada no Museu de Ciências da Terra, na Urca, Zona Sul do Rio, revela novas informações sobre as espécies que habitaram o território brasileiro. O Austroposeidon magnificus, como foi chamado, teve vértebras do pescoço e da coluna vertebral encontradas no local onde uma estrada estava sendo aberta.
Com base nas características anatômicas, o animal pode ser classificado no grupo dos titanossauros, que eram dinossauros herbívoros com um corpo bem desenvolvido, pescoço e cauda longa e um crânio relativamente pequeno. Habitaram o mundo principalmente durante o período cretáceo, nas áreas onde atualmente são a América do Sul, a África, a Antártida e a Oceania.
A descoberta do fóssil aconteceu na década de 50, pelo paleontólogo Llewellyn Ivor Price, que faleceu em 1980 e não chegou a ver sua descoberta reconhecida. A demora no anúncio se deve ao tempo necessário para estudar o material.
"Price se preocupou em criar um ambiente de pesquisa. Graças a isso, conseguimos criar uma equipe que vem trabalhando, um laboratório adequado e fazer os trabalhos científicos que precedem uma grande descoberta", afirmou o diretor do Museu de Ciências da Terra, Diógenes Campos.
Alex Kellner, paleontólogo do Museu Nacional (UFRJ), destaca que uma das principais causas da demora foi a falta de dinheiro e apoio à ciência no Brasil.
"Apenas quando tivemos que financiar uma pesquisa contínua é que pudemos fazer essa preparação. Também não é um material fácil de manusear. Por último, temos que lembrar que paleontologia não é só feita no Rio", explicou Kellner.
A tecnologia também ajudou a desvendar os segredos do maior dinossauro brasileiro. Um aparelho de tomografia foi usado para analisar o material encontrado, para estudar a parte interna dos ossos. O estudo revelou características novas para os titanossauros, como anéis de crescimento intercalados com um tecido ósseo mais denso, cujo significado ainda não foi compreendido completamente pelos pesquisadores.
Para que o material ainda tivesse condições de estudo mais de 50 anos depois, o cuidado foi fundamental para preservar os ossos. Eles ficaram em prateleiras de madeira, com temperatura ambiente controlada e a retirada cuidadosa de todos os sedimentos de terra e rocha.
No Brasil, já foram descobertas nove espécies de titanossauros. Antes da descoberta, o maior era o Maxakalisaurus topai, com mais de 13 metros de comprimento.
"Essa espécie entra para o hall das espécies brasileiras e mostra que temos um gigante", destacou Camila Bandeira, aluna do doutorado do Museu Nacional/ UFRJ e que participou da pesquisa.
De acordo com o diretor do Museu de Ciências da Terra, o Brasil ainda pode descobrir parte de seu passado e até espécies que podem rivalizar em tamanho com o dinossauro anunciado nesta quarta (5).
"A região central do Brasil é riquíssima e com certeza possui muitas descobertas a fazer", revelou Diógenes Campos.
O estudo é um esforço conjunto de pesquisadores do Museu de Ciências da Terra, do Museu Nacional/UFRJ, da Petrobras, e da Universidade Federal de Pernambuco. O estudo foi financiado pela Faperj e pelo CNPq.
"A importância é mostrar que levando em consideração as descobertas da Argentina, em algum momento tivemos uma fauna em comum. Isso ajuda a definir quem foi para onde e como a área se desenvolveu até hoje", contou Kellner.
Pesquisadores anunciaram a descoberta do fóssil nesta quarta-feira (5)
Descoberta do fóssil foi anunciada no Museu de Ciências da Terra, na Urca, Zona Sul do Rio
Fóssil foi encontrado em Presidente Prudente, no interior do estado de São Paulo
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